Bônus - Blame Me

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Sentada no banco de trás, baby estacione ou dirija
Respirando os machucados apenas para me manter viva
Terremoto, corpo balança, a piada é toda sobre mim
Eu me lembro quando, eu me lembro do tempo
Não tem que tomar apenas para se sentir vivo
Olhos preto, cabeça para trás, a piada é toda sobre mim

Culpe toda sua vida em mim
Culpe toda sua vida em mim
Eu dou tudo de graça
Culpe toda sua vida em mim

Toda em mim, em mim
Me bata com o vento de novo
Me bata com o vento, eu sei
Eu perdi um amigo de novo
Eu perdi um amigo, eu sei como a história continua

Você culpa toda sua vida em mim
Você culpa toda sua vida em mim
Porque dou tudo de graça
Então culpe toda sua vida em mim
Toda em mim, toda em mim

Ok. Eu ainda não estava tão certa do que estava prestes a fazer, mas aqui estava eu sentada dentro do meu carro, estacionado em uma das vagas do estacionamento do Hospital de Miami. Eu tinha aceitado a pouco mais de um mês a vaga de médica legista responsável pelo necrotério do hospital e sabia muito bem que este era o meu percurso durante os meus dias de plantão.

Quando recebi a proposta pensei na possibilidade de negar e procurar outra coisa, afinal este hospital era o mesmo hospital que a Carol trabalhava e mesmo tendo rolado tudo o que rolou no casamento da Lauren, as coisas não seguiram adiante. Para falar a verdade, a companhia dela ainda me faz querer fugir, mas depois de perceber que o ambiente hospitalar era a minha paixão, decidi que não deixaria o fato dela ser a cirurgiã chefe da pediatria, interferisse na minha escolha. Então aceitei o trabalho e nos dias que se seguiram até aqui, o que aconteceu foram encontros casuais, raramente eu a encontrava e sempre que  acontecia ela estava acompanhada, seja por alguns dos médicos ou por enfermeiros, pacientes. Na maioria das vezes ignorávamos completamente uma a outra.
Miami tinha se tornado o que eu chamo de “novo lar”. Eu tinha me mudado de vez há dois meses. Deixei a minha confortável e estável vida em Londres para viver no pedaço de inferno que era esta cidade, afinal não era a pessoa mais apaixonado pelo calor, não odiava, mas em excesso não dava. Fato é que agora estava aqui. Ocupava o antigo apartamento da Lauren, a fiz vender para mim no instante em que decidi que ele possuía uma das melhores vista para toda Miami, de certa forma levantar e ter aquela vista me fazia sentir em casa. Mais do que isso, agora tinha o que poderia chamar de muitos amigos, está claro que na maioria das vezes sentia vontade de matar qualquer um deles, mas já tinha sido conquistada e a raiva passava no instante em que começava a zoar cada um deles. Entenda “zoar” por xingar.

A única merda disso tudo é que tinha lidado bem com o fato de está trabalhando no mesmo hospital que a ”Dra. Green”, e teria permanecido assim se não tivéssemos tido aquela “recaída” no casamento da Lauren. Eu não quero nem pensar no que aconteceria se a empata foda da Dinah não tivesse aparecido. Na verdade, não paro de pensar, não consegui tirar da cabeça que eu teria algo quente em um estacionamento e com ela.

Desde que tínhamos estado juntas naquele estacionamento não trocamos sequer uma palavra. Eu confesso que está com ela daquela forma reacendeu algumas coisas que imaginei nem existirem mais. Mas não poderia me deixar ceder às minhas vontades. Eu nunca a deixei e nunca a deixaria, mas ela fez isso, por isso optei por esperar e se ela realmente quisesse se redimir ou se tivesse realmente a porra de um motivo iria me procurar. Mas não. Quase uma semana se passou e nada.

Soltei um riso amargo e suspirei colocando a mão no volante.

- Tia Lili? – derepente a voz da minha princesinha me despertou, me fazendo lembrar que não estava sozinha.

The other side of the doorOnde histórias criam vida. Descubra agora