129 - AMIGOS

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Saiu um capítulo curtinho.

E tem outro programado para a semana que vem, que complementa esse.

Mas não dá pra garantir capítulos semanais, ok?

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A CERIMÔNIA de sepultamento não foi longa, mas a fila dos que desejavam cumprimentar a família era assustadora. Discretamente, Sarah perguntou a Rafa se queriam que Carl desse um jeito de dispensar tanta gente. Considerando que, cada vez que Carl mexia a mão, uma dezena de homens se materializavam do nada para fazer o que ele ordenava, não seria difícil. Mas Rafa, com um suspiro desanimado, disse a Sarah que era o costume, ali. Quanto maior a fila de cumprimentos, maior a importância da pessoa. Seria uma gigantesca descortesia dispensar aquela gente.

– Aviso ao pessoal.

– Vocês podem ir, até minha mãe já foi – respondeu Rafa. – Nós é que temos que ficar.

– Não somos amigos só para as horas boas, ora essa. Ficamos. Só vou mandar Clara sentar por aí, ela não pode ficar tanto tempo de pé.

Sarah informou aos demais do que os esperava, enxotou Maria Clara e Trovão para uma salinha de repouso, e ela, a mãe e Carl se postaram atrás de Bel e de seu pai, prontos para aguentar sem reclamações todo o tempo que precisasse.

E foi bastante tempo.

Quando afinal a extensa fila de cumprimentos terminou, Clara e Trovão se reuniram a eles e, juntos, foram para a casa de Bel. O pai da amiga estava arrasado e se fechou no quarto sem nem tomar banho. Bel, com o rosto inchado de tanto chorar, foi enfiada debaixo do chuveiro por Sarah, que mandou Rafa lá para dentro, com ela, para apoiar na próxima crise de lágrimas.

O restante do grupo esperava Sarah na sala.

– E então? – perguntou Clara.

– Estava com cara de quem vai despencar chorando de novo. – Sarah suspirou. – Você e Trovão dormem no hotel, Clara. Você e o bebê precisam descansar com conforto e foi uma tarde cansativa. Eu fico aqui, para o caso de eles precisarem de alguma coisa. Mamãe veio só para o enterro, precisa voltar para casa. – Darah assentiu. – E você, Carl?

– Não posso ficar, mas vou me manter em contato.

Todos tinham cuidado para Maria Clara não se forçar demais durante a tarde, mas ela estava exausta mesmo assim. Tristeza podia ser muito cansativa. Não protestou ao ser mandada ao hotel, apenas comentou:

– E Lila, Sarah? Achei que viria, ela gosta muito de Bel.

– Mamãe e eu não conseguimos contato com ela e, com as comunicações do jeito que estão, não sei nem se as estações de notícias estão chegando bem até onde ela mora. Mamãe vai tentar avisar quando chegar em casa.

– Notícias? – ecoou Clara.

– Vocês são notícia – disse Carl. – Devido à pesquisa sobre a radiação espacial desconhecida. A morte da mãe de Anabel é notícia mundial. Trovão, Clara está realmente cansada. Seria bom vocês irem logo.

– E, ao chegarem no hotel, nada de ficarem vendo noticiários. É para descansar.

– Claro, Sarah. Vamos, Clara.

Eles se despediram e saíram. Carl deu alguns instantes e apenas olhou Sarah e a mãe.

– Avisei Lila, é claro. – Darah suspirou. – Ela avisou que não vinha. Senira só tolera ambientes como aquele, com tanta tristeza, quando é imprescindível. E eu entendo. Minha sensibilidade e a de Sarah não é dez por cento da de Lila, e estava difícil bloquear. Alguma ideia sobre o que aconteceu no Arquipélago de Relana, Carl?

Olho do FeiticeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora