Capítulo 4 - Dionísio

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– Boa tarde! Padre Afonso está tomando banho.

– Eu vim falar com você mesmo Salvador, disse dona Elvira olhando–o de cima a baixo. – Encontrei uma casa pra você. Pode me acompanhar agora? – Indagou dando meia volta.

– Claro que sim. É muita gentileza sua. Só um minuto. Vou vestir uma roupa mais adequada. – Ele estava usando uma bermuda jeans e camiseta regata.

– Eu espero – respondeu sem olhar pra trás.

Enquanto se trocava disse para Samuel:

– Vou olhar uma casa com dona Elvira. Volto logo.

– Tudo bem. Eu direi ao padre.

Dona Elvira estava conversando com uma senhora de uns sessenta e poucos anos quando Salvador retornou.

– Pode passar no supermercado segunda–feira que eu vou ajudar a senhora.

– Obrigada.

– Vejo que é muito generosa...

– Vamos – interrompeu–o sem cerimônia. – Preciso voltar logo para casa.

Após olhar cada cômodo da casa, Salvador foi para a varanda dos fundos, contemplou um pequeno jardim malcuidado.

– Não dá pra mim. É ótima, bem localizada, mas só tem dois quartos.

– Achei que fosse ideal. Um para você, outro para o garoto.

Ele sentou–se na mureta da varanda, jogou uma perna sobre a outra e olhou para dona Elvira que estava confusa.

– Há uma coisa que ainda não falei pra senhora. Não somos só eu e Sam. Ainda vão chegar Dionísio e Nátila.

Ela franziu a testa e não conseguiu processar seus pensamentos imediatamente.

– Pois é, continuou ele – Dionísio e Nátila são irmãos. Ele tem 19 anos e ela 14. Ele chegará hoje, ela talvez no meio da semana. Eles estão na casa de um grande amigo meu lá em São Paulo.

– São seus sobrinhos? – Foi a única coisa que dona Elvira conseguiu perguntar no momento, tamanha a sua frustração. Seu plano de tirá–lo da casa do padre Afonso havia falhado.

– Não. A mãe deles morreu ao dar a luz Nátila. Então eu os adotei. Os parentes não teriam condições financeiras para cuidar deles.

Dona Elvira ficou impressionada, mas tentou não demonstrar.

– Bem, então vamos embora, não temos nada a fazer aqui – disse aproximando–se da porta.

– Espere! – Pediu segurando levemente o braço dela. Dona Elvira se virou e apenas com o olhar pediu que a soltasse. – Desculpe–me! Eu quero lhe agradecer por sua ajuda, por sua preocupação comigo. Sei o quanto é ocupada, mas mesmo assim ainda encontra tempo para ajudar as pessoas. Sinto muito que a casa não nos serve, mas não se preocupe, estamos bem na casa de padre Afonso.

– Não precisa me agradecer por nada. Eu só estou tentando ajudar.

– Eu sei, mas também sei que não me quer na casa do padre. Só não entendo o motivo.

Dona Elvira fitou–o com a expressão carrancuda, coisa incomum de se ver. Afastou–se dele e disse olhando por cima do ombro:

– Pra dizer a verdade não quero mesmo.

Quando ela abriu o portão da frente da casa, Salvador segurou seu braço mais uma vez:

– Você é uma mulher muito atraente, sabia?

A Luz e a SombraWhere stories live. Discover now