Capítulo 4 - Lembranças: Parte 02

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Ninguém entra num quarto para só depois bater na porta e pedir licença. Se faz isso antes. Davi inverteu essa ordem natural, naquela noite, quando colocou o pau pra fora bem do meu lado e depois perguntou "Se importa?". Embora a noite estivesse um pouco fria, o clima tinha se tornado inexplicavelmente quente. O silêncio da natureza era quebrado apenas pelo barulho do vento e dos insetos, eu já estava um pouco alterado pelas cervejas que havia bebido. Então deixei escapar de minha boca palavras que nem eu acreditaria ao me ouvir.

- Fica à vontade.

Ele ficou. Começou a acelerar a velocidade com que descia e subia a mão naquele mastro, mostrando e escondendo a cabeça a cada movimento. O brilho mostrava que o pau dele estava babando bastante. Quando notei que eu estava a muito tempo olhando para a punheta que ele tocava subi meu olhar para o rosto dele, que encarava minha mão pousada sobre o volume que eu guardava dentro do short.

- Não vai dar uma relaxada aí? 

Ele falou olhando agora para meu rosto. Não se mostrou nem um pouco acanhado por eu ter visto de onde vinha os olhos dele. Olhei para meu short e vi que o volume era perceptível mesmo na pouca luz daquele lugar. Eu já esperava, pois era um problema esconder meu pau de 20cm quando tinha ereções involuntárias em locais públicos. Imaginei por um segundo a dificuldade que Davi devia ter, pois o dele era aparentemente ainda maior. Ele interrompeu meus pensamentos quando tocou na minha perna e falou:

- Relaxa!

Instintivamente puxei minha perna, como num susto. O balanço mexeu. Quando o encarei vi que ele tinha uma expressão assustada no rosto. Tentando amenizar soltei um sorriso amarelo, que funcionou. Em seguida levei minhas mãos ao botão em minha braguilha, o soltando. Desci o zíper lentamente, pensando em toda aquela situação estranha e nova para mim. Meus movimentos sucintos revelaram algo para Davi.

- Tu nunca bateu uma na frente de um cara?

- Não! - Respondi mais rápido do que pensei.

- Isso é normal. - Ele falou. E tentando me deixar mais calmo, continuou. - Eu já fiz muito. Relaxa, que tu vai achar divertido.

Puxando aos poucos o elástico do cós da minha cueca, eu ia liberando o corpo do meu pau, pouco a pouco. Cada centímetro fazia meu coração bater mais forte e a impressão que eu tinha era de que dava pra ouvir as batidas naquele silêncio penetrante. Assim que liberei completamente ele saltou batendo no meu abdome, fazendo um barulho. Olhei para Davi, ele tinha um sorriso malicioso no rosto. 

Quando comecei a me masturbar ele seguiu o mesmo ritmo que eu no sobe e desce da mão. Nós nos encarávamos, eu olhava o pau dele, ele o meu, fomos perdendo a cerimônia. Aquilo foi ficando mais intenso. Não entendia porque, mas cada troca de olhares me deixava com mais tesão. Davi começou a revirar de leve os olhos, percebi que ele ia gozar. Então, ele colocou a mão em minha perna, vi os primeiros jatos saírem da pica dele simultaneamente e meu corpo foi tomado por um calafrio, saindo do ponto onde ele me tocou. 

Davi gozou na própria barriga e eu consegui me levantar e dar três pequenos passos até as plantas do jardim paralelo ao alpendre. Despejei ali minha porra. De costas para Davi, eu recobrava minha consciência e começava a assimilar o ocorrido. Eu nunca tinha pensado em passar por uma situação assim. Sempre me senti atraído por meninas, sempre namorei meninas, mas naquele momento eu tinha sentido prazer em um tipo de troca com outro homem. Agitei a cabeça, afastando esses pensamentos para depois. Quando me virei, guardando meu pau na cueca, Davi passava sua cueca na barriga, agora completamente nu. Ele deu uma risada e eu retribuí. 

- E aí? Como foi o batismo? - Ele perguntou.

- Diferente! - Respondi e sorri novamente.

Era a única palavra que eu conseguia usar: "diferente". Depois disso ficamos sentados por um tempo em silêncio, até que chamei Davi para entrar. A casa sede tinha três quartos, o de casal dos meus pais, um com duas camas, meu e de meu irmão e um terceiro onde haviam duas beliches. Dormiríamos no quarto meu e de meu irmão. Se a insônia sempre fez parte de mim, aquele dia ela tinha ainda mais motivos para me acompanhar. Passei o resto da madrugada pensando no ocorrido.

A certa hora, quando já se ouvia os primeiros pios de alguns poucos pássaros, anunciando um novo dia, ouvi Davi se levantando. Fechei meus olhos, fingindo dormir, imaginei seus movimentos de acordo com minha audição. O rangido da cama entregou que ele se levantara, não calçou o chinelo, esperei alguns segundos até ouvir ele abrir a porta do banheiro, mas o tempo passava e nada. Foi então que fui surpreendido por um toque em meu peito, que estava descoberto, congelei, tentando não demonstrar minha contração de susto. 

Os dedos dele começaram a descer lentamente, entrando em baixo do edredom e descendo pelo meu abdome. Meu pau enrijeceu instantaneamente. Eu não podia deixar que ele tocasse ou ele ia perceber que eu estava acordado, então quando ele passou meu umbigo, levei uma mão ao meu peito e cocei o lugar onde ele havia me tocado inicialmente. Ele recuou e ouvi seus passos apressados no chão, seguidos de uma porta abrindo. Ele foi ao banheiro.

Essa atitude me mostrou que ele tinha intenção de tocar meu pau. Suspeitei de que o que havia ocorrido antes, quando estávamos sentados no balanço, pudesse ter sido intencional. Toda aquela tensão deixou meu corpo mole quando relaxei e, em meio aos mil pensamentos, adormeci sem perceber.

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Acordei na manhã não tão distante do sábado, as lembranças começaram a me ocorrer. Olhei a cama ao meu lado, que estava vazia. Levantei, fui ao banheiro, tomei um banho, escovei os dentes. Em seguida vesti um short e saí pela casa, fui até a cozinha e coloquei uma fatia de presunto e mussarela em um pão. Ouvi o barulho do Davi nadando na piscina e saí da casa em direção à área de lazer, com o pão na mão. 

Cheguei à ponta da escadaria, onde na noite passada ele segurava uma pá nas costas. Mais lembranças. Ele me viu, estava do lado oposto da piscina. Desci as escadas e me sentei na borda, com os pés dentro da água. Ele esperou alguns segundos, então mergulhou e veio nadando por baixo d'água. Surgiu próximo a mim. Segurou na borda da piscina, esperou mais um tempo e então perguntou:

- Dormiu Bem? - Encarando a água da piscina assenti com a cabeça. Não me dei ao trabalho de perguntar, mas ele respondeu. - Eu rolei pra la e pra cá na cama, até que desisti e vim nadar. - Mais um tempo de silêncio, eu ainda encarando as leves ondulações da água. Até que ele falou algo que mudou meu foco. - Sabe?! Num pouco tempo que consegui cochilar, sonhei contigo...

Então, eu o encarei. Seus olhos já me esperavam.

Insônia (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora