Capítulo 13 - Desconfiança

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– Estou péssimo! Vai me deixar viajar sem ao menos me dar um abraço Sofia?

Ela enxugou as mãos no pano de prato e abriu a geladeira para pegar algumas verduras.

Pastor Ruben encostou-se na bancada da pia e passou as mãos nos cabelos.

– Pare com isso meu amor! Você sabe que eu amo você e não...

– Eu vi como você ficou ontem perto dela. Toda vez que ela chegava perto tinha que colocar a mão em você?

– O que você queria que eu fizesse?

– Que tirasse as mãos dela. Que não desse confiança. Mas você se derretia todo.

Pastor Ruben segurou em seu queixo com delicadeza.

– Olha pra mim. – Ela fitou-o sem graça. – Taiana só estava sendo gentil conosco por tudo o que fizemos por ela. Não vou negar que ela é insinuante, que é bonita, cheirosa...

– O que mais? Gostosa? – interrompeu dando-lhe as costas. – Não quero mais falar sobre esse assunto.

– É horrível viajar assim. Mas tudo bem. Amanhã quando eu voltar a gente conversa.

– Você tem mesmo que ir?

– Não posso deixar meu irmão na mão num momento como este. Agora a coisa está pior. Acho que ele está usando drogas. Já não bastava a cachaça? Foi o que um vizinho dele falou quando me ligou.

– Ah! Meu Deus! Por que não me contou?

– Pra não te preocupar. Vou conversar com ele e ver o que posso fazer. Ore por mim.

Sofia o abraçou reticente desejando-lhe boa viagem. Quis beijá-lo, mas seu orgulho a impediu.

Ele se despediu de todos um por um como sempre fazia quando ia viajar. Dava um abraço apertado e um beijo na testa.

– Quer que eu vá com você pai?

– Não precisa Calebe. Quero que me faça um favor. Vá até o salão da igreja e pegue uma cesta básica daquelas e leve para dona Santa.

– Pode deixar comigo, pai.

Dan não retribuiu o abraço e saiu para o quarto.

– Esse menino está indo longe demais! Qualquer dia vou perder a paciência.

Ester correu atrás de Dan e o puxou pela camisa.

– Papai tá bravo com você. Abraça ele.

Dan olhou assustado para sua irmã. Não disse nada. Voltou até seu pai e lhe deu um forte abraço.

Sofia assistia a tudo encostada na porta da cozinha. Sentia-se triste por todo aquele sentimento de desconfiança que lhe afligia o coração. Olhava para seu marido e não conseguia imaginá-lo com outra mulher. Amava-o muito e tinha certeza que era amada, mas depois da festa na casa de Salvador, estava se sentindo ameaçada. A relação dos dois ficou turbulenta por causa de Taiana. Ela confiava nele, mas aquela mulher era bonita demais e isso a incomodava.

Ester deu um abraço demorado em seu pai e beijou-lhe o pescoço. Ele afagou os cabelos dela e beijou-lhe não só a testa, mas também as faces. E se ele soubesse o que estava prestes a acontecer teria demorado mais no abraço e teria dado mais beijos, mas quem pode imaginar o que está por vir?

– Vá com Deus tio! – disse Séfora após o abraço.

Pastor Ruben olhou para Sofia e fez menção de ir até ela, mas resistiu e saiu deixando um sorriso no ar. Minutos depois ela receberia a ligação que a levaria a um calvário de dor e que nunca deveria ter acontecido.

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