Capítulo 09 - Marinette

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"O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente..."
- Mario Quintana.


Depois do susto com o rapaz da bicicleta, permaneci o trajeto todo até o restaurante calada. Nem adiantava opinar sobre pagar uma parte, conhecia Adrien, ele faria um protesto dizendo que aquilo era seu dever como homem e coisas assim.

Ele estacionou e deu a chave para o manobrista, não argumentei, apenas peguei minha bolsa e percebi que meus dedos tremiam. Solto o ar preso nos pulmões e ando lentamente ao seu lado.

Passamos pela porta de entrada e a moça loira de olhos castanhos nos oferece uma mesa para dois, Adrien pega minha mão e me leva até a mesa. Sua mão estava quente e transmitia certa segurança. Meu coração acalmou e eu suspirei, fechando os olhos assim que me sentei à mesa.

- Está tudo bem? - Perguntou preocupado. - Desculpe, eu não vi o rapaz... Ele veio rápido demais e...

- Obrigada. - O cortei. - Por salvar minha vida. Eu poderia ter ido pro hospital, estar gravemente ferida pelo Air-Bag, mas você me salvou e eu devo minha vida a você por isso.

Adrien arregalou os olhos, sorrindo levemente. Balançou a cabeça segundos depois. Nossas mãos ainda estavam juntas em cima da mesa. Já estava acostumada com o calor que sua pele emanava.

- Eu que agradeço por me livrar da Lila, minha suposta "namorada". - Ele diz, dando ênfase nos aspas. - Tive que ficar com ela devido à imprensa e a fama da empresa. Não tive escolha.

Fiquei calada. Pela posição que ela estava no colo dele quando entrei na sala, ele parecia bem à vontade com ela. Deveria ser calor do momento. Tirei a minha mão de cima da mesa e coloquei-a em meu colo, entrelaçando meus dedos.

- Muito bem, vamos direto ao assunto. - Diz ele, voltando a ter aquele ar profissional e intenso de mais cedo. Um garçom chega e peço um prato único de estrogonofe de carne e Adrien pede de carne assada com batatas, educadamente o homem se retira com um breve movimento.

- Então, onde estava? - Pergunto, coçando a garganta.

- Ah sim. Queria saber melhor sobre você, no caso. - Ele diz, bebericando seu copo de coca com gelo e limão.

- Pode fazer as perguntas que quiser. - Digo, apoiando-me na mesa.

- Eu lembro que desde a adolescência você era apaixonada por moda. Da onde nasceu essa paixão? - Perguntou com um ar curioso.

- Não sei. Que eu me lembre dessa foi à única coisa que me apaixonei realmente, encontrei meu caminho aí e acabei me formando nessa área. Nunca me vi fazendo outra coisa. - Admito.

- É me lembro de bem que você venceu da sala toda a competição de chapéus do meu pai. A Chole acabou por plagiar seu desenho. - Adrien riu e o segui, balançando a cabeça.

- Foram bons tempos. - Digo suspirando. - Mas enfim, sim, eu sempre tive esse dom.

- Você já trabalhou com o cantor Jagged Stone na época, não foi? Fez a capa do novo álbum, na época. - Comentou.

- Sim. Você me pediu um autógrafo. - Ri corando de leve.

- E você quase caiu por segurar o nada. - Ele riu e eu demorei a entrar na brincadeira. - Sem ofensas, você era um pouco desastrada.

- Com licença, mas você não viu nem a metade. - Solto uma risada. - Então? Nathalie está bem?

- Sim. - Sorriu. - Cuidando dos filhos.

- Ela teve filhos? - Sorrio abertamente. - Que bom! Graças aos deuses!

- Sim, os empregados agora tem liberdade absoluta em certos pontos. - Disse ele e eu sorri. - Mari... Você lembra-se do meu aniversário? Aquele que meu pai me deu um cachecol?

- Sim. - Mordo o lábio, pois sabia que não foi o pai dele quem deu o cachecol a ele. E sim eu.

- É estranho, mas ele estava com o cheiro do seu perfume. - Ele diz e se apoia na mesa. - Você me deu, não foi?

A baixo o olhar e confirmo com a cabeça.

- Nathalie deve ter pegado e ter fingido que era do seu pai. Eu coloquei um papel assinado, mas aparentemente ele foi jogado fora... E você estava tão feliz, não queria estragar sua felicidade. - Digo meio hesitante.

- Obrigada, novamente. - Ele sorriu.

A comida chegou minutos depois. Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios e lembrando-se de nosso passado, os bons momentos. Ele riu quando viu minha expressão diante do dia do vídeo game, meu rosto ficou tão vermelho quando flashes daquele dia apareciam em minha mente, e ele continuou a rir.

- Você lembra-se da Ladybug? - Perguntou, de súbito.

Deixei o garfo cair e minha mão esbarrar no prato, fazendo-o cair junto com o talher no chão.

- L-Ladybug?! É claro que lembro! Ela e o Chat Noir não? Eles eram os maiores heróis de Paris. - Sorri, desajeitada.

- Eu tive um sonho estranho essa semana. - A expressão dele ficou séria. -... Sei que posso confiar em você.

O garçom rapidamente chega e arruma a mesa e limpa o chão, retirando-se.

- Claro que pode. - Murmuro, olhando para ele. - Que sonho?

- Ladybug caia de um prédio... Era na Espanha. - Ele murmurou. Arregalei os olhos. - Ela tentou se salvar com o ioiô, mas não conseguiu e o Chat pulou atrás dela e acabou... Não conseguindo salva-lá.

- Engraçado... - Murmuro. Nesse momento não tive a consciência do que falei. -... Tive o mesmo sonho. Será que está acontecendo algo com... Eles?

- Você? - Ele arregalou os olhos, depois estreitou os mesmos. - Tudo bem, podemos investigar... Pesquisar, sempre tem matéria nova na Espanha todo dia, eles são muito pontuais.

- Ótimo. Amanhã, então? - Pergunto nervosa. - Preciso ir... Voltar ao trabalho. Tenho um artigo para montar até sexta.

- Vamos colocar isso a prova. - Ele diz, pegando minha mão.

Concordo com a cabeça.

Uma coisa ele tinha razão: Algo estava muito errado nessa história.


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