A Luz e a Sombra

Capítulo 20 - Salvador

A festa foi um sucesso. As pessoas se divertiram, comeram e beberam à vontade. E o melhor, ganhei de vez a simpatia deste povo. Agora ficará mais fácil concluir o meu trabalho.

– Depois do que aconteceu com dona Elvira aqui em casa precisamos agir mais rápido.

– Ela não vai nos atrapalhar. Não tem forças pra isso – disse Taiana.

– Mas ela incomoda bastante. Se continuar, precisamos provocar o fim dela, mas por enquanto está tudo conforme o planejado. O primeiro pilar já caiu e o segundo está desmoronando, só dona Elvira ainda está firme, mas não por muito tempo – falei percorrendo meu olhar para cada um deles.

Sam tomou a palavra:

– Hoje vou passar o dia com meu amigo Dan. Vou concluir o meu trabalho com ele.

Eu assenti com a cabeça. A cidade inteira estava se rendendo a nossos pés, mas não se dava conta. As pessoas estavam mudando seus hábitos e depois de assassinarem padre Afonso eu percebi que elas fariam qualquer coisa que eu sugerisse ou incitasse.

– Quanto ao assassino de Ester, está tudo certo Dionísio?

– Sim. Como combinei com ele, vou dar um jeito dele sair de lá, se antes a culpa que o fiz sentir não o levar a cabo de sua vida como o pobre Fred e a mãe de Fabiano.

– Ótimo! Agora o que precisamos fazer é nos mostrarmos solidários e preocupados com o bem estar desta cidade. E com isso vamos incutindo neles nossas ideias e eles farão tudo o que quisermos.

Depois que acabamos a reunião eu sai e dei uma volta pela cidade. Passei na casa do pastor Ruben para saber como estavam e constatei que estavam do jeito que eu queria. Ofereci minha ajuda e até consegui deixar uma lágrima rolar pelo meu rosto quando Sofia disse que não estava suportando a ausência da filha.

– Às vezes Deus parece injusto não é mesmo? Mas sabemos que não, Ele sabe de todas as coisas, poderia evitar muitas tragédias, mas tudo tem um propósito, só não conseguimos enxergar no momento de dor, não é mesmo? – falei tentando passar muita convicção, mas o que eu queria mesmo era falar o que eu realmente achava: que Deus não estava nem aí para a dor dela.

A cidade parecia morta e a chuva que começou a cair pela manhã afastou as pessoas das ruas.