42 - MEUS SENTIDOS SÃO POR NATIEL

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Cambaleante ele se inclinou para mim e se apoiou em meus ombros. Pouco seguro voltou a cantarolar:

– Eu não sei o que fazer para não te perder.

Com a aproximação pude sentir seu hálito. Eu nunca vira o Natiel embriagado... Na verdade, poucas vezes o vi beber.

– Do que você está falando? – Segurei-o pela cintura, para que não caísse do banco, mas desviei um pouco meu rosto do dele.

– Você me abandonou, oras – falou, um pouco mais alto, com fala ébria e se empertigou, se desviando de mim e voltando a atenção para a frente do balcão. Apoiou os braços sobre a mesa e continuou: – Você me deixou hoje de manhã, não me atendeu à tarde, não veio se encontrar comigo como combinamos... Eu fui abandonado!

Parecia falar como se eu nem estivesse ali. Boquiaberta, sentando ao seu lado, falei-lhe:

– Eu estou aqui Natiel. Eu jamais te abandonaria...

– Mentirosa – contestou-me, olhando para mim ainda inseguro. – Você fez isso uma vez e vai fazer de novo.

Abri a boca para falar, mas me segurei. Seria verdade? A minha ida no passado o havia afetado tanto assim? Natiel havia lido o diário opressivo, compartilhava de minhas inseguranças, de minhas mágoas, mas parecia não fazer ideia do profundo amor que eu sempre nutri por ele. Por que ele estava tão inseguro quanto a nós? De qualquer maneira, eu não poderia discutir com ele naquele estado.

– Natiel? – O chamei.

Ele se virou para mim parecendo emburrado. Sorri e perguntei:

– Vamos para a minha casa?

Parecia em dúvida, curioso talvez... Então acrescentei:

– Você está precisando de um banho frio.

Ele sorriu animado com a ideia e se inclinou para sair do banco, quando o interpelei rindo:

– Acalme-se, deixe que eu ajude você!

Natiel alargou o sorriso e permitiu ser abraçado por mim. Acho que eu deveria me zangar com ele, mas o que posso fazer se não consigo? Eu o amo tanto!

***

– Ah, isso foi terrível – murmurou, enquanto enxugava os cabelos com uma toalha. Eu queria fazer aquilo, mas não era o momento...

– Já está sóbrio? – O provoquei, perguntando alto.

Natiel fez uma careta levando as mãos as têmporas e falou, ainda baixo:

– Não precisa gritar, eu estou bem. Mas, não vou negar que já estive melhor.

Estávamos no meu quarto. Eu estava sentada na cadeira próxima à mesa de trabalho e ele se sentou na minha cama. Eu havia lhe arranjado algumas roupas do meu pai que quase lhe eram sob medida, mas não eram muito do seu estilo. No entanto ele parecia cada vez mais bonito aos meus olhos. Ainda sem me fitar, e com a cabeça um pouco baixa, Natiel falou incomodado:

– Precisava ser banho frio mesmo? Ainda se você tivesse entrado comigo...

Pigarreei e comecei a questioná-lo, tentando não me deixar atrair tão logo pelas suas provocações:

– O que foi tudo isso, Natiel?

Ele se voltou para mim, apoiando a toalha sobre a cama. Deslizou os dedos pelos cabelos, como para traçar uma saída. Engoli seco e cruzei as pernas. Eu precisava me concentrar! Disse:

– Eu sou um tolo, eu sei... Tenho medo de não ser suficiente para você.

Inclinei-me atordoada e indaguei irritada:

– Como pode pensar isso? Sou eu quem sempre teve motivos para desconfiar de você.

Ele me olhou sobressaltado, suspirou e falou:

– Por isso posso não lhe ser o suficiente.

Senti meu coração congelar.

– Você.. pretende me deixar? – Perguntei hesitante.

– Eu não farei isso – pareceu dizer mais para si mesmo. Porém, voltou a me fitar e acrescentou: – Eu sempre soube que, a partir do momento em que eu me envolvesse com e por você, eu não conseguiria voltar atrás e isso me faz seu dependente. Tinha medo de me envolver, agora tenho medo de te perder.

Fiquei mais estarrecida. Não parecia certo, mas ainda assim, era a melhor coisa que eu já havia ouvido. Natiel olhou para mim triste e falou hesitante:

– Quando você não respondeu minhas ligações eu pensei que... Você não quer mais saber de mim?

Aproximei-me dele, sentando ao seu lado, me inclinando para ele, peguei em sua mão e falei:

– Eu jamais faria isso. Eu te amo Natiel e tudo o que eu mais quero é não mais me afastar de você. Por favor, tenha certeza disso.

Levei a mão dele em direção ao meu peito, lhe permitindo perceber o que sua presença sempre causou em meu coração e não apenas nele. Todos os meus sentidos gritavam por ele. Sussurrando lhe perguntei quase implorando:

– Você promete não me deixar? Nem mesmo por outra mulher?

Natiel sorriu e acompanhou o tom:

– Sem dúvida. Você é a única que eu quero e preciso.

Aproximou-me mais de si com vigor e me envolveu os lábios com os seus. Eu precisava amá-lo e senti-lo dentro de mim como se minha vida dependesse disso.

Eu estava disposta a abandonar todos os receios para viver o meu grande amor. O que o futuro nos reserva ficará a cargo exclusivamente dele. Eu não precisava da astrologia ou qualquer outro para me guiar... Eu tinha ele e ele tinha a mim e isso era o que importava.

Natiel me deitou na cama, ainda sem separar os lábios dos meus e se pôs sobre mim. Eu estava pronta para recebe-lo outra vez e jamais o rejeitaria. Eu o amava com toda a minha alma e meu corpo.  

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Misericódia! Assim o coração não aguenta!!! Próximo capítulo será narrado pela Estela e, enfim, saberemos o que tanto ela esconde e o que o Adriel pretende fazer! Será que Jadir contou tudo a ele? Será que a Estela se tocou que ele sabe? E quanto ao Natiel e a Natalie? Vão ajustar os exacerbados ciúmes e partir para o "felizes para sempre"? E o que Natiel escreveu no diário? E o que... Ah, vamos conferir em breve tudo mesmo, então até logo!

Obrigada por todos os votos, comentários, leituras e... Vocês são demais lindos leitores!!! <3

Música do capítulo: "Slow,love, slow" – Nightwish (Cover By Per Frederik "Pellek" "Ãsly")

AMEDRONTADO - LIVRO 2 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos AmâncioOnde histórias criam vida. Descubra agora