48. PALÁCIO DE DURINA

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QUANDO O MUNDO reacendeu, fez isso radiantemente iluminado.

Era possível ver um pouco do azul do céu entre as nuvens muito brancas. O Sol brilhante falava de início de tarde. Havia brisa com cheiro de sal, barulho de água, e o rosto de Sarah inclinado no centro da paisagem, sorrindo para ele.

– Tudo bem, Enrique?

Ele compreendeu que estava deitado de costas, no centro de uma roda com muitos rostos amistosos. Diversas mãos ajudaram-no a sentar e, em seguida, a levantar.

Enrique constatou que estava numa pequena ilha de areia branquíssima que era pouco mais de meio metro mais alta do que o mar cintilante que a cercava.

– Bem-vindo ao Mar de Areia, príncipe de Durina! – O gesto largo de Sarah indicou tudo em torno.

A água faiscava como se fosse feita de diamantes líquidos, tão transparente que parecia nem existir. A areia clara cobria tudo, estendendo-se até o horizonte. Era fantástico!

– Sarah... É lindo!

– Podemos vir nadar aqui, qualquer hora dessas. Mas, agora, vamos entrar!

Os fios de luz azul surgiram mais uma vez, agora desenhando um redemoinho na areia. A luz do redemoinho girava e a areia girava junto, cada vez mais depressa. O vórtice do redemoinho começou a afundar, levando todos consigo.

Era surrealista, constatou Enrique. A areia era empurrada para os lados, mas eles não eram tocados e desciam rapidamente junto com o vórtice. Um amplo cone com improváveis paredes de areia sustentadas por luz azul se erguia cada vez mais em torno do grupo, elevando-se até alcançar quase vinte metros de altura.

Enrique tentou não pensar no que aconteceria se a luz falhasse e toda aquela areia despencasse sobre eles. Aliás, areia e água, porque, se o cone tinha vinte metros de altura, isso significava que estavam a vinte metros de profundidade. Que tipo de força seria capaz de fazer aquilo?!

De repente, não era mais um redemoinho. Flashes de luz azul subiam paredes de areia acima, mantendo aquela impossibilidade gravitacional no lugar.

A areia, na altura dos tornozelos do grupo, começou a escorrer para os lados cada vez mais depressa. Logo Enrique sentiu chão sólido sob seus pés. Obviamente, estava pisando em Durina. Quer dizer, sobre Durina, se aquilo era o teto do Palácio.

Afinal, toda a areia se foi. Estavam sobre uma área circular com seis metros de diâmetro, feita do mais puro e espantoso cristal azul. Era dali que vinham os flashes que seguravam as paredes de areia. Todo o cristal reluzia com minúsculos pontos de luz, que se concentravam próximos aos pés de cada um deles.

Sarah abaixou-se, espalmou a mão sobre o cristal e disse, sorrindo:

– Oi. Voltei pra casa!

As luzinhas juntaram-se sob a mão dela em festivos clarões semelhantes a fogos de artifício.

– Eu... posso também? – Enrique abaixou ao lado da garota.

– Claro! – Sarah espalmou a mão de Enrique no cristal e colocou a sua por cima. As luzinhas intensificaram-se, frenéticas. – E veja só quem eu trouxe, Durina: o meu companheiro!

Enrique, surpreso, viu sua mão se tornar o centro de uma silenciosa explosão de luzinhas... felizes?!

Sarah levantou e trouxe Enrique consigo. O Rei sorriu do jovem par e, a uma ordem sua, o cristal se abriu em um movimento de diafragma. Ele foi o primeiro a entrar, descendo por uma rampa suave. Sarah e Enrique entraram depois, seguidos de toda a guarda. Quando o último passou, o diafragma fechou, selando o acesso.

Olho do FeiticeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora