Quarenta e três

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FAZIA UMA SEMANA desde que vira Natsu pela última vez.

Quando disse que ficaria atarefado, não pensei que pudesse ser tanto assim. Nem na escola ele dava as caras.

E, mesmo que tivesse me dito para ficar calma, havia notado uma diferença no tratamento à minha volta. Todos pareciam mais cautelosos com quem me rodeava, e Gajeel ficara incrivelmente mais íntimo. Aliás, foi esse comportamento dele que me fez ter certeza que algo estava acontecendo.

O que será que Natsu está escondendo?

A ideia dele e Flare ficarem sozinhos o dia inteiro naquele escritório me preocupa. Quero dizer, se ela teve coragem de beijá-lo comigo lá, vendo-os, imagina o que tentava fazer quando não tinha ninguém para atrapalhar? Argh! Só de pensar na ideia fico irritada.

Soltei um suspiro, voltando ao balcão de atendimento. Evergreen havia aceitado que voltasse a trabalhar no Fairy Latte com a condição de diminuir do meu salário desse mês a quantidade da única semana que não trabalhei, quando... Bem, aquilo aconteceu com o Sting e tal.

— Você parece cansada, Lucy. — Observou Lisanna, juntando-se a mim e abrindo a caixa registradora.

— Oh, bem. — Massageei meu pescoço. — Não tem sido uma semana fácil.

— Imagino. — Soltou um sorriso fraco. — Natsu tende a ficar vidrado no trabalho quando alguma ameaça aparece. Acho que isso remete à Zeref.

— Zeref? — Indaguei. — Quem?

— Não me diga que Natsu ainda não lhe contou? — Levou as mãos até a boca. — Além de tapado, devo adicionar lerdo na lista de adjetivos para ele.

— Zeref é algum amigo dele?

— Não. — Meneou a cabeça. — Então ele realmente não contou... Zeref é o nome do irmão dele. Sabe... — Seu olhar era triste. — O que foi morto quando criança.

— O irmão gêmeo dele se chamava Zeref? — Murmurei. Mais um fato da vida do mafioso descoberto! E um importante! — É um nome diferente.

— Você acha? — Ela parecia estranhamente triste. — Mesmo assim, ele era muito agradável. O irmão sério e o bobão. — Balbuciou com um sorriso teimando em brincar em sua boca. — E também era incrivelmente apaixonante.

— Não me diga que... — Arregalei os olhos surpresa.

— Sim. — Confirmou. Entrelaçou os dedos das mãos e ficou brincando com eles. — Meu primeiro amor. Era irônico, pois Natsu gostava de mim naquela época e Zeref... Bem, nunca soube de ele ter gostado de alguém. Era bem reservado sobre esse assunto. Ah, Aries deve saber de algo. Até hoje ela não vai com minha cara porque na época era uma versão da Meredy. Um pouco mais enfezada e brutal, mas mesmo assim, tinha uma queda para relações incestuosas.

— Aries?! — Exclamei chocada. Espera um pouco... Quando estávamos planejando os preparativos para a festa do Baile de Fundação, a rosada não ficara ríspida quando mencionei arrumar meu cabelo com Lisanna? Pensei que era pelo mesmo motivo de Igneel não a querer lá, e não por algo assim. — É um pouco surpreendente. — Afirmei.

— É. — Concordou. — Mesmo assim passamos um bom tempo juntas quando crianças. — Sorriu. — Ela consegue ser genial sem fazer muitos esforços, não é estranho que...

— Lucy. — Interrompeu Evergreen, caminhando em nossa direção. — Estamos sem café e o chá está acabando também. Se importaria de preparar um pouco?

— Ah, sem problemas! — Respondi. Virei-me para Lisanna: — Desculpe interromper a conversa...

— Tudo bem. Tenho que ajeitar esses recibos mesmo. — Apontou para o amontoado de papéis em uma das divisórias da caixa registradora.

Meu Estranho MafiosoWhere stories live. Discover now