A proposta.

Capítulo 56

- É difícil perdoar Ritinha. Eu estou ferida, magoada. Mas eu acredito que você e o vovô tinham um motivo muito forte para terem feito tudo isso. Não é possível, que vocês sejam tão cruéis assim. - Secou as lágrimas do rosto, e respirou fundo.

Dulce não era um exemplo de pessoa, não era boazinha, e tinha muitos defeitos, mas sabia, que nunca faria algo que seu avô e Rita fizeram. Jamais proibiria o amor de alguém ou intereferiria na vida de alguma pessoa. O pior que tudo, era pensar, que em partes isso aconteceu por conta de dinheiro. Seu avô não queria perder a empresa, queria que seguisse a linha da família.

E assim como sua mãe, Dulce também era obrigada a participar de algo que não queria. Henrique nunca lhe proibiu de nada, mas sempre deixou claro que Dulce deveria fazer parte da empresa. Ela ainda não se sente feliz lá, aprendeu muitas coisas, mas tem certeza que a qualquer momento fara uma burrada grande. Algumas coisas não combinam com nosso verdadeiro eu, devemos nos descobrir, e não ser imposto algo a seguir.

- Vou ler isso longe daqui. Não conte a vovô sobre nada. Quero falar pessoalmente com ele. - Disse antes de sair.

Foi para qualquer lugar longe de casa. Christopher ainda estava no trabalho, não tinha como estar com ela. Anahí e Maite também. Decidiu então sentar em um banco de uma praça qualquer e acabar de vez com sua curiosidade. Toda desengonçada abriu o envelope e tirou de lá um papel carta.

"Delcinha meu amor, chegou o momento! Não queria estar através de uma carta, consolando meu bem mais precioso. Porém, Deus me chamou meu amor. Eu sinto muito por te deixar, eu sei que isso vai acontecer. Infelizmente não consegui ser forte como queria, meu coração está frágil. Acho que ele sempre foi, e não estou falando somente fisicamente.

Tudo bem, vamos lá. Sei que está passando por um momento difícil, precisa de palavras boas. E as que eu digo são: "faça o que seu coração pedir meu bem". É um conselho meio tosco, mas sempre que fazemos um exame de consciência descobrimos mais sobre nós e sobre nossas escolhas.

Eu também tive momentos que precisei ser consolada, que precisei de amparo. E assim como você, não tive alguém que me entendesse de verdade. Não culpo o seu avô, ele é uma boa pessoa, mas cometeu o grande erro de querer manipular as pessoas. É aqui que entra o segredo mais sigiloso e que mais me arrependo. Eu juro que não queria isso querida, mas quando descobri a verdade (ninguém sabe que descobri) já era muito tarde. Eu nunca contei a seu pai sobre você.

Você deve amar alguém, aposto que a Rita só te entregou isso depois de adulta, eu pedi a ela. E quando se ama alguém, você faz o possível e o impossível para estar com a pessoa. Eu tentei, tentei mesmo Dul. Eu queria estar ao lado do seu pai, queria correr o mundo com ele (tenho um jeito meio Hippie, sabe como é ne?), mas o destino não quis. E o papai também não.

Fiquei com tanto ódio pensando que fui largada, tantos planos e seu pai me deixou por um emprego idiota. Eu queria me vingar e jurei a Deus, que ele nunca colocaria um dedo em você. E então você nasceu e me lembrava tanto ele. Ah docinho, você era a cara do seu pai. E então, eu percebi que mesmo ele tendo me deixado eu ainda tinha um pedaço dele. Ainda tinha você. Como eu te amo filha, me desculpe por não estar com você agora, por ter partido antes do tempo, por não ter lutado de verdade. Desculpe por mentir, seu pai é Fernando Espinoza, e apesar de ser tarde demais, acho que ele ainda gostaria de conhecer uma menina como você.

Sei que agi muito errado, assim como o papai. Ele me feriu Dulce, e espero que nunca faça isso com você. Quando soube que ele foi o culpado por Fernando me abandonar, doeu bem mais do que ser deixada. Eu até quis procurar seu pai quando descobrir, mas faz poucos dias filha, e eu não posso sair dessa cama. Me desculpe, por favor me perdoe. Se um dia você ainda quiser encontrar seu pai, diga a ele que o perdoei. Está tudo esquecido, e aqui de onde estou estarei sempre olhando por ele.