Capítulo 6 - O melhor lugar do mundo: seu colo.

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Uma forte chuva começou a cair à tarde de segunda-feira. Juliano diminuiu a velocidade do carro, pois a visibilidade estava péssima. Dona Carmem estava no banco de trás ao lado de Fabiano. As lágrimas insistiam em escorrer pelo seu rosto marcado pela dor. Ela passava as mãos tentando contê-las, mas parecia que elas aumentavam ainda mais. O garoto dormia preso ao cinto de segurança e apoiava sua cabeça nos ombros da mãe.

Juliano não conseguia parar de pensar nas palavras do médico. "A jornada de Fabiano chegou ao fim." Nem fez a quimioterapia. Disse que só iria aumentar o sofrimento dele. Desde aquele momento Juliano não conseguiu mais sorrir. Olhava para dona Carmem e o coração cortava de pena. O que seria daquela pobre mulher sem o seu único filho? Ficaria sozinha no mundo. Sem marido, sem irmãos, sem filhos... Ele passou desajeitado uma mão pelo rosto impedindo as lágrimas de rolarem.

– Será que está chovendo assim em Girassóis?

Ele não notou a pergunta. Estava perdido em seus pensamentos. Ela repetiu a pergunta percebendo que ele não tinha escutado.

– Não sei... É... Ah! Com certeza sim dona Carmem.

Ela alisou os cabelos de Fabiano, depois olhou pela janela e contemplou a chuva.

– Estou apavorada. Não sei como vou sobreviver sem ele.

Juliano olhou de relance para ela e depois continuou atento ao volante.

– Não sei o que dizer. Eu sinto muito.

A chuva ainda estava forte quando Juliano estacionou o carro em frente ao Supermercado. Séfora estava com uma sacola na mão ao lado de Arlete, esperando a chuva diminuir.

Ele aproximou-se dela e desabou em seus braços. Assustada, ela o conduziu até o escritório. Ele lhe contou sobre Fabiano. Séfora enxugou as lágrimas dele e ficou alisando as suas mãos.

– Ah! Meu querido não fique assim! Eu sei o quanto ama aquele garoto, mas...

– Ele vai morrer Séfora! Você pode imaginar uma coisa dessa? Um menino... Um menino que não vai ter a chance de se tornar um homem! Um menino que vai ter seus sonhos roubados. Eu não consigo acreditar que isto está acontecendo.

– O médico não deu nenhuma esperança? Talvez na capital, sei lá.

Dona Elvira e Esperança entraram apressadas no escritório.

– O que aconteceu Juliano? A Arlete nos disse que...

Séfora ergueu os olhos e interrompeu dona Elvira.

– O médico disse que Fabiano não dura esta semana.

– Ah! Meu Deus! - Exclamou Esperança levando a mão à boca.

Juliano recebeu o abraço das tias e minutos depois se recompôs.

– Desculpe-me! Sou um fraco.

– Nada disso! Choro não é sinal de fraqueza – repreendeu Séfora, atraindo o olhar de dona Elvira.

– E a Carmem como está? – Indagou dona Elvira.

– Bem, eu já vou – disse Séfora se levantando.

Juliano segurou suas mãos e disse olhando em seus olhos:

– Obrigado e me desculpe por assustar você.

Ela apertou a mão dele e lhe deu um sorriso amistoso. Pegou sua sacola e saiu.

Os três ficaram conversando sobre Fabiano até Arlete ir bater na porta e dizer que um representante comercial estava querendo falar com dona Elvira. Juliano olhou espantado para ela e ficou olhando-a pelas costas enquanto voltava para o caixa. Dona Elvira a acompanhou.

A Luz e a SombraWhere stories live. Discover now