54 ♦ SONO DA MORTE

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Dedicado a uma leitora fiel, que por sua persistência no mundo louco dos 250 contos, necessita de boas e intrigantes histórias. 

 

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— Não existe essa palhaçada de sono da morte, e eu acho bom você parar de falar sobre essas coisas. Vão começar a te achar um lunático, Rick.

SPRING FALLS.

— E eu lá sou um lunático?

1984.

— Vamos para casa. Amanhã a gente se vê. E para com essa palhaçada de sono da morte, joga esse livro fora e reza pra sua mãe não ver nada.

— Tchau Bob!

Os dois fizeram o cumprimento rotineiro, depois, cada um montou em sua bicicleta e saiu. Rick esperou mais um pouco, para certificar que Bob não olhara para o pesado livro que insistia em carregar na cesta. Quando o amigo já não era visível, pedalou irregularmente para sua humilde casa no bairro.

Ao chegar, a irmã assistia uns clipes da Madonna, enquanto a mãe fazia algo na cozinha.

— Rick? — a voz matriarcal parecia um sensor de presença.

— Estou bem, mãe, vou lá para cima tomar um banho.

— Tudo bem, bebê.

Não precisou nem dar as caras, trancou-se no quarto e abriu o antigo livro que achara perdido pelo lixo. Com instruções em diversas línguas, o inglês estava presente no capítulo central e mais interessante: o sono da morte. A oportunidade de falar com aqueles que já se foram, e voltar!

Leu as instruções. Deitou como um defundo, gritou SONO DA MORTE por três vezes.

Apagou.

"Será que deu certo, só vejo escuridão? Talvez Bob tenha razão."

Abriu os olhos.

Seu corpo já não pertencia, todos choravam em volta. Tadinho do menino, fora tão cedo e não há mais medo. 

250 contosWhere stories live. Discover now