Capítulo 15 - Paciência

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Victor me encarava. Eu estava confuso, não sabia o que estava acontecendo ali.

- Olha ele aí! - Disse Bia. Em sua voz alívio. - Vem! - Ela exclamou para mim, como uma ordem. Nem parecia que eu era seu futuro patrão.

- O que foi? - Perguntei curioso.

Victor esticou o braço dele, segurando meu pulso e me puxou para fora da boate. Ele começou a andar sem falar nada e eu o seguia. Bia atrás de mim. Passei por Sophia, que olhou bastante constrangida para mim.

- Espera aí! - Praticamente gritei, forçando Victor a parar. Bia esbarrou em mim sem esperar a brecada. Já estávamos um pouco distantes da CXC. Ele me encarou. - Dá pra me explicar o que está acontecendo?

Ele encarou Bia, mais uma vez. Aquilo estava começando a mexer com minha paciência. Eles pareciam conversar com o olhar. Eu ia falar sobre isso, quando ele fez outra coisa que não gosto: respondeu com outra pergunta.

- Tu não foi pegar o celular? - Odeio quem responde uma pergunta com outra, mas eu tinha usado esse artifício com ele dias antes. Ignorei.

- Sim, fui. - Falei. - Mas o que isso tem a ver com o que estava acontecendo na porta da boate?

- E o que você estava fazendo lá? - Victor perguntou. Dessa vez não consegui me conter.

- Você vai me explicar ou vai ficar me respondendo sempre com outra pergunta? - Minha voz soou mais rude do que eu esperava. Notei pela expressão de espanto na cara deles dois.

- Porque você não atendeu o celular? - Mais uma pergunta. Ele só podia estar de brincadeira. Semicerrei os olhos e apertei os lábios em desaprovação. Ele percebeu o que tinha feito e, sacudindo a cabeça, reformulou sua fala. - Eu me estressei. - Sua voz saiu bem mais calma. - Te liguei, você não atendia, vim te chamar e não me deixaram entrar.

- E como você sabia que eu estava na boate? - Perguntei surpreso. Victor olhou para Bia e eu perdi a paciência com aquele joguinho.

- Que merda é essa? - Berrei . Eles arregalaram os olhos. - A noite inteira isso. Vocês se encarando a cada pergunta, a cada situação. Eu fico por fora, nada é explicado. Eu não...

- Desculpa! - Victor falou, com a voz embargada. - Desculpa! - Seus olhos enxeram de lágrimas. Meu coração se esmigalhou. Esqueci porque eu estava tão chateado e tudo que eu queria era abraçá-lo e tentar desfazer aquilo. - Eu não queria te deixar assim Theo. Por favor, me desculpa...

- Calma Victor! - Bia falou, o abraçando. As lágrimas caíram. Queria tomar o lugar dela. Ela me encarou. - Desculpa Theo! Não foi nossa intenção te deixar, assim. Pelo contrário, a gente queria justamente...

- Não! - Silenciei Bia levando meu dedo em riste à sua boca. Minha voz era bem mais calma, eu estava quase envergonhado. - Eu que peço desculpas. Estou um pouco alterado. Ver Victor ali na porta nervoso, vocês devem ter as razões de vocês... Eu também passei por um pequeno mal entendido la na boate...

- O que foi? - Victor perguntou, com as sobrancelhas se unindo. Sua expressão ainda bem triste. Que vontade de beijar aquele menino, ali, consolar ele, perguntar o que afligia seu coração, procurar uma solução para aquilo.

- Nada! - Respondi. - Por favor, vocês dois me desculpem. - Olhei para o rosto de Victor e minha voz embargou. - Acho que eu estraguei a noite. Melhor a gente ir...

Insônia (Romance Gay)Where stories live. Discover now