Nobody's Perfect

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Quando estou nervosa
Eu tenho essa coisa, sim, eu falo demais
Às vezes eu simplesmente não consigo calar a boca
É como se eu precisasse contar para alguém
Qualquer um que vá escutar
E é aí que eu pareço ferrar com tudo

Sim, eu esqueço as consequências
Por um minuto que eu perco meus sentidos
E no calor do momento
Minha boca se abre
E as palavras começam a fluir

Mas eu nunca quis te machucar
Eu sei que com o tempo vou aprender a
Tratar as pessoas que amo
Como eu quero ser amada
Isso é algo que tenho que aprender

E eu odeio ter te decepcionado
E me sinto tão mal com isso
Eu acho que o carma vai voltar
Porque agora eu sou a única que está sofrendo, é
E eu odeio ter feito você pensar
Que a confiança que tivemos foi quebrada
Então não me diga que você não pode me perdoar
Porque ninguém é perfeito
Não, não, não, não, não, não, não, ninguém é perfeito, não!

- Eu... – ela tentou.

- Eu pensei que só chegaria daqui há uma semana. - tentei.

- Resolvi voltar antes. - disse.

- Por que?

- Eu... – se ajeitou na cadeira, repousou na lateral da cadeira e pousou a cabeça ali. – Eu... Precisava ver meu pai.

- Aconteceu alguma coisa?

- Precisava ter a certeza de que ele não fodeu com a minha vida. - falou amarga.

- Do que está falando?

- Você não me traiu. – falou de forma melancólica e me olhou nos olhos.

- Lauren...

- Eu sei de tudo... Eu me... Me permiti escutar.. Eu... - seus olhos brilhavam pelas lágrimas acumuladas.

- Eu te contei.

- E eu não te ouvi. – ri sem qualquer humor.

- E por que acredita agora?

- Isso realmente importa? – levantou. – Eu sei que não tenho direito de estar aqui. Não depois de tudo que fiz. Eu só... Precisava. Precisei olhar para você depois disso tudo. - suspurou. - Eu tinha que olhar para você; precisava ver o que perdi. – me olhou. – Eu precisava implorar meu perdão.

- Lauren...

- Eu sei. – a cortei. – Eu sei que é tarde, mas me escute está bem? Por favor... – afirmei. – Quero te contar algo. Quero te contar tudo o que passei. – a olhei surpresa. Lauren nunca falava com ninguém sobre sua infância. Ela só sofria na dela.

- Você não tem que fazer isso.

- Eu só preciso... - pediu.

- Está bem.

- Isso o que vê: a prepotência, arrogância, a mulher segura de si é uma farsa. Eu não sou assim, Camila. Nunca fui. Eu me sentia na obrigação de passar essa imagem as pessoas, pois tinha medo de me ferir. Quando  era bem pequena, meu pai era o meu herói. Pode parecer estranho, mas me recordo dele lendo para mim assim como faço com a minha filha. Ele cantava pra mim e me ensinou a tocar a primeira música no piano. Meu pai me comprava instrumentos musicais e me defendia dos monstros que minha mente criava. Ele segurava a minha mão até que eu dormisse. – sentou. – Eu não sei em que momento eu o perdi. Foi tudo acontecendo devagar. Ele foi se afastando. Começou a trabalhar demais e deixou de ser o pai amoroso para ser o pai casca-grossa. Não me incentivava mais, só me cobrava. Ele exigia que eu fosse a melhor. Eu era um Jauregui. Ele passou a me enfiar em quinhentas aulas, aprendi a tocar instrumentos musicais, aprendi a falar quatro línguas diferentes, tive aula de culinária, balé... Em todas essas coisas tinha que ser a melhor e queria ser a melhor, pois queria que meu pai sentisse orgulho de mim. Mesmo que odiasse a maioria dessas coisas. Eu fui lá e fiz. Pensei que fosse tê-lo de volta, Camila. – chorava. – Eu pensei que fosse ter meu herói de volta, mas... Ele nunca voltou.

The other side of the doorWhere stories live. Discover now