25. ALIANÇAS

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NA OUTRA MANHÃ, Anabel viu-se conduzida até o laboratório de Enrique. Era o melhor laboratório de Engenharia do campus e Anabel entrou quieta, quase cautelosa, olhando cada pedacinho de cada equipamento com respeito e admiração. Se tudo corresse bem, teria acesso a um laboratório semelhante daí a dois anos, quando tivesse passado da metade do seu curso. Era fantástico. Simplesmente fantástico!

– Oi, Anabel, que bom que você chegou! – Enrique a saudou efusivamente. – Pegue aí um jaleco, se não trouxe o seu!

– Eu... Eu não trouxe, nem sabia que ia ganhar um convite para visitar essa maravilha! Puxa, Enrique, muito obrigada!

Ele deu risada.

– De acordo com a avaliação da minha ama e senhora Sarah, você é fora de série pra me fazer parar de viajar na teoria e firmar meus pés no chão! E, de acordo com as ordens da mesma ama e senhora, você não veio visitar, não. Você veio pra me ajudar!

Anabel ficou pasma, deu uma risada, um abraço apertado em Enrique, vestiu o primeiro jaleco desocupado que encontrou e postou-se ao lado dele, perguntando onde estava cada coisa que eles tinham discutido na noite anterior. Mesmo precisando se familiarizar com boa parte do equipamento, a base de Anabel era excelente, o que fazia Enrique sorrir. O restante da equipe apenas suspirava diante da excentricidade do jovem, considerando uma concessão à amiga da namorada... Até que, no final da manhã, Anabel e Enrique se envolveram num debate acirrado que mostrou muito bem os conhecimentos e a capacidade de argumentação da garota.

Era meio-dia e meio quando o doutor Janson conseguiu chegar ao laboratório. Estava bastante envolvido com o inquérito de Rafael. Riu e avisou aos dois que era hora de almoçar.

– Almoçar! – exclamou Anabel, alarmada. Largou o jaleco nas mãos de Enrique e saiu correndo, enquanto ele ria com vontade.

– O que, exatamente, aconteceu aqui? – espantou-se o psicólogo.

– Ela esqueceu que combinou almoçar com Sarah! – Enrique, rindo, tirou rapidamente o jaleco também. – E eu vou aproveitar que as duas estão ocupadas e fugir até a cidade. Sabe aquele meu pedido maluco de casamento? Foi aceito ontem de noite. Preciso ver as alianças! Doutor Janson, por que garotas sempre choram nessas horas?!

– Porque são garotas. – Carl Janson sorriu enquanto o rapaz, com mais uma risada e um aceno, também saiu correndo do laboratório. Aquele laboratório de Engenharia nunca vira tantas correrias.

Enrique estava tão feliz que nem estranhou a falta do comentário óbvio: não acha que é cedo demais? Afinal, você a conhece há apenas quatro dias.

Carl Janson verificou o que os jovens haviam feito durante a manhã, ainda pensando em Sarah de Durina chorando diante do pedido de casamento. Ela sabia que aquele compromisso afastaria Enrique de toda a vida que ele conhecia. Era uma boa garota, que realmente amava seu companheiro... E não podia fazer nada para evitar o que aconteceria.

Enrique voltou antes de Anabel, eufórico. As alianças ficariam prontas no dia seguinte.

– O anel é muito incrível e só fica pronto na sexta, e isso porque pedi urgência! Acho que devia entregar em um momento bem especial, o senhor não acha? Pensei num jantar, mas, sei lá, Sarah sempre me surpreende! Então, doutor Janson, o que acha que devo fazer?!

– Acho que você deve sentar e se acalmar! – Rindo, Carl Janson o fez sentar na poltrona do gabinete onde estavam fechados. – Também acho que deveria esperar para entregar alianças e anel juntos. Me conte como chegaram nesse pedido de casamento e vamos ver se tenho alguma sugestão!

Assim, Carl Janson obteve os detalhes da reação da jovem princesa de Durina.

– Bem, se conseguir conversar com Sarah, tentarei conseguir alguma pista para você, Enrique. No geral, sugeriria você esperar e prestar atenção ao que ela diz. Garotas normalmente falam com facilidade do que acham bonito ou romântico. Você só precisa ficar atento.

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