Entrevista 63 • YouAreTheReasonS2

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- Falando das personagens das tuas histórias: De onde surgiram? Quais são as tuas favoritas?

As minhas narrativas concentram-se numa personagem, em torno da qual se desenvolve a ação, normalmente limito-me a pouca interação entre personagens, um ponto onde encontro ainda alguma necessidade de progressão. Mas, de entre as duas que já explorei, Emily, afastada dos pais pelo seu falecimento, em Stolen Sky, e May, uma rapariga que tem ainda muito por contar e pela qual partilho uma certa curiosidade por saber até que ponto me levará, em Anti-social, sem dúvida que a última me fascina e cativa muito mais, pelo seu mistério que acaba por não ser propositado. É uma história difícil, tenho muitas expectativas e muito trabalho.

- Escreves apenas por passatempo ou pretendes fazer algo mais com as tuas histórias?

Passatempo, fuga, alívio. A escrita é o meu canto, que só procuro quando sinto necessidade.

- Pretendes passar alguma mensagem aos leitores através do que escreves nas tuas obras?

Publiquei uma primeira história, Stolen Sky. Tive alguns bons feedbacks, mas imediatamente quando a acabei de escrever, isto no verão de 2016, percebi que aquilo já não era o que eu queria transmitir. Isso levou-me a uma história diferente, que planeio desde aí, há mais de um ano, e ainda não tenho grandes resultados. Há sempre o obstáculo, eu tenho o planeamento, início e fim, mas falta-me conteúdo, falta-me algo, e eu espero sinceramente conseguir destruir essas barreiras, porque sinto que há muito por contar. Acabo por perder-me neste mundo, e é difícil centrar-me nisto, no agora e nas palavras. Os verões são mais produtivos, por isso certamente vou encontrar a alavanca e se conseguir terminar este segundo plano, ótimo, porque já tenho mais em mente, mas vou fazê-lo de forma diferente. Anti-social é um conto perdido, com uma rapariga perdida, e com uma autora perdida. (Perdidos ao cubo). Há sempre uma mensagem, tem de haver, mesmo que às vezes não a saiba pôr em palavras. Nesse caso, fica oculta, para talvez só eu a decifrar.

- Já fizeste amizades com leitores?

Já. Adoro receber feedbacks de alguns que se emocionam com o que escrevo, porque conheço a forma inocente como o faço. É totalmente sem propósito. Apenas quero transmitir palavras. Frases, com ou sem sentido gramaticalmente, mas com todo o sentido na nossa alma.

- O que é que mais gostas nas tuas histórias?

Gosto da simplicidade. Da contrariedade. Dos pontos finais que deixam sussurros. Prefiro os pequenos contos aos livros extensos que escrevo, pelo facto de conseguir moldar uma mensagem mais coesa e profunda. Garras de desespero e Na destruição são a personificação da persisténcia e, por fim, do encontrar do caminho.

- Como reages quando recebes elogios por parte dos leitores? E críticas?

Normalmente não recebo muitos feedbacks, mas sinto-me tão feliz quando vejo que movi alguém, que alguém entrou na minha linha de pensamento. É mesmo inexplicável. Acho que nunca recebi um comentário menos positivo, que me magoasse mesmo, mas estou preparada se acontecer. Quero saber usá-lo para melhorar.

- Porque é que achas que os leitores devem ler as tuas obras?

Devem ler as minhas obras porque, se não derem o primeiro passo, nunca vão perceber. É importante experimentar antes de fundamentar uma crítica depreciativa. Só quero que entendam as palavras, que ouçam a mesma música que eu. Se não for possível, pelo menos tentaram.

- Costumas mostrar as tuas histórias a alguém antes de as publicares?

A minha irmã é a minha supervisora gramatical. É a "diretora" deste projeto. Por vezes, gera alguma pressão. Ela tem muita vontade, tanto ou mais que a que eu consigo ter.

- Tens o apoio da tua família e dos teus amigos na escrita ou ninguém sabe que escreves?

Os meus pais sabem e elogiam muito a minha escrita, mas, como me sinto anti-social e efetivamente sou, os meus amigos se sabem não o valorizam. Ninguém gosta de ler. Falta-lhes esta cultura das palavras. Saber usá-las com inteligência e vaidade. O apoio central vem de pessoas que conheci aqui, por partilharem esta paixão.

- Como é que a escrita afeta a tua vida? Está em primeiro plano ou não?

Faz-me sentir compreendida. Recorro às palavras quando falta a tal compreensão. Infelizmente, não faço delas o meu primeiro plano. Efetivamente, não o são, embora eu pense que poderia ser tudo diferente se assim o fosse, mas neste momento é impossível transferi-las para primeiro plano.

- Quais são os teus objetivos de vida?

Provavelmente quero o que todos desejam. Quero ser feliz, quero ser alguém. Seja quem for, quero orgulhar-me do que sou, fui e serei.

- O que gostas de fazer nos teus tempos livres?

Gosto de jogar, por enquanto o faço não penso, mas a leitura e a música roubam-me também uma parte da minha vida, não pelo sentido negativo, obviamente.

- Qual é a tua melhor qualidade? E o teu pior defeito?

A minha melhor qualidade é, no fundo, ser boa pessoa, ter uma boa intenção mesmo quando não o parece, e eu sei que é muito frequente. O meu pior defeito é a teimosia e o orgulho, mas também a tendência para me fechar num mundo só meu.

- Que tipo de música ouves? Tens alguma lista de músicas favoritas?

Adoro música alternativa, diferente do que todos ouvem. Atualmente, só oiço The 1975, praticamente. Pela música, não pela banda.

- Queres deixar alguma mensagem aos teus leitores?

A genuinidade é um passo para a descoberta de nós mesmos. É importante vermo-nos como somos, mesmo que só o admitamos baixinho, para que ninguém mais o ouça. No fundo, guardamos esse pequeno sussurro na palma da nossa mão, bem fechada.

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Muito obrigada pela entrevista!

A próxima entrevista vai ser à marylnwant .

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