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Não sei nem dizer onde estou quando abro meus olhos.

Minha cabeça está pesada e a luz que entra pela cortina entreaberta me cega momentaneamente. Acho que dormi demais. Olho para o criado-mudo e o relógio marca 11h56min. Meu Deus! Eu realmente dormi demais.

Levanto-me da cama de um salto e vou à procura de minhas roupas. É um novo dia e eu preciso resolver minha vida o quanto antes. Quando me olho ao espelho, pareço um pedaço de gente e não aquela garota de alguns dias atrás, determinada a atingir a madrasta de qualquer forma. Bem, ninguém podia dizer que meu objetivo não foi alcançado, não é?

Encontro Lean preparando algo para comer e novamente me sinto mal por estar aqui, incomodando-o, mas ele parece feliz com minha presença e temos um almoço bastante agradável. Ofereço-me para pelo menos lavar a louça enquanto ele vai trocar de roupas para me levar até minha casa.

Já no carro, sinto meu coração acelerar... as palavras de Jayden sobre meu pai estar traindo Nelly ecoam em minha mente e eu fico pensando se ele não fazia o mesmo com minha mãe. Tudo o que aconteceu me fez ver que eu jamais conheci as pessoas ao meu redor.

— Preparada? — Lean me desperta do meu devaneio e eu meneio a cabeça positivamente.

A casa não está mais cercada com as faixas amarelas, o lixo já foi retirado e tudo parece normal, exceto pelo fato de que eu sei o que aquelas paredes presenciaram. Toco a campainha e fico aguardando, meu pai está em casa, pois seu carro está estacionado no quintal.

Aguardamos alguns minutos até que ele vem nos atender. Assim que abre a porta, seus olhos se arregalam e antes que eu tenha a chance de dizer qualquer coisa, recebo um tapa no rosto. Lean se precipita para o meu lado a fim de me defender, mas eu faço um gesto com a mão para impedi-lo. Isso é entre eu e meu pai.

— Não sei por que fez isso e nem quero saber, só vim pegar minhas coisas.

— Vai embora daqui — ele range os dentes ao falar.

— Por quê? Essa casa também é minha e eu vou entrar aqui quando eu quiser! — exaspero. Não vou aguentar ele me tratando como se eu fosse uma criminosa.

— Não quero que venha aqui, é a minha ordem. O que vai fazer? Me matar também? — ele provoca. Nem parece o mesmo homem que chamei de pai durante toda a vida. Sinto um cheiro de bebida emanando dele e isso parece justificar um pouco as suas atitudes.

Dou-lhe um empurrão sem responder nada e entro. Lean vem logo atrás de mim e fica encarando o meu pai enquanto subo as escadas. Nenhum dos dois me segue e tudo o que consigo fazer ao chegar ao meu quarto é chorar de novo. É tão difícil ser julgada por algo que não fiz. Pego uma mochila e começo a enfiar algumas roupas dentro dela. Terei que arranjar algum lugar para ficar, pois meu pai parece irredutível e eu não estou disposta a aguentá-lo.

Assim que reúno tudo e fecho o zíper, passo a procurar meu celular. Ele não está em nenhum lugar aparente... tento puxar na memória quando foi a última vez que o vi e tenho certeza de que foi quando saí correndo para espiar pela janela do quarto de Jayden. Ele pode estar em qualquer lugar! Começo a vasculhar cada centímetro do meu quarto, pois na dúvida é melhor começar por aqui, e suspiro aliviada quando o encontro debaixo da cama completamente sem bateria. Não penso duas vezes para enfiá-lo no bolso da calça, pegar o seu carregador e voltar para as escadas carregando a mochila.

Lean está próximo da porta enquanto meu pai está no sofá, ele se levanta quando invado a sala e me lança seu melhor olhar assassino.

— Já terminou? Agora vá embora e não volte.

O Quarto ao LadoWhere stories live. Discover now