67 ♦ DA VEZ QUE O TEMPO DEVERIA PARAR

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Este conto é uma continuação do conto de número 62, "Da história da brecha". Talvez seja uma boa ideia voltar lá para relembrar. 

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Agora já sei de tudo. Me considero mais informado que ontem e menos sabido que amanhã. Claire, no meu entendimento, não está em algum lugar extraordinário. Está no mesmo lugar que eu. Aliás, ela só está um pouco distante de mim. Talvez por alguns meses, minha mente perturbada não conseguiu fazer as contas direito.

No dia de ontem, recebi essa carta:

"Não posso escrever muito, eles vão perceber. De uma forma ou de outra, vamos nos encontrar.

- 1913"

Quando eu li esse escrito, eu entendi tudo. E quis correr, e quis gritar.

— Seus desgraçados. Desalmados!

E então tive de rir de minha reação. Era perfeitamente óbvio que eles eram desalmados. Só para entender melhor o que vivemos, eu e Claire éramos um casal excepcional. Nosso relacionamento quase atingia a perfeição, e quando digo isso, não excluo as brigas ou problemas.

Dentro do quase, um detalhe tornava a almejada perfeição impossível: nossos dias eram cercados de morbidez. As pessoas ao nosso redor pareciam travar uma batalha contra a morte, e quase sempre sucumbiam. Escapávamos por um triz de situações inacreditáveis. Começávamos a achar que nossa vida pertencia aos filmes da franquia premonição.

E quando não houve mais forma de escapar, quando ela olhou com os olhos outrora cintilantes e agora bem tristes, sucumbimos juntos ao desejo de um mundo estranhamente inóspito para esse casal. Agora, perdidos em algum lugar entre a morte e a vida, lidamos com seres que parecem ter a diversão garantida no nosso pesar.

Isso acabará. Tenho um plano. 

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