AMEDRONTADO - LIVRO 2 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos Amâncio

DESVENTURAS NO CLUBE DO CZAR - Última Parte

Natiel

Era um daqueles dias de indisposição. Eu não estava de ressaca de álcool, mas de outra coisa sim. Quase não conseguia andar direito e isso, apesar dos pesares, nem era tão ruim se levarmos em consideração a excelente noite que passei.

Acordando quase às duas da tarde, fui até a cozinha em busca de qualquer coisa para comer. Passei por Adriel compenetrado em algo pelo monitor do computador, ao voltar com o pão de fôrma ele ainda estava lá, lendo sem nem piscar.

– O que há de tão interessante aí, Gado? A última edição da playboy?

Sem dar qualquer atenção à graça que eu havia dito, ele respondeu sério:

– A Estela publicou algo bem interessante.

– E o que foi? Como usar maquiagem? – Falei com desinteresse.

– Não é isso. Veja só:

"É incrível como em qualquer lugar podemos descobrir coisas interessantes. Em uma escola, aquela garota mais calada pode ter a vida mais agitada do que qualquer outra de sua idade. Ela bem poderia ser a Hannah Montana, como você poderia saber se não pesquisar? Em uma academia o instrutor mais bonito e sexy, poderia torcer pelo mesmo time que você que é o São Paulo Futebol Clube, gostar daquele jogador número 24 e dividir a camisa suada com o namorado da sua vizinha. Também poderíamos encontrar romances secretos nos clubes mais badalados da cidade e eles seriam tão secretos, que nem o próprio casal tem conhecimento..."

– Hey irmão... Você está lendo isso mesmo? – Empertiguei-me, tentando sair do sofá para me aproximar da tela, enquanto ele lia. Do que a Estela estava falando?

... "Em uma dessas andanças, descobri fatos muito interessantes. A figura masculina, em questão, chamaremos de "repolho" e a feminina de "couve". Toda vez que o "repolho" chega ele consegue ser o centro das atenções. Sua animação é tão contagiante que ele seria capaz de animar até a vovó mais sisuda da terra. Porém, quando a "couve" chega seu humor muda, principalmente quando outras "verdurinhas" tentam se aproximar para, quem sabe, fazerem uma salada."

– Mas, do que essa maluca está falando? – Interrompi a leitura séria do meu irmão. – É sério isso?

Adriel, após uma rápida revirada de olhos, continuou a leitura:

..."É sempre nítido o incômodo do "repolho", ele não gosta nenhum pouco que se aproximem da "couve", principalmente quando há certos interesses. Em uma conversa não-oficial, um amigo "verdura" foi até a "couve" e lhe fez elogios. Logo o "repolho" se aproximou e deixou clara a sua posição. Ali não era território para outra "verdura". Não contente com isso, meu amigo "verdura" tentou se comunicar de outras maneiras com a "couve", mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, o "repolho" foi até ele e falou que a couve não estava interessada em verduras verdes e estragadas, que ela era sempre regada com a melhor bonafont e alimentada pelos melhores grãos franceses. Bem, sei que essa história de "verduras" possa não soar muito interessante, até porque comida não fala, mas se mudarmos os personagens para pessoas humanas, teremos uma bela história para contar. O que será que acontecerá com o "repolho" e a "couve"? Eles formarão uma linda salada? Não percam os próximos capítulos..."

Eu estava boquiaberto e só fui dizer algo quando Adriel falou:

– Parece que ela está melhorando os níveis de matérias deste blog. Que acha Natiel?

– Eu acho que...

Me calei, trincando os dentes. A namorada do meu irmão mais velho estava marcada para sempre comigo!

***

Um ano depois.

Estela

– Eu posso saber por que você me detesta tanto?

Eu estava ali no salão da Igreja, pronta para subir ao altar com o homem da minha vida, mas eu não queria passar por aquilo sem saber o que tanto Natiel tinha contra mim. O chamando de canto questionei:

– Acha pouco você armar para o meu lado e publicar no seu blog?

Engoli em seco.

– Ah, não... Não foi bem assim! Eu ajudei você e a Natalie a se acertarem, não foi?

– Ajudou como? Lendo o diário?

– Ah, o diário – não resisti a risada que logo foi sufocada com o olhar de reprovação do meu futuro cunhado. – Desculpe.

– Estela... Me prometa que nunca vai falar sobre ele com ninguém! Não diga nada do que eu escrevi nele.

– Eu não divulguei nada no blog a respeito, pode confiar – me fiz de inocente. – Embora os leitores queiram muito saber qual foi o desfecho do "repolho" e da "couve".

– Estou falando sério, Estela.

Suspirei e falei:

– Eu sei, me desculpe. Não falarei nada com ninguém... Amendoim fofinho!

Não resisti a risada ao lembrar de certo trecho que ele escrevera para Natalie. Eu entendia a preocupação dele em não divulgar nada daquilo. Para não correr riscos, dei-lhe as costas disposta a sair até que estaquei:

– Mas, espera! Você já não gostava de mim antes disso...

– Não é que eu não gostasse de você... Eu apenas ficava com medo de você magoar o meu irmão ou, pior, engravidar dele.

– Ah – falei finalmente, me voltando para ele. – Por que não me disse isso antes? Teria evitado toda a confusão com a "salada".

Natiel abaixou a cabeça, sufocando a risada que eu já estava dando outra vez.

– Podemos superar isso então? – Sugeri, lhe estendendo a mão.

– Só se você esquecer esse assunto de "salada" e principalmente se não contar para ninguém o que escrevi para a Natalie no diário.

– É justo... Amendoim fofinho!

Foi uma apertada de mãos firme, mas valeu a pena a piada... Finalmente eu me sentia pronta por completo para aquele novo momento da minha vida. Só não sabia se poderia cumprir o que prometi ao meu futuro cunhado. Aquela história do diário já vinha sendo trabalhada na minha cabeça... O que será que os leitores optariam? Publicar ou não publicar o conteúdo do diário do Natiel para Natalie? Eis a questão...

– Mas... Você não está grávida, né?

Esse cara de touca é mesmo inacreditável.

***

Natiel e Estela... Esses dois ainda aprontarão bastante! Continuem acompanhando a série! "Suas Consequências em Mim" vai continuar!