Capítulo 04 - Marinette

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Te amo. Com todas as letras, palavras e pronúncias. Em todas as línguas e sotaques. Em todos os sentidos e jeitos. Com todas as circunstâncias e motivos. "Simplesmente, te amo".

- Desconhecido.

- Ah, Nathanaël. - Me afasto do Adrien e entrelaço as mãos na frente do corpo, corada. - Não vi você aí. Adrien veio para a comemoração...

- É bem notável. - Respondeu seco. - Prazer, Adrien. Sou Nathanaël o NAMORADO da Marinette.

- Eu me lembro de você. - Retrucou Adrien, fuzilando-o com o olhar.

- Ah claro, "Adrien", o alvo das meninas na adolescência. - Nathanaël diz irônico. - A Marinette já tem dono.

- Acredite não quero me intrometer na sua vida com a Marinette. - Diz Adrien e revira os olhos. - Com licença, tenho mais coisas para fazer.

- Amor, não deveria ter sido tão grosso com ele. - Digo me intrometendo com certa hesitação, me aproximo e depositando um beijo em seus lábios. - Ele só tinha me convidado para dançar.

- Pode até ser... Mas você é minha Marinette! Só minha! - Disse, irritado.

Assustei-me com suas palavras e arregalei os olhos. Solto o ar e me viro, andando em direção a porta da frente.

- Quando aprender a ser menos possessivo volte a falar comigo! - Digo e bato a porta da frente.

Subo as escadas e novamente meus saltos ecoam pelos corredores do andar de cima. Me viro e entro no quarto, aproximando-me da cômoda repleta de porta-retratos.

Tinha meus preferidos, onde eu e Nathanaël estávamos na Inglaterra, viajando, logo após o mesmo se formar. Um sorriso no rosto de cada um de nós me fez suspirar e relembrar aquele dia tão incrível.

Por um lado, estava tão confusa em relação a tudo isso... Adrien voltou, estou feliz, porém não era para ele voltar e agir como se eu fosse a Marinette da adolescência! Não existe mais aquela garota, ele tem de aceitar. Agora estou namorando meu colega de classe Nathanaël e pretendo ser muito feliz com ele ainda, para falar a verdade. E o pior era que a noite só estava começando, ainda poderia acontecer muitas coisas... Estou evitando brigas e discussões!

Só queria que Adrien fosse embora. Talvez tudo volte a paz que era antes.

Ele não pode simplesmente voltar depois de cinco anos sem dar nenhuma notícia e achar que vai ficar tudo bem, que nós vamos perdoá-lo e tudo voltará a ser como era antes.

Ele não manteve contato, não tem esse direito. E nunca mais terá. É uma realidade.


Peguei o próximo porta-retrato e vi a foto da minha família após minha formatura do quinto ano. Estava com um vestido prateado colado ao corpo, já que naquela época ainda não tinha exatamente corpo e os cabelos presos com elásticos pretos em marias-chiquinhas. Não estava de maquiagem. Minha mãe estava linda e meu pai abraçado a ela. Foi um dos dias mais felizes da minha infância. Sempre fomos unidos, é claro, porém depois de ter comentado que queria um apartamento para morar sozinha eles começaram a agir estranho. Entendo se eles tiverem com medo de me deixar voar como eu deveria... Já tenho quase 20 anos. Acho que tenho esse direito. Eles precisam aceitar.

Tantas pessoas precisam aceitar a realidade e talvez uma delas seja eu. Tudo está mudando, eu sei e também sei que eu não gosto de mudanças, porém tenho que aceita-lá. Não que eu não tenha escolha, mas admito que para meu próprio bem isso deva ser resolvido. Uma confusão interna pode-se dizer.

E para confundir minha cabeça não sei se estou apaixonada por Nathanaël. Posso gostar dele, me sentir bem perto dele, porém não chega a ser... Amar. Ele tem seus momentos românticos e ciumentos, acho tudo isso bem fofo da parte dele, deve ser um sonho se casar ou ter filhos com a garota que ele sonhou ter desde o colegial e acredito que isso irá acontecer por que eu simplesmente não sei dizer não.

Coloco o porta-retrato na cômoda novamente e me viro, olhando para a janela. Não tirava Adrien da cabeça. Será que ele ainda estaria lá em baixo? Improvável. Depois do jeito arrogante do Nathanaël tenho vergonha de descer lá e falar com os convidados que viram aquele vexame.

Juntei forças e abri a porta, ajeitei meu vestido e desci a escadas enquanto tentava ajeitar meu cabelo e adivinhar se minha maquiagem ainda estava impecável até desviar meu olhar na direção em que um solo distante de violão começou a tocar. Levantei a cabeça e vi Nathanaël com a alça do violão atravessado nas costas enquanto dedilhava as cordas como profissional. Um sorriso iluminava seu rosto. As pessoas começaram a se afastar para me dar espaço enquanto ele se aproximava e começava a cantar com uma luz focada em si e uma voz suave percorrer o local como o vento...

Pode me Procurar

Quando você estiver sozinho, Se afogando.

E você precisa de uma corda que pode puxá-lo em

Alguém irá joga-la

E quando você estiver medo De cair

E você precisa de uma maneira de se sentir forte novamente

Alguém vai saber que ele

Quando você não

Quando você não

Se você quer chorar Eu serei seu ombro

Se você quer rir Eu serei o seu sorriso

Se você quer voar Eu serei seu céu

Tudo o que você precisa é o que eu vou ser

Você pode vir a mim

Se você quer subir Eu vou ser você escada

Se você quer rodar Eu vou ser o seu caminho

Se quiser um amigo, sem importar quando.

Tudo o que você precisa é o que eu vou ser

Você pode vir a mim

Sim... - Austin e Ally, You Can Come To Me (Pode me Procurar).

Ele parou de cantar olhando fixamente para meus olhos que estavam completamente surpresos. A música era linda e ele sabia ser romântico quando queria...

- Eu te amo e... - As pessoas estavam gravando aquilo? -... Nunca foi minha intenção te magoar ou parecer possessivo. Eu só queria seu bem. Você me perdoa?

Ouvi as meninas suspirando. Todas queriam ter um Nathanaël em suas vidas... Porém eu não tinha certeza. Novamente não consegui dizer não.

- Claro que te perdoo. - Sussurro e colo nossos lábios em um beijo calmo. Logo ele se afasta e estende a mão na minha direção, retirando a alça do violão e dando o mesmo para alguém próximo a ele. - Quer dançar comigo?

- Por que não? - Abro um sorriso e pego sua mão, ele me roda e direciona na direção da pista movimentando seu corpo junto ao meu numa dança tão envolvente e divertida.

As pessoas ainda estavam observando, porém algumas dançavam e cantavam a música que tocava. De longe vi o olhar da minha melhor amiga cair sobre mim e sorri em sua direção. Ela não sorria assim como Nino que estava ao lado dela.

Esqueci-me de contar a Alya que estava namorando Nathanaël faz quase dois anos.

Tentei falar algo, porém Nath me rodou e eu fui parar do outro lado da sala, depois me puxou para si e quando olhei na direção de onde deveria estar Alya, ela não estava mais lá. Apenas Nino.

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