— Já deviam ter feito isso, então. — devolvo, ainda lhe encarando. Tenho medo de que eles realmente o façam, mas não posso deixar transparecer. Mas entre morrer e colocar Zayn e os meus amigos em perigo, prefiro a primeira opção.

Kate dá novamente seu sorriso superior, aproximando-se de mim e apertando um botão na tela de seu tablet. Sei o que significa antes mesmo das ondas de choques que saem das correntes em volta dos meus membros e pescoço me atingirem. Era uma dor alucinante mas já a provei tantas vezes que meu ódio por Kate é maior do que ela. Mas mesmo assim, meu corpo ainda responde e rango os dentes, vendo seu sorriso satisfeito.

— Você teve sua chance. — ela relembra, saindo da minha cela e enquanto sua figura some do meu campo de visão, deixo as lágrimas caírem silenciosamente.

Porque sei que dessa vez não é um blefe. Meu tempo esgotou e morrerei à qualquer momento, sem ver Zayn pessoalmente novamente - pois dos meus pensamentos ele não saiu um segundo sequer.

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O barulho de celas abrindo me faz abrir os olhos. É o barulho que a porta faz quando é aberta, não tenho dúvidas. Olho em direção à porta da minha e confirmo quando a mesma se abre totalmente.

Segundos depois, as correntes em volta do meu corpo cedeu, caindo aos meus pés. Minha hora chegou, penso, esperando os guardas entrarem e me levarem.

Mas ao invés deles, um homem com barba surge em meu campo de visão. Suas roupas, brancas como a minha, e expressão assustada me dão a dica antes que ele fale.

— Precisamos ir, garoto. — Ele fala, apressado, e me puxando pelo braço. Mas estou assustado demais para responder.

Porque o conheço. É Andrew, amigo dos meus pais.

— Andrew? — minha voz sai em um sussurro.

— Sou eu, garoto. — ele sorri, apesar da pressa. Seu rosto possui as mesmas marcas e um código abaixo do maxilar, similar ao meu, mas é ele. — Não tinha certeza se era mesmo você, mas...

— Como você ainda está vivo? — pergunto. Perdi todos que conhecia na nossa fuga, há anos.

— Da mesma forma que você. — ele responde e é um início. Afinal, também achei que não escaparia.

A breve resposta me dá forças para correr ao seu lado e nos misturarmos ao caos de pessoas tentando fugir. Uma queda de energia deve ter atingido o sistema e logo os guardas prontificam-se para tentar impedir nossa fuga. Eles atiram contra as pessoas e fugimos do pandemônio de tiros e gritos.

Vou revê-lo, vou reencontrar Zayn; a felicidade toma conta de mim mesmo em meio a confusão e isso me impulsa a continuar. Tanto quanto a raiva ao encontrar Kate ali, dando ordens. Seus olhos também me encontram e agora o sorriso convencido não está mais sobre seus lábios, mas sim o medo. Ela prepare-se para correr mas não vai muito longe e a derrubo segundos depois.

Ela começa a gritar para que eu a solte, mas eles logo tornam-se súplicas de piedade quando quebro suas mãos, o som dos ossos estilhaçando atingindo meus ouvidos.

— Solte-a! — dois guardas gritam e ao olhá-los, vejo as armas em minha direção. Mas eles caem atingidos por Andrew antes que tenham a chance de atirar em mim.

— Liam, por favor... — Kate implora, os olhos marejados de dor, mas apenas sorrio.

— Você teve sua chance. — replico suas palavras e pego uma arma caída ali perto, mirando sobre sua têmpora. Mas antes que possa atirar, Andrew me puxa.

— Liam, vamos, eles estão aumentando; precisamos ir. — grita, enquanto me arrasta dali e ainda tento atirar contra Kate, mas ela é mais rápida em desviar e sumir do meu campo de visão, arrastando-se para a coluna lateral, que cobre seu corpo.

DELIRIA NERVOSA [• ziam] [✓]Where stories live. Discover now