O Primeiro Ritual

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- E essa energia se afeiçoa ao sacrificante. Uma vez que você mate alguém, carrega essa marca com você para o resto da vida. - Polidoro lembrou - Temos um assassino entre nós e, sem dúvida alguma, um extremamente habilidoso.

O silêncio parou sobre a sala. Eu pude sentir todos os olhos pesarem sobre Mateus. Ele era o novato ali e isso o tornava o único de quem poderíamos desconfiar. Klaus permaneceu me olhando, muito intuitivo, mais até que eu, ele sabia que Mateus não tinha nada com aquilo e eu sabia disso, porque eu sabia que Mateus não tinha nada com aquilo.

- Polidoro. - Eu quebrei o silêncio - Você sabe como me livro dessa tempestade? E você está proibido de mentir.

- Sei. - Ele respondeu relutante - Embora não fosse necessário me proibir de mentir.

- Eu não confio em você. - Dei de ombros.

- Garoto esperto! - Ele sorriu sínico.

- Como eu acabo com isso? - Eu perguntei.

- Acabar? - Ele gargalhou - Você não pode desfazer a tempestade... Isso não é só magia negra, é magia antiga e muito poderosa... Quase fora de controle.

- Pare de enrolar. - Eu me irritei - O que eu tenho que fazer?

- Bom... - Ele respondeu com superioridade - Você parou a tempestade porque a absorveu, de outra forma teria sido impossível, há não ser talvez que você fosse o seu pai...

- Eu superei meu pai! - Eu respondi irritado.

- Em força, não em conhecimento. - Ele respondeu - Continuando... Absorver a tempestade com o seu corpo sobrecarregou a sua mente. O que o Klaus fez? Limitou a área aonde o feitiço deveria agir...

- Minhas mãos. - Eu assenti.

- Provavelmente a dor está muito pior. - Ele continuou - Porque a magia ficou mais concentrada. Você não pode pará-la, mas contê-la.

- Isso é fácil. - Dei de ombros.

- Não tão rápido, garoto. - Ele riu - Como eu disse, essa magia é muito poderosa e pode romper facilmente um receptáculo. Esse receptáculo precisa ser forjado com sangue...

- Você diz matar alguém? - Alice perguntou.

- Não. - Ele respondeu - Seria mais eficaz um receptáculo feito com o sangue de alguém que ame o Theodoro.

- Todos nós o amamos. - Klaus se apressou em dizer.

- Não, loirinho... - Ele respondeu - Eu digo um amor que vai além de amizade... O que por sorte podemos achar aqui mesmo...

- Porque? - Eu perguntei irritado - Se isso for mais um de seus jogui...

- Não é! - Ele me cortou - O receptáculo precisa ser criado ao redor da magia, enquanto ela estiver saindo de você... Seu sangue está "manchado" pela magia, não serve e se a pessoa escolhida não tiver uma ligação muito forte com você, não vai funcionar!

- Nós somos quase irmãos. - Javier falou.

- Amor. - Ele deu de ombros - Ou não vai dar certo.

- Que seja! - Eu respondi irritado.

- Então Klaus e Mateus... - Ele disse com um sorriso sínico, como quem se divertia com aquilo - Qual dos dois oferece o sangue?

- Eu vou... - Klaus respondeu - Conheço ele há mais tempo... Consegui trazer ele de volta agora a pouco.

Polidoro havia nos instruído sobre o que fazer, mas dependia de nós dois fazer dar certo, qualquer envolvimento dele poderia por tudo a perder. Ambos ficamos de pé, de frente um para o outro. Klaus que agora estava com um rasgo fundo em cada uma das mãos segurava com força as minhas.

Filhos da Tormenta - Aquele Verão [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora