The Other Side Of The Door

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Eu e meu orgulho estúpido, sentados aqui sozinhos
Passando pelas fotografias, encarando o telefone
Eu continuo repensando as coisas que ambos falamos
E eu lembro da porta batendo
E todas as coisas que interpretei mal
Então querido, se você sabe tudo
Me diga porque não conseguiu ver
Quando eu fui embora, eu queria que você fosse atrás de mim yeah

Eu disse saia, mas tudo o que eu queria na verdade é você
Pra ficar fora da minha janela atirando pedrinhas
Gritando "Estou apaixonado por você"
Esperando lá em meio à chuva voltando por mais
E não vá embora, porque eu sei que tudo o que preciso
Está do outro lado da porta

E eu gritarei pra fora da janela,
Eu nem ao menos consigo olhar pra você
Eu não preciso de você, mas eu preciso, eu preciso, eu preciso
Eu direi que não há nada que você possa dizer
Pra fazer ficar bem de novo... Quero dizer...
Quero dizer... o que eu quero dizer é

Olhei para o Big Ben a minha frente, estava anoitecendo e o mesmo me rendeu belíssimas fotos, seja do próprio monumento instalado no Palácio de Westminster, como dos turistas que passavam por aí e demonstravam as melhores reações espontâneas a eles, me rendendo cada belas fotografias.

Os ponteiros do enorme relógio marcavam o tempo. Respirei fundo lembrando o quão cruel o tempo estava sendo. Três meses. Há três meses eu era uma pessoa livre. Livre quer dizer solteira, oficialmente, mas não livre em sua plenitude. Eu me sentia presa ao meu passado e agora “livre” não era exatamente como me sentia. Mesmo percorrendo alguns lugares incríveis nesses três meses, enquanto saia por aí gravando momentos em fotos. Fotografando e fotografando. Procurando motivos para não pirar. Procurando motivos para não me entregar ao que, a cada dia, chamo de fundo de poço, mesmo me sentindo em um.

Eu tinha perdido muitas coisas, tinha perdido a sanidade. Não parava de pensar em diversas maneiras de me fazer esquecer, mesmo que por um segundo, da dor que só crescia e me sufocava. Pois me sentia assim. Sufocada. Eu não tinha derramado uma lágrima desde o dia que soube que Camila queria o divórcio. Eu não me permitia. Eu só ia lá e fazia tudo mecanizado. Tudo no modo automático. Meu único momento espontâneo era quando fotografava.

Mirei mais uma vez o relógio. O tempo jamais foi meu amigo. Eu sempre me perdia e sempre o vivi sem saber para onde ir. Minha vida sempre foi uma grande bagunça de sentimento, nunca consegui lidar com meus medos e inseguranças.

Suspirei antes de levantar e caminhar de volta para o hotel onde estava hospedada, já que tinha alugado meu apartamento. Caminhei sem me dar o trabalho de olhar para as pessoas a minha volta. Não tinha pressa de chegar a lugar algum, mesmo tendo carros e dinheiros para alugar, preferi não usar nenhum dos dois. Eu só ia de um lugar a outro andando.

Quando passei pelo Hall do hotel escutei meu nome ser chamado. Olhei para trás e notei uma figura enorme vindo na minha direção. Seu visual me fez franzir a testa. Seus jeans pretos, botas e blusa preta estavam ok, mas seu sobretudo de oncinha me fez querer rir, me contive. Os óculos me fez não reconhecer seu rosto e seus cabelos estavam enormes e bagunçados, o ser parou a na minha frente e parecia que tinha corrido uma maratona. Ele abriu a boca diversas vezes e quando tirou um pouco do cabelo que cobria a cara, enfim o reconheci.

- Harry! - saudei surpresa.

- Vela... Quer dizer, Lauren. – disse e ignorei o “vela”.

- Por que está correndo? - perguntei.

The other side of the doorWhere stories live. Discover now