Dezoito

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DEPOSITEI O PENTE sobre a pia branca do banheiro de meu quarto e suspirei.
        Já se faz três semanas que não volto ao Fairy Latte... Nem saio do quarto.
        Aries-chan, Erza, Mira... Até mesmo Virgo está se preocupando muito comigo, mas simplesmente... Não tenho forças para mostrar meu rosto para ninguém.
        Deixei de encarar-me no espelho, seguindo novamente para o quarto... E as cobertas. Notei uma bandeja em cima da cama e percebi que fora Virgo que a deixara ali... Ela vinha fazendo isso bastante recentemente, por causa da minha má alimentação.
Funguei novamente ao me dirigir até a cama, onde me envolvi pelas cobertas leves — andava muito quente ultimamente — e tentei pegar no sono, em vão.
        Sentei-me e pensei em ler um livro... Porém infelizmente já havia lido todos os livros que trouxera para Magnólia...
        O jeito era pegar um com Aries-chan, ou na biblioteca da mansão. Entretanto... Sair do quarto? Não quero.
        … Como sou idiota.
        Deveria ser mais honesta consigo mesma, Lucy Heartfilia.
        Não é que você não quer sair do quarto, e sim porque você não quer ver... ele.
        Até porque... Acho que não irei suportar aquilo novamente.

        — Estou de volta. — Anunciou Natsu, assim que fechou a porta do hall de entrada.
        — Seja bem vindo de volta, Natsu-sama. — Disse Virgo vindo em nossa direção. Olhou-me atentamente. — Hime-sama! O que houve? Por que está assim?
        — Ela foi idiota, foi isso que houve, Virgo. — O rosado deu um sorriso de deboche e desgosto.
        Lancei meu olhar em direção ao chão.
        — E-eu...
        — Não precisa dizer mais nada, Lucy-chan. — Interrompeu Aries-chan, da ponta da escada. — Dá para perceber que agora não é o momento mais propício para lhe fazer essas perguntas.
        — E quando será? — Pronunciou-se o rosado novamente. Ele estava estranhamente irônico com minha situação.
        — Natsu-nii-sama, por favor, não comece a causar confusão. Olhe o estado em que ela se encontra!
        — Você não entendeu, Aries. — Balbuciou ele. — Mas tenho certeza que ela irá lhe contar. — Murmurou ao mesmo tempo em que subia as escadas.
        Ao alcançá-la, trocaram um olhar profundo e algo pareceu piscar em seu rosto —compreensão.
        Desceu as escadas correndo e logo me abraçou.
        — Aries-ch... an...
        — Está tudo bem, Lucy! Estamos aqui para você, não se preocupe!
        — E-eu...
        — Vamos lá! — Interrompeu-me novamente. — Vamos subir e lhe dar um bom banho! Depois podemos conversar o resto da noite. O que acha? Podemos chamar Erza e Mirajane, se quiser.
        Encarei seu pálido sorriso. De algum jeito, acho que ela sabia o que acontecera. E estava me dando o que mais estava precisando naquele momento:conforto.
        Deixei-me cair pesadamente na banheira que Virgo preparara em uma velocidade interessante e observei com desgosto uma marca rosada em minha coxa — onde Sting a segurara fortemente.
        — A água está boa? — Indagou Aries-chan, derramando um pouco da água quente sobre meu cabelo.
        — Está deliciosa. — Murmurei, observando a espuma que se fazia presente conforme me mexia.
        Ficamos em silêncio por um tempo, cada uma concentrada em uma parte do meu corpo. Aries lavava as mechas de meu cabelo, enquanto eu ficava com o corpo.
        — Hey, hum... Lucy-chan... — Chamou-me após algum tempo.
        — Hun?
        — Você já está... Hum... Se sentindo melhor?
        Olhei-a bem e pude ver que me analisava.
        — Para falar sobre isso? Ainda não... No entanto, uma hora ou outra eu terei que contar, certo?
        Lançou-me um sorriso leve.
        — Sim, terá.
        Tomei fôlego, pensando em dizer aquilo de uma forma que não demonstrasse meu estado mental, mas minha voz teimou em falhar.
        — E-eu... Fui estuprada por Sting.
        Ela suspirou, pegando-me de surpresa.
        — Oh, vejo. Então foi isso.
        — O-o que quer dizer?
        — Deve saber que Sting não é o membro mais amado por essa família, certo?
        — É... Percebi.
        — Então, seja lá que ato ele faça, não nos surpreende mais. Por causa do que ele fez no passado.
        — E o que ele fez?
        Sorriu novamente.
        — Isso é algo para o idiota do Nii-sama lhe contar, namorada-san.
        — Gah! — Exclamei. — I-i-isso foi só uma desculpa! Devia algo a Natsu e...
        — Tudo bem, Lucy; não precisa se preocupar em explicar. Já imagino até porque ele lhe pediu isso.
        — Você o conhece bem, não é?
        — Sim! Melhor do que gostaria! — Ambas rimos. — Eu... Hum... Posso chamá-la assim?
        — Como?
        — Lucy... Sem o “-chan”. — Murmurou.
        Sorri animada para ela.
        — Já demorou até demais, Aries-chan!
        — Então... Hum... Você pode me chamar só de Aries, se quiser.
        —  Não entendo nem o porquê de ainda não ter chamado. — Por que ainda a chamava de Aries-chan?
        — De qualquer forma, Lucy; peço que ignore qualquer comportamento que meu nii-sama lhe demonstrar nos próximos dias.
        Suspirei pesadamente.
        — Ele mudará tanto assim?
        — Não é isso! É somente que... Ele pode ficar um pouco cruel... Ou então sarcástico com você. Isso me deixa um pouco receosa.
        — Não precisa se preocupar. Nada do que ele fale irá me atingir! — Afirmei convicta.

Meu Estranho MafiosoWhere stories live. Discover now