Blast Heart [ji.kook]

2.1| Vigésimo Primeiro E Carta Oito, Nove

Dois meses e meio.

Tudo isso havia se passado desde que o dia que Jimin fora embora e disse que responderia as cartas de Jungkook, mas ele nunca o fez realmente.

E ele já sabia o por quê. Era a única e última dedução ue poderia ter.

Jeon chorava pelos cantos do quartel, todas as noites, escondido, sem que nenhum soldado perceba. Se lamentava sozinho, mergulhado na própria doe da perda, sabia que Jimin provavelmente não estaria mais vivo. Afinal, ele havia feito uma promessa à Jungkook, e se passaram dois meses e meio. O Park foi pra guerra e não iria voltar mais.

"Aceite Jungkook" sussurrava para si mesmo "Nunca tiveram realmente algo sério e não houve tempo o suficiente para existir amo, Jimin desapareceu do mapa e é isto. Siga em frente, não seja um marica".

Mas mesmo repetindo aquilo em sua mente milhares e milhares de vezes durante varias vezes ao dia quando sentia a falta do Park, ele ainda não se consolava o bastante porque sabia que no final da noite ele sentiria a falta dele como se fosse o dia que ele tivesse partido.

Perguntara a Namjoon se tinha alguma notícia dos amigos, mas ele respondeu que não, e provavelmente, não teria tão fácil assim já que as informações eram confidenciais, e por mais que fosse um espião treinado, estava dentro de um disfarce e não era louco.

Foi no meio do terceiro mês que Hoseok o acordou mais cedo que o normal.

— Jungkookie — Balançou os ombros do menino — Venha ver, alguns dos nossos que estão em campo mandaram recados.

Automaticamente, como se uma luz fosse ligada em Jungkook, ele se levantou da cama sem nem mesmo vestir seu uniforme e correu para aonde todos estavam, não se importando se parecia claramente exagerado.

Nesses dois meses, Hoseok havia ganhado o peso necessário e não comia mais por causa do nervosismo. Jungkook havia feito aniversário, e com 17 anos, era o soldado mais novo a ter uma posição tão alta na escala, ficando em segundo, perdendo apenas para Namjoon no ranking.

As cartas dos soldados estavam numa mesa no corredor dos dormitórios, todos os soldados se aglomeravam ali em volta, lendo carta por carta.

Os olhos escuros do Jeon dançaram por todos os nomes e envelopes, ele mesmo foi até a mesa procurar pela carta de Jimin. Os dedos brancos passaram de papel em papel, procurando ansiosamente pela resposta do Park ali no meio, como se a resposta do mais velho fosse um novo beijo que ganharia dele.

Mas, nenhuma daquelas cartas era de Jimin, muito menos dedicada à Jungkook. O Park não escreveu cartas? Estaria ele certo em deduzir a morte de Jimin?

Estava quebrado por dentro ao perceber que haviam grandes chances de suas intuições estarem certas. E numa tentativa de não demonstrar isso aos demais colegas, ele agarrou a carta de Taehyung, a letra arrastada e bem feita foi logo lida às pressas pelo Jeon:

Caros colegas,

Nada aqui parece fácil ultimamente, como está ai?
Os dormitórios aqui não são tão limpos e nós não temos tempo nenhum, nem mesmo de tomar banho alguns dias. Já fiquei em campo por cinco dias seguidos e me senti um lixo.

Tivemos muitas baixas, principalmente nos primeiros dias, porque não estavamos acostumados. Muita gente morreu aqui, foi horrível de ver, minhas mãos ficam manchadas de sangue. Encarei grandes amigos morrerem na minha frente. Seokjin está tendo um grande trabalho com curativos e remédios.

Tenho saudade daí, quando tudo era mais fácil. Espero voltar logo para casa.

- Kim T.

Ao terminar de ler, Jungkook deixou a carta sobre a mesa e voltou ao dormitório sem expressar qualquer sentimentos em seus olhos antes inocentes.

"Tivemos muitas baixas" "Vi amigos morrerem na minha frente" foi o que o Kim escrevera. E foi inevitável imaginar Jimin rodeado de sangue com os olhos sem vida. Tinha certeza que se Jimin estivesse vivo, responderia suas cartas ou pelo menos, mandaria uma carta ao quartel.

Jungkook pegou sua caneta e um papel, escrevendo uma nova e pequena carta.

Querido Jimin,

Amo você.

- Jk.

xXx

Ao longo dos seguintes cinco meses, Jungkook tentou se comprometer em esquecer o Park e aceitar que este nunca voltaria. Mas ele simplesmente não conseguia.

E ao longo daqueles próximos cinco meses, Park Jimin nunca o respondeu. E como poderia? Estava morto.

Sem Jimin, o tempo passava tão devagar, que cada segundo era sufocante. Esperando o momento da volta do Park ou da chegada de sua resposta, mas a espera era interminável e ele já havia aceitado que esse momento nunca chegaria.

Mas ao mesmo tempo, tudo passava tão rápido... Parecia preso num único fio de esperança, mesmo que fosse só surreal a ponto de fazer ele próprio rir de si mesmo. Aliás, já haviam se passado oito meses desde que Jimin tinha ido embora. Jungkook só tinha piscado!

Aos poucos, Jeon cogitava aceitar que tudo estava acabado, afinal, o treinamento voltava a se mostrar árduo mais uma vez. Mas sempre que pensava nessa possibilidade, se culpava imensamente por tentar quebrar a promessa. Em todas essas vezes, apertava com força o colar de Jimin preso em seu pescoço, ultimamente, a única lembrança que possuía dele.

Sentia falta das risadas, do coração indeciso, dos olhos que fechavam quando sorria e do modo como o deixava nervoso. Por que tudo tinha que ter sido tão rápido e precário a ponto de deixar Jungkook tão necessitado por mais?

Foi depois de oito meses, com um ultimo fio de esperança, que Jungkook prometeu a si mesmo escrever uma ultima carta (que enganaria  si mesmo ser a última)

Querido Jimin,

Sempre me culpo ao pensar em tentar aceitar sua morte e seguir em frente porque assim, sinto que estaria esquecendo de tudo que você me disse quando estava aqui.

Eu juro que apenas queria sentir mais uma vez seu beijo, que a esta altura, se tornou um borrão de memória. E sentir teu abraço quente, como quando você me ensinou a dançar.

Você também sentiu minha falta aí de cima? Está me vigiando? Sabe, não gosto de imaginar como você tenha morrido, é muito desgastante.

Juro que não contei a ninguém sobre nós, e nunca contarei. Mas e você? Estou curioso... Deus deixou você entrar no reino dele sendo um homossexual como dizem? Adoraria que me contasse como é o céu, ou o inferno. De qualquer forma, adoraria ver você me contar qualquer coisa

- De seu Jungkook

xXx
E ai, estão gostando?
O que vocês acham que aconteceu?