142 ♦ PASSEATA NOTURNA

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Wagner se viu caminhando no meio de milhares de passantes.

— Só pode ser uma coisa: deu errado! — Gritou para si mesmo, em pensamento, e logo se deu conta de que os milhares de passantes tinham escutado e prestado atenção no que fora proferido.

Repentinamente, o magrelo homem de pele clara se tornou como todos aqueles outros: não dizia mais uma palavra, evitava sentir ou pensar. Seguia o fluxo compassado na direção em frente. Sempre que parecia surgir qualquer sentimento, fazia questão de afastá-lo, visto o medo daqueles olhares outra vez.

Foi impossível evitar. Os sentimentos voltaram.

— Eu corri daquele homem louco, como posso estar aqui? É o fim, não é?

Os olhares voltaram.

Dessa vez não eram tão julgadores. Alguns, como o de uma velhinha simpática, eram extremamente reconfortantes. Traziam o carinho de quem aceitara a provável condição com a maior naturalidade, mas ao mesmo tempo abria os braços para aqueles que acabavam de chegar.

Outro questionamento surgiu.

— Se eu morri e ele conseguiu me pegar, como isso aconteceu?

Mais olhares. Nenhuma resposta.

— Eu estava escondido. Ele nunca me acharia.

Lá da frente, um rapaz da idade de Wagner fitava-o com olhos que diziam: "você esqueceu de trancar a porta".

E então o homem voltava para o estado pós-inicial. Sem vontade alguma de parar de andar em frente e sem mais sentimentos relevantes. Era o fim, fora pego por quem o perseguia e não havia resistido.

Depois de dois segundos, acordou do sonho terrível.

Respirando fundo, com gotas de suor por todo o corpo, acendeu o abajur e tratou de se acalmar. Sua paranoia de estar sendo seguido causava esses pesadelos terríveis, e para a sua alegria, lembrava de ter deixado a porta muito bem trancada. Virou para o copo d'água que o aguardava todas as noites na cômoda.

Uma mão, vinda debaixo da cama, se preparava para puxar a cordinha do abajur. 

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