Limpei bruscamente uma lágrima pelas lembranças que me acometiam. Tudo isso ficou no passado e eu só olho e vivo no presente, programando o futuro. Me afastei de Ashley e continuarei assim, pois é o caminho mais seguro para que ela não descubra que jamais devolverei nossa menina. Ela é minha e ninguém vai tirá-la de mim. Nunca. Mato e morro por ela.

      Soube que Ashley voltou para a universidade do pai e está tentando seguir com sua vida que ficou parada por 4 anos. Ainda faz acompanhamento médico e agora usa óculos, pois houve sequelas do coma; sua visão fora afetada. Menos mal, pois poderia ter sido pior. Ela teve muita sorte. 

     Foi minha culpa. Eu não deveria ter confrontado meu pai na frente dela. Ainda não era a hora. O ciúme me cegou e só pensei que ela corresponderia aos sentimentos dele e me tiraria do seu coração. Tive medo e meti os pés pelas mãos. Fui burro e fraco. Era Josh quem deveria estar no lugar dela. Ele diz amá-la, porém a machucou. Eu ia matá-lo assim que saí do hospital, mas meu irmão me impediu. Ele junto com os capangas chamaram a ambulância. Saí totalmente ileso, apenas com alguns arranhões e uma perna quebrada pela força descomunal que fiz para segurar a minha mulher. Eu não a soltei, ela escorreu e bateu a cabeça. Não pude impedir porque minha perna não me obedecia. Minha visão escureceu e tudo que eu via era aquele maldito desesperado... Por ela. Somente por ela.

      Josh tentou convencer os médicos a realizarem um aborto e, enquanto eu estava no hospital, Elijah tomou as devidas providências e lhes entregou a certidão de casamento que meu pai tentou contestar. Com isso ele não tinha autorização alguma para matar minha filha. Por escrito, autorizei que a gestação se seguisse. Esse seria o desejo de Ashley. Ela é meu anjo e jamais me perdoaria se deixasse que fizesse mal ao nosso bebê.

      Esse tempo que passei a evitando, me ocupei em desfazer meu negócio sujo de prostituição. Pelo amor de Deus, tenho uma filha. Quero que ela se sinta orgulhosa de mim. Todas essas mulheres também têm um pai. Conferi o capital investido em títulos e os resgatei. Dividi com as 15 prostitutas e as libertei. Essa atitude não me torna um homem bom. Apenas não... Eu não... Não sei. Elijah e eu nos tornamos sócios de Sean Sullivan na empresa de segurança. Ele e a família se mudaram para Montreal para recomeçarem. Jacky nos apresentou e até disse que estava orgulhosa por me ver fazer a coisa certa. É hilário ver como anda se esforçando para voltar a ser minha amiga, uma vez que tentei novamente dormir com ela. Ela não desisti e eu me divirto porque Derek fica puto. Vivo para isso. Ele será a pessoa que irá me matar um dia. Conto com ele.

     Voltando ao assunto, ainda sou formado em biologia marinha, só não dou mais aulas na universidade e nem voltarei a dar. Quero me manter longe de tudo aquilo e continuar o planejamento da minha vingança. Separei uns 500 mil para a poupança da minha filha. Dinheiro limpo do meu trabalho. Me livrei de milhões de dólares de dinheiro sujo de prostituição doando para caridades e dividindo entre elas que garantiriam uma vida digna por muitos anos. É justo.

     — Papai.

     Me virei imediatamente para a porta ao ver minha pequena em seu pijama de ursinhos, cachos loiros encaracolados soltos e chinelo de espuma coçando os olhinhos. Bati na cama e ela veio como sempre de bom grado olhando desconfiada para Amélie que revirou os olhos e se virou para o outro lado. Ajudei minha filha a subir na cama box alta e beijei seus cabelos. Meus sorrisos são todos dela. Verifiquei as horas no meu celular é beijei suas bochechas gordinhas.

       — Por que acordou às 5 da manhã, florzinha?

       — Pesadelo. Alguém me chamava muito alto e eu não sabia.

        — O papai vai cuidar de você — A aconcheguei em meus braços debaixo do edredon. Era inverno e o frio castigava. 

       Adormeci junto com ela. 

AMOR ÀS AVESSAS - SPIN-OFF DE PAIXÃO POSSESSIVA - LIVRO 4 - FAMÍLIA WINSORWhere stories live. Discover now