Capítulo 3

2.2K 404 254
                                    

Ainda no intervalo, depois de conseguir se livrar de Hyungwon, Jooheon fez questão de puxar a orelha de Wonho e Kihyun até ficarem bem vermelhas. Depois disso, talvez um pouco mais satisfeito consigo mesmo, ele deu seu segundo onigiri a Kihyun e sentaram-se os três juntos em uma mesa.

— Eu estava pensando aqui... — Kihyun começou a falar de boca cheia e Wonho o beliscou. — EI!

— Engole a comida para falar, animal.

— A boca é minha e a comida também. — Kihyun disse, enfiando mais onigiri na boca apenas para provocar. — Eu falo do jeito que eu quiser.

Ele revirou os olhos e murmurou que Kihyun era uma criança, ou algo do tipo.

— Continuando — agora Kihyun já não estava mais de boca cheia —, mesmo que hoje tenha sido uma decepção total com Minhyuk, eu ainda tenho esperanças de conseguir alcançá-lo no final do dia. O que vocês acham de eu perguntar se podemos ir embora juntos?

— Finalmente uma ideia digna! — Jooheon até sorriu. — Pensei que você ia desistir de tudo depois de hoje.

— Wonho me inspirou depois de me chamar de cupido fracassado indiretamente. O ponto é: como eu vou fazer isso? Porque Minhyuk parece muito inalcançável. — Kihyun olhou para os dois amigos esperando alguma resposta.

Wonho levantou abruptamente da mesa, bagunçando seu cabelo escuro mais ou menos do jeito que Minhyuk costumava usar e olhou para Kihyun.

— E aí. — Ele fez a melhor imitação da voz de Minhyuk que conseguiu, fazendo os dois amigos presentes na mesa caírem em risadas.

— E aí, versão genérica do Minhyuk.

— Vamos fazer um roleplay e fingir que eu sou ele, e estamos na saída e você quer me perguntar se podemos ir embora juntos. Como você faria?

Kihyun engoliu a seco de repente. Por mais que não fosse realmente Minhyuk, a situação ainda era constrangedora em sua cabeça e ele sentia que talvez estivesse enxergando coisas demais ou o roleplay de Wonho fosse muito realista, porque agora ele não conseguia pensar direito. Seu subconsciente estava rindo de sua cara no momento.

— O-Oi, Minhyuk. Posso... posso acompanhá-lo... pra casa- eu- — Kihyun se embaralhou em todas as suas palavras e estava a um fio de sair correndo do inexistente.

— Kihyun, assim não dá. — Jooheon comentou.

— Vocês dois estão me deixando nervoso!

— Se nós te deixamos nervoso, imagina quando for o Minhyuk em pessoa. — Wonho se sentou ao lado de Kihyun novamente, o olhando com determinação. — Qual é, Kiki. Cadê o garoto confiante e espevitado que eu conheço?

— Tá em casa dormindo. — Respondeu com um bico. — Olha, eu entendo que pra vocês pode não parecer grande coisa, mas pra mim é um tanto problemático. Eu não sou bom com isso. Tenho medo de assustá-lo, de deixá-lo desconfortável ou de ele me rejeitar. — E ainda tem o fato de que ele e Changkyun são irmãos, Kihyun pensou, mas não falou porque não sabia no que isso estava o interferindo.

— Nós entendemos sim, Kiki, e não tem problema nisso. — Jooheon disse. — Mas se você não confiar em si mesmo para fazer algo tão simples como perguntar se pode acompanhá-lo até em casa, não vai conseguir criar relação nenhuma com ele. Além do mais, se Minhyuk recusar a sua companhia ele é no mínimo muito trouxa.

"Trouxa"? Qual é, eu nem sou tudo isso...

— Você é tudo isso sim, seu infeliz! — Wonho puxou sua orelha. — Se começar a se desmerecer eu vou te chutar aqui e agora, entendido? — Kihyun fez que sim. — Vamos tentar de novo.

[ > ]

Eles passaram todo o intervalo treinando a melhor maneira de Kihyun soar natural e nem um pouquinho desesperado como estava. No final, o alarme bateu anunciando que precisavam voltar para suas salas e o progresso que tinham alcançado não era muito significativo, mas talvez já funcionasse. Eles teriam que pagar para ver.

No final do dia, Kihyun sentia que poderia conquistar o mundo. Depois de uma aula inspiradora de história nacional, ele estava confiante de que poderia fazer o que quisesse: de ir à Marte até a falar com Minhyuk. E foi nessa linha de pensamento que ele seguiu confiante em direção ao tal. Porém, quanto mais chegava perto, mais sentia o suor se acumulando em suas mãos e seu coração apertando dentro do peito. Já era tarde demais para dar meia volta.

— Oh, Kihyun! — Quem o notou primeiro foi Minhyuk. Acenou e sorriu. Kihyun fez o mesmo, com os olhos um tanto secos pois estava tão ansioso que não conseguia piscar.

— Minhyuk! — Kihyun deu uma risada sem graça. — Que... que coincidência você por aqui...

— É, eu sempre vou embora uns minutinhos depois do horário. Já está de saída?

O momento havia chegado então. O ponto principal da presença de Kihyun ali e ele nem precisou se esforçar para chegar no objetivo. Só podia ser o destino a seu favor, tinha que ser...

— J-Já! Eu... eu queria saber se você não quer ir embora comigo, de repente...

Minhyuk deu um sorriso tão sem graça quanto daria para uma tia inconveniente que pergunta sobre as namoradas no almoço de família.

— Você me desculpe, mas eu prometi ao meu namorado, Jinyoung, que iríamos sair juntos hoje. Estou aqui justamente esperando ele. Podemos deixar pra outro dia, quem sabe?

— Oh. Tudo bem. — Kihyun queria um soco.

POTION OF LOVEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora