The First Contact

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O Primeiro Contato

Jongin se sentia completamente ridículo desde que pusera os pés naquela enorme mansão. Aquele lugar remetia à casa em que passara toda sua vida, até seus quinze anos, quando fora chutado de lá junto com seus irmãos mais velhos.

Teve que aprender a ser homem enquanto ainda era apenas um garotinho assustado. Teve que aprender a ser forte e responsável para proteger seus dois irmãos ômegas — consequentemente mais frágeis —, de todo o mal que puseram em seus caminhos.

Amadureceu muito cedo cognitiva e emocionalmente e, acreditem, ele não dizia isso com uma ponta de orgulho. Quantas vezes desejou ser mais despreocupado com as coisas, mais solto, que não pensasse tantos nas coisas, enfim, vivesse mais a sua juventude. Mas não podia abaixar a guarda enquanto as coisas estivessem ruins em sua casa. Seu pai era bem rígido, conversava muito pouco e odiava ser contrariado, seus filhos não podiam fazer amizades e muito menos receberem "estranhos" em casa. Era um alfa lúpus que trabalha em uma grande empresa que fabricava jóias, um grande e bem sucessido executivo, mas um péssimo pai, um alcoólatra que fizera os filhos terem uma infância difícil. Sua omma tambem não ficava muito atrás, sempre fora ruim com as crianças assim como o marido, na maior parte do tempo eles só se importavam com Jongin e esqueciam que tinham mais dos filhos.

Com o passar dos anos, quando Jongin começou a crescer e se declarar um alfa forte e dando indícios de que seria um lúpus assim como seu pai, o garoto começou a perceber como o tratamento com ele era completamente diferente dos irmãos. Junmyeon vivia praticamente trancafiado dentro do quarto e sempre que saia — que seja por cinco minutos —, sempre voltava correndo e com lágrimas rolando de seus olhinhos novamente para os seus aposentos. O mais novo começou a reparar em quanto Minseok parecia transtornado e em como os gritos que o filho do meio dava transbordava odio contra os seus pais. Jongin passou a não suportar mais viver naquela casa vendo seu irmão daquela forma, tão triste, sofrendo apenas por ser um pouco diferente, por fugir da anatomia comum dos ômegas. 

Aos doze anos ele havia percebido que estava na hora de agir como um alfa de verdade. Diferentemente do que seus pais falavam, Jongin achava que alfas haviam nascido para protegerem e amarem os seus ômegas, não importam se eram os seus filhos, irmãos, amigos ou o seu próprio companheiro. Eles eram serem geneticamente mais frágeis, precisavam da proteção daqueles que os amavam. A sociedade julgava ômegas como seres inúteis, que só serviam para dar filhotes aos seus alfas e cuidarem de seus lares — era exatamente esse o pensamento de seus pais. Se alfas se atraíam por ômegas por conta de seus aromas, para que Junmyeon servia então? Um ômega sem cheiro era considerado inútil. E desde que decobriram esse pequeno detalhe, o garoto fora tratado como uma aberração dentro de seu próprio lar por aqueles que deveriam lhe proteger e lhe darem amor. Mas, se seus pais não faziam isso, Jongin e Minseok faziam por eles.

O alfa começou a passar mais tempo com os irmãos, tentando deixá-los animados de qualquer forma e sempre protegendo-os quando era preciso. Foi nessa época que Jongin descobrira sua paixão pelas artes, era deveras talentoso. Desenhava lindamente, revelava uma graciosidade prodigiosa e dançava com uma graciosidade invejável. Gostava de pintar os seus irmãos quando estava com eles, era bom para passar o tempo e a beleza indiscritível de ambos davam belos quadros. Começou a fazer aulas de balé depois da escola, em pouco tempo já era o melhor da turma. Sempre mentia para os pais dizem que estava nos treinos de basquete e, quando a verdade fora descoberta, praticamente fora expulso de casa.

Para seu progenitor, era um absurdo que o alfa gostasse de coisas consideradas de ômegas. Alfas — principalmente lúpus —, nasceram para governar a sociedade e serem completamente másculos. Quando Namoo — pais dos garotos —, descobrira dos gostos pessoais de seu filho, tratou de lhe dar uma surra tão grande, que o deixou hospitalizado por vários dias, Jongin havia fraturado três costelas e teve uma das pernas quebradas. Seu pai havia lhe quebrado a perna com as próprias mãos, pois ninguém pode dançar com uma perna quebrada. Poxa! Ele era apenas um garoto, e havia se curado rapido demais por conta da sua genética lupina, certeza que se fosse um dos seus irmãos, não haveriam escapado da morte. Depois daquele dia, ele passou a ser tratado como uma aberração em casa.

Prision [Em Edição]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora