– Sério?! A senhora tem que nos dizer quem foi o gênio que bolou essa!

Apesar de toda a insistência, Darah não contou. Ficou algum tempo com eles, olhando as fofocas que se multiplicavam, até afinal um repórter conseguir alcançar o doutor Morales, que tentava sair discretamente da Ilha do Céu. O famoso cientista estava ainda pálido e fisicamente abalado pelos acontecimentos; com ele, estava sua principal companhia, a ruiva, que precisava de apoio para caminhar. Furioso, Enrique disse ao repórter que sabia que não tinha sido casual. E que os responsáveis pagariam por aquela ousadia!

Aí a agitação subiu exponencialmente, com todos tentando adivinhar os responsáveis, assim como o meio através do qual tanta gente havia sido atingida em um local com tão seguro e controlado quanto a Ilha do Céu. Uma verdadeira caçada a culpados, reais ou presumidos, foi desencadeada pelo pessoal da Ilha do Céu, zelando por sua fama de segurança, e pela polícia comum, pelo atentado. As análises de água e alimentos, que estavam sendo feitas desde o início da confusão, redobraram de intensidade e rigor.

Já de volta ao laboratório e aos cálculos, os jovens olharam a doutora Darah com certa preocupação.

– Não se preocupem, está tudo bem.

– Mas, doutora, se descobrirem... Estão falando até de tentativa de homicídio! Se relacionarem a senhora e Sarah, e considerando a influência de Enrique, podem até ser presas!

A matemática ergueu as sobrancelhas, com um sorriso.

– Ora, ora... Isso seria realmente interessante de ver!

O doutor Morales tinha grande número de desafetos, inimigos e opositores. A mídia teve com que se ocupar. Mas ninguém relacionou o incidente na Ilha do Céu à esposa abandonada de Enrique, que fazia aniversário justamente naquele dia.

Exceto Enrique.

NA METADE DO DIA SEGUINTE, o doutor Morales já tinha condições físicas para extravasar sua indignação na provável culpada: Sarah, trabalhando em Lirineux com o restante da equipe de Carl. A atrizete ruiva, parcialmente recuperada, com quem Enrique dividira suas suspeitas/certezas, sua fúria e indignação, resolveu que o acompanharia.

Assim, o enfurecido doutor Morales, a irada ruiva, quatro seguranças, cada um com o tamanho de um armário, quatro assessores e um responsável pelo controle da mídia desembarcaram de um helicóptero que subverteu todas as normas de segurança e pousou na praça em frente ao prédio onde o grupo de Carl trabalhava.

Entraram sem pedir licença, atropelando a segurança do local como uma carga de cavalaria. A segurança mal teve tempo de avisar que o doutor Morales havia invadido o local, e que não tinham conseguido detê-lo. Deviam chamar as forças policiais?

– Não é necessário – respondeu a doutora Darah.

– Doutora, ele está muito alterado, e acompanhado por vários homens que suspeitamos estarem armados!

– Não é necessário, oficial, fique tranquilo. Não vamos criar mais motivos de escândalo. Estão subindo pelos elevadores principais?

– Sim, doutora!

– Nós os aguardaremos no hall deste andar. Apenas mantenha a vigilância eletrônica ativada.

– Doutora, tem certeza de que...!

– Tenho. Não mande seus homens, nós estaremos bem. – A mulher desativou a comunicação e suspendeu os cálculos que fazia, levantando e olhando os demais jovens, que a tinham escutado em silêncio.

– Se preferirem ficar aqui, não há problemas. Posso falar com Enrique sozinha.

– Ele, acompanhado por homens armados? – exclamou Rafa. – De jeito nenhum, doutora! Vamos com a senhora!

Olho do FeiticeiroWhere stories live. Discover now