Capítulo 20 - Marinette

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Chegamos no último capítulo!

E então e eu vi. Vi todos lá, de mãos dadas, juntos, seguindo um único caminho, uma única direção. Vi Alya, Nino, Nathanael, Meus pais, Chole até e todos com quem eu me importava e que eram importantes pra mim. Estavam prontos para batalhar ao meu lado, oferecendo todo o apoio que eu precisava. Avançamos juntos em direção ao que eu achava que era real. Avançamos sem olhar para trás, sem perceber que a escuridão engolia cada um de nós. Quando chegou a minha vez, meu espírito se desligou e eu voltei para a realidade.

Acordei em uma cama de hospital, com uma máscara em meu rosto. Havia duas crianças sentadas em uma poltrona ao lado da cama: Uma menina e um menino. A menina tinha olhos azuis e cabelos loiros, presos em maria chiquinhas. O menino tinha cabelos escuros e olhos verdes. Ambos eram lindos. Fiquei em silêncio, observando os dois, meio atônita. O que havia acontecido? Tentei mover minha mão e não conseguia. Não conseguia mover meu corpo. Aquilo era uma completa agonia. De repente o menino acordou, bocejou e esfregou os olhos. Ele devia ter uns sete anos, tão pequeno, porém tão forte. Eu sentia isso. Ele olhou para mim e abriu um sorriso enorme, que fez meu coração pular com uma alegria desconhecida:

- Mamãe acordou! - Gritou ele, ouvi a movimentação do hospital ecoar pelos corredores, as pessoas, os médicos, as enfermeiras. Tudo estava agitado demais. A menina acordou e olhou para mim, saiu do colo do irmão e ficou na ponta dos pés para brincar com o meu nariz. 

- Mama! - Disse ela, pulando. Ela era mais nova, uns três aninhos.

Estava extremamente confusa, mas nada podia ser feito. 

De repente, vi Adrien entrar no quarto. Ele estava horrível, parecia ter passado por um dos piores momentos de toda a sua vida. Cheio de olheiras, os cabelos longos demais, a barba por fazer... Eu queria falar, mas era difícil. Minha garganta estava incrivelmente seca.

- Pensei... que nunca mais iria acordar. - Disse ele, se aproximando e desabando ao lado da cama. Seu choro me deixava agoniada. Eu queria perguntar: Como assim? - Você ficou em coma por tanto tempo. Ficou por mais de dois meses... Amor, eu estava tão preocupado. Você perdeu o aniversário da Luna... Ela fez três aninhos faz alguns dias. Passamos aqui com você, você ouviu algo?

- N-não... - Consigo murmurar. - Onde eu estou...? Quem são eles? 

Ele arregalou os olhos e se afastou, assustado. O médico entrou na sala e rapidamente me deu um copo de água, checou todo o meu corpo, fazendo exames. No final, ele suspirou e virou-se para Adrien:

- Ela não vai suportar... O corpo dela... Parou de se movimentar. - Ouço ele falar.

Adrien desaba, assim como as duas crianças.

- Ela teve perda de memória... Aparentemente, passou esses dois meses dentro de sua cabeça, em um sonho, onde tudo era o que deveria ser. Ela não sofreu o acidente na cabeça dela, ela se acostumou com esse fato. Mas a culpa não é dela... - Disse o médico, suspirando. 

Não conseguia dizer nada. Então tudo o que eu havia passado  tinha sido um sonho? Ir para a Espanha? Eu e Adrien...

Isso pelo menos, por partes, era verdade.

Não tinha lágrimas para chorar, mas tinha dor. 

Minha vida estava chegando ao fim e eu passei uma parte dela em coma.

- Sinto muito...

Deixei um grito escapar, que ecoou no hospital inteiro. Todos se assustaram. Se eu não podia chorar, gritei. Gritei expondo minhas dores. Gritei pela minha vida que não havia passado de um simples sonho. Gritei pela minha vida que havia chegado ao fim.

Esse foi o meu último grito, meu último respiro, minha última lágrima. Minha última visão da minha vida. Queria conseguir passar mais tempo cuidando do que deveria ser meu, mas foi tirado de mim subitamente.

Eles retiraram os eletrônicos do meu corpo e desligaram as máquinas. Fui para um lugar melhor, provavelmente. Onde eu não sofri como havia sofrido na Terra, e de lá de cima, eu via Adrien e meus filhos, aguardando a chegada do amor da minha vida. Aguardando a sua hora, mas rezando para que sua vida durasse o máximo possível. Nossos filhos precisavam dele, mais do que qualquer pessoa do mundo. 

Fiquei ali, como um anjo, presa na eternidade.

Escrito por Adrien, 

meus pêsames meu amor por ter sido tirada de mim tão cedo.

Com amor, 

Adrien e Marinette.

FIM 

Dedico esse capítulo a Kaori, de Shigatsu Wa Kimi No Uso, apesar de ser apenas uma personagem. Ela me incentivou e me inspirou a acreditar e continuar vivendo apesar da morte parecer melhor as vezes. 

Laiza Fabiano.

OBS: Eu amei o final e quem não gostou, dois beijos. Marinette e Adrien sempre serão nossos anjos, para toda a eternidade.

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