❀❀❀❀

        Acordou no meio da noite devido ao barulho da porta do quarto sendo aberta.
        — Meredy? — Chamou pela figura na porta, que não conseguia distinguir devido ao fato de estar com tanto sono que não conseguia abrir os olhos direito. Acendeu o abajur e tomou um susto de surpresa por quem era. — Ultear?! O que faz acordada ainda?
        Ela nada disse. Apenas quebrou a curta distância entre ela e a cama e jogou-se em cima de Igneel, o qual acordou completamente devido ao fato.
        — Hum... — Murmurou ela, tentado levantar-se apenas com os braços.
        — O que aconteceu com você? — Olhou bem o belo rosto. — Está bêbada? Como? — Lembrou-se da garrafa extra de vodca no freezer do bar. — Ah! Essa bebida do demônio! Devo dizer a Virgo para parar de comprá-la!
        — Shhh! — Ultear o calou com o indicador. — Você — sua voz estava embargada — sempre tão idiota e sempre tão cuidadoso...
        — Não diga nada, Ultear. Você está...
        — Shhh! — Tornou a repetir. — Finge que é um bobo quando na verdade é um verdadeiro sádico!
        — Quem lhe disse isso? — Segurou-a pelo ombro para impedir que voltasse a cair.
        — Quem foi mesmo? Am... Ah! Amber! Sua formosa e vadia ex-namorada.
        — Então não posso contradizer em cem por cento. — Concordou, mais para si do que para a morena.
        — Estou cansada de tudo isso! — Berrou.
        — Ul...! Faça silêncio! — Sussurrou. — Quer acordar alguém?
        — Que se exploda tudo isso! Namorados que lhe traem... Namorados que não dão o mínimo sinal de vida... Foda-se!
        — O quanto bebeu? — Ultear não era de usar esse linguajar.
        — Não importa. Nada disso mais importa. Talvez eu só devesse morrer...
        — Não brinque comigo... — Fez descaso de suas palavras. — Vou chamar Virgo para lhe ajudar e...
        — Não! — Livrou-se de seus braços, rolando até o espaço livre da cama e postando-se ali. — Vou ficar aqui!
        — Certo. Então fique aqui e eu dormirei em outro quarto. — Jogou as pernas para fora da cama, pronto para levantar-se. No entanto ela o puxou de volta.
        — De maneira alguma! Fique aqui comigo!
        — Ultear... — Suplicou.
        — Por favor... — Implorou, os olhos castanhos fixos no rosado, pedindo diretamente para que ele ficasse ali ao lado dela.
        Soltou o ar devagar.
        — Tudo bem.
        A morena apenas sorriu, ajeitando-se mais na cama de modo a lhe dar o espaço que havia tirado ao jogar-se ali. O rosado se cobriu e apoiou o rosto no braço esquerdo, de maneira a vigiá-la.
        Quando ela dormisse, ele pensaria com mais calma sobre o que fazer a respeito de Jean. Também estava preocupado com a falta de notícias do jovem.
        — Como consegue? — Perguntou Ultear do nada.
        — O quê? — Encarou seu rosto, o qual não possuía nenhum sinal de cansaço ou sono.
        — Ficar tanto tempo sem uma companheira. — Arregalou os olhos diante daquela pergunta. — Faz tanto tempo... Não sente falta de alguém? De algum corpo junto ao seu à noite?
        — Às vezes penso nisso, em algumas noites. — Admitiu. — Mas então acordo no outro dia e vejo Meredy, Virgo, Aries... você. São toda força que preciso. — Arrumou uma mecha que caia no rosto dela atrás de sua orelha.
        — Ainda assim, não podemos preencher o espaço que Honoka deixou.
        — Ninguém pode. — Disse. — Honoka foi única, assim como Layla havia sido antes dela.
        — Antes de Honoka foi Amber. — Observou.
        — Não precisa lembrar de algumas más escolhas que fiz. — Reclamou, fazendo-a sorrir.
        — Queria não ser tão carente. Queria ser igual você.
        — Querer não é poder. — Falou. — Nasci para ser maravilhoso, cara Ultear. Não é algo que vem assim, do nada. — Gabou-se.
        — Convencido.
        Voltaram a se encarar. Igneel não pôde deixar de reparar que, embora estivesse bêbada, Ultear estava agindo normalmente. Sua respiração saia calma e ritmada, como alguém que dormisse, embora esse não fosse o fato.
        Ultear não deixou de perceber o olhar levemente preocupado de Igneel. Deixou seu olhar, que não passou despercebido por ele, avaliar o rosado. Os lábios aparentemente macios, os fios rosa claro caindo sobre seu rosto, os ombros largos e a estrutura esguia de seu peito... infelizmente, por causa da coberta não pode avaliar o resto.
        Mas ele pôde.
        Seus olhos claros sondaram os fios escuros do cabelo dela que espalhavam-se pelo lençol branco da cama e pelos seus ombros desnudos. Será que não estava sentindo frio? A camisola fina que deixava à mostra o abismo entre seus seios e deixava em evidência a cintura fina... As pernas brancas e tão aparentemente macias... Ultear sempre fora tão bela? Subiu o olhar para seus olhos e teve certeza: sim, ela sempre fora assim... perfeita.
        E pensar que alguns imbecis trocaram ela por outra qualquer ou que ousavam a preocupar...
        Irritantemente sentiu um certo desconforto na calça — mais detalhadamente entre as pernas — e, bufando, virou-se para o outro lado.
        — Igneel... — Chamou Ultear.
        — Hum? — Murmurou ele, virando-se para atendê-la.
        Foi pego totalmente de surpresa ao sentir a mão dela repousar sobre seu rosto.
        — Ulte... — Começou, porém foi impedido pelos lábios dela, que atingiram-lhe com tanta doçura e sentimento que tudo o que pode fazer foi segurar-lhe pela cintura e a puxar para mais perto.
        O beijo, tão doce inicialmente, começou a demonstrar sinais de luxúria, a qual tomou completamente aquele espaço entre os dois, fazendo seus corpos serem atraídos um ao outro igual a imãs. Igneel soltou um gemido meio retesado. Aquilo era errado.
        … Era? Por que mesmo?
        Separaram-se, as respirações ofegantes, e voltaram a se encarar. A morena, com o pé, tirou a coberta de cima dele, observando as longas pernas que estavam escondidas. Subiu em cima do corpo de Igneel, apoiando uma mão de cada lado da cabeça do rosado.
        — Ultear. — Chamou, soltando um leve suspiro ao senti-la beijar seu pescoço. — Está brincando com fogo. É melhor parar, ou vai sair queimada.
        — Ah, é? — Fez descaso. — Me prove, covarde. — Sussurrou ao ouvido dele.
        Igneel lançou o olhar para o teto, vendo a figura esbelta de Ultear sobre seu corpo.
        Aquela era mesmo a mini Ur? Desde quando ela se tornara tão sexy?
        Virou-se, deixando-a sob si e mordendo o lóbulo de sua orelha.
        — Agora — sussurrou em seu ouvido — você vai... dormir. — Bateu sua testa na dela, que desmaiou imediatamente. O rosado sentou na borda da cama, massageando o local utilizado para pará-la. Suspirou. — E pensar que, por um segundo, me senti tentando a responder suas desavenças... — Olhou o corpo adormecido ao seu lado, cobrindo-o logo em seguida. Beijou-a na testa. — Boa noite, mini... Não, está errado. Não é mais mini Ur. Ultear. — Degustou a maneira como o nome completo soava em sua boca. — Não tem tanta graça... Vai ser difícil acostumar. — Pensou em voz alta. — Mas depois disso, tenho que mudar um pouco meu jeito de vê-la.
        Levantou-se, desligando a abajur e caminhando até a porta. Ao sair do quarto, tocou seus lábios, ainda quentes pelo contato com os da morena.
        — Devo estar no auge da seca. — Riu de si próprio por ter gostado daquele momento. No entanto, quase aproveitara-se dela em uma momento de fraqueza. Pegou um celular extra que mantinha perto do quarto e discou um número somente por ele conhecido. — Sou eu... Preciso que faça uma pesquisa por mim.
        — Pesquisar por você. — Soou a outra voz, claramente divertida com o pedido. — O que poderia ser?
        — Cale a boca e apenas procure, okay? Escute bem...
        Passou as informações necessárias e desligou, olhando novamente para a porta de seu quarto. O desconforto entre as pernas ainda não passara, porém ele estava disposto a impedi-lo de voltar a acontecer. E iria conseguir.

Meu Estranho MafiosoWhere stories live. Discover now