Capítulo 44 - Lembranças: Parte 22

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As rosas brancas encaravam o chão, pois o buquê, que antes eu erguia, agora pendia no meu braço sem força. Desesperada, Fernanda saiu de cima do membro que a penetrava vindo em minha direção. Dei alguns passos para trás, voltando pelo corredor onde que me separava da surpresa. Surpresa que antes eu pensava que iria fazer, mas agora era minha.

- Não! - Fernanda falou. - Não, não, não... - Ela repetia. Quando me alcançou eu a empurrei.

- Sai daqui! - Falei. Meu pulmão ameaçava falhar.

- Não, Theo, por favor, Theo... - Ela não conseguia formar uma frase sequer. Quando se tocou que estava nua cobriu levou uma mão à direção de sua virilha e outra aos seios.

- Como se eu nunca tivesse visto isso. - Eu disse. - Mas tu tá com vergonha, né?

- Theo, deixa eu explicar. - Ela pediu. As lágrimas começaram a cair dos olhos dela.

- Explicar o quê? - Eu perguntei. - Que tu viu uma oportunidade perfeita e não deixou passar, né? - Abaixei a cabela, balançando negativamente. Meus olhos ardiam, mas eu não queria chorar. Não na frente dela. Vi o buquê que eu ainda segurava, sem nem lembrar. - Toma! - Joguei as flores nela. As rosas caíram no chão, se despetalando. - Surpresa! - Falei. Depois disso não consegui segurar as lágrimas. Para que ela não me visse chorar, me virei, caminhando em direção à porta que me tiraria dali.

- Theo! Por favor. Espera! - Ela insistia. Mas não passava disso. Ela não tinha como explicar aquilo.

- O outro é tão covarde que ficou lá no quarto. - Eu disse, antes de bater a porta do apartamento.

Chamei o elevador que abriu imediatamente. Ainda estava parado no andar. Ouvi os soluços de Fernanda, chorando, atrás da porta.

- Ele não vai... - Ela falou, então a porta do elevador fechou e eu não pude mais ouvir nada.

• • • • •

Passei pelo porteiro do prédio e acenei a cabeça, prendendo as lágrimas que eu já tinha enxugado no elevador. Entrei no meu carro e, então, pude desabar. Gritei, esmurrei a direção, depois dei partida e segui para casa, pensando no que eu tinha acabado de fazer. Como ela podia fazer isso comigo? Eu tinha a pedido em casamento apenas quatro dias atrás. 

Procurei minha bombinha no porta-luvas e inalei uma dose, trazendo pleno funcionamento ao meu pulmão que já chiava. E todos os meus princípios bobos que eu tanto levei em conta nos momentos de discutir com Davi. Ela não considerou nenhum. Davi. Davi! Eu preciso falar com ele. Peguei meu telefone e liguei. Chamou um pouco e ele atendeu.

- Oi, Theo! - Ele falou do outro lado.

- Davi! - Ao exclamar o nome dele meu choro ficou ainda mais forte. - Eu preciso falar contigo! - Exclamei. - Eu preciso de tu! - Fui mais específico.

- Onde tu tá? - Ele perguntou, sobressaltado ao perceber minha voz. 

- Tô indo pra casa. - Respondi. - Por favor, vai pra lá!

- Vou agora! - Ele respondeu. - Mas te acalma.

- Eu vou tentar. - Falei. - Te espero lá.

- Eu já chego. - Disse. - Tchau.

- Tchau. - Falei e desliguei.

Dirigi até minha casa como um louco em meio ao trânsito. O único lugar no mundo onde eu queria estar naquele momento era no meu quarto. Precisava me isolar, para analisar tudo que aquilo significaria na minha vida. A única pessoa que eu queria ver era Davi. Tinha muito para falar com ele. E era urgente.

Insônia (Romance Gay)Where stories live. Discover now