Capítulo 9 - A reunião

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– Fred! Cadê você?

Foram até o quarto dele. Não o encontrando foram até o quarto da mãe dele.

– Que merda! – Exclamou Juliano levando a mão à testa.

– Ah! Meu Deus! – disse Calebe aproximando-se do corpo de Fred. – Por que ele fez isso?

Dionísio se colocou no meio dos dois e os enlaçou com seus braços por sobre seus ombros.

– Vamos sair daqui. Vocês já viram bastante por hoje.

– Por que ele fez isso? Eu não consigo entender...

– Você não quis enxergar meu amigo – interrompeu Dionísio. – Era evidente o que Fred sentia por você.

Juliano se soltou de Dionísio e se jogou no sofá da sala. Enfiou a cabeça entre os joelhos e chorou.

Dionísio encurralou Calebe na parede e olhou em seus olhos rasos d'água.

– Você é muito bonito meu amigo e despertou sentimentos fortes em Fred. Ele era carente e criou muitas fantasias com você. De certa forma você as alimentou com seu jeito carinhoso e compreensivo. Ele acreditou que um dia teria você nos braços – Calebe sentiu o hálito de Dionísio em sua face de tão perto que ele se aproximou. Por um momento pensou que ele iria beijá-lo e até fechou os punhos preparando para dar-lhe um soco.

Tirou as mãos de Dionísio da parede e se afastou dele.

– Eu não acredito nesta história. Fred não era gay. Como você sabe disso?

– Que papo bizarro é esse cara? – Indagou Juliano se levantando.

– Não tem nada de bizarro – respondeu Dionísio tranquilamente. – Eu percebi que ele era apaixonado por você lá na chácara...

Calebe fez vômito e saiu da casa. Encostou-se na cerca e vomitou. Passou a mão na boca e saiu rumo ao carro.

Juliano ligou para a polícia e depois foi até Calebe. Abraçou-o afetuoso e beijou-lhe a testa.

– Não fique assim! Você não tem culpa de nada. Isso tudo é bobagem desse cara.

Calebe soluçou em seus braços.

– Eu quero ir pra casa. Não vou esperar a polícia.

– Pode ir com ele Juliano. Eu espero – disse Dionísio. – E... Calebe! Eu sei como se sente, mas um dia essa culpa vai passar.

Calebe lançou um olhar irritado e ao mesmo tempo perplexo para Dionísio e depois entrou no carro.

– Estou arrasado Juliano. Não por essa história do Dionísio, mas por não ter percebido que ele queria se matar. Nós éramos amigos. Passamos o último final de semana juntos. Como não vimos nada estanho? Por que ele não desabafou com a gente? E se essa história do Dionísio for verdade, por que ele nunca te falou nada? Por que iria contar justo para uma pessoa que mal acabou de conhecer?

* * *

A cidade entrou em choque com notícia dos dois suicídios. Várias especulações surgiram a respeito. Um clima de terror se apoderou entre os moradores.

Taiana entrou no quarto do pastor e o flagrou de cuecas. Ele ficou desconcertado. Ela olhou maliciosa para seu corpo e antes de sair disse:

– Sofia é uma mulher de sorte!

Ele correu até a porta e a trancou depois de olhar o traseiro de Taiana rebolando pelo corredor.

– Meu Deus! Meu Deus!

A Luz e a SombraOnde histórias criam vida. Descubra agora