Capítulo 17 - Marinette

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"Você pode mentir para todos, menos para si mesmo. Não tente mentir para si mesmo de algo que você não é, pois sabe que essa mentira o levará a ruína."

- Desconhecido.

Transformações

Parte 2

Meu coração disparou ao ouvir a voz dele, que por algum motivo que eu desconhecia diante das circunstâncias substanciais, eu não sabia. Na verdade, não é que eu não sabia. Era outra coisa, era o medo. Medo depois de tudo o que houve. Ter que encará-lo ou ouvir sua voz novamente. No momento, pensei que não iria conseguir.

- Está tudo bem, Marinette? - Perguntou Adrien, olhando-a por cima da pequena tela do Notebook.

- Essa é a voz do Adrien? - Perguntou Nathanael, um pouco alarmado. - Você está no quarto com ele? Meu de...

- Chega! - Gritei, atraindo a atenção de todos os clientes na cafeteria, até de Adrien, que me olhou assustado. - Nathanael, eu não lhe devo nenhuma satisfação de onde eu estou e com quem eu estou. Você nem deveria ter me ligado para início de conversa, porque você é um idiota ciumento que merece sim passar por essas merdas para dar conta de si mesmo! Eu estou com Adrien sim, e estamos dando continuidade a nossa pesquisa. Eu vou desligar, porque não posso mais perder meu ar e minha saliva e muito menos minha paciência discutindo com você!

Coloquei o telefone com força na mesa, causando uma pequena rachadura na tela do mesmo. Tinha encerrado a ligação.

- Está tudo bem? - Murmurou fechando o computador e se debruçando em minha direção.

- Não, não está! - Digo olhando-o, me levanto e respiro fundo. - Como você consegue ser tão lerdo? Como você não conseguiu enxergar por todos esses anos?! Como você não falou nada? Se você tivesse falado alguma coisa, eu não estaria passando por isso!

Evitei a parte em que eu falava: "Nós estaríamos juntos!", porque achei melhor não adicionar a nossa breve discussão sobre um assunto que ele não estava entendendo. Era melhor assim. O silêncio, às vezes, é a melhor opção. O melhor remédio.

- Eu te amo, sempre te amei! - Gritei após alguns minutos reinando no silêncio, cansei de ficar calada e guardar isso por tanto tempo.

No mesmo instante que vi seus olhos se arregalarem de modo assustado, me arrependi da minha própria existência lúcida. Arrependi-me por ter falado aquilo no mesmo instante em que vi seu movimento súbito de agarrar meu pulso, girei meu corpo e deixei a cadeira cair para trás enquanto corria até o lado de fora da cafeteria. Tikki tentou falar comigo, mas eu a ignorei. Corri o máximo que podia ate uma das entradas para o subterrâneo, onde ficavam as estações de metrô.

- Tikki, transformar! - Gritei, após verificar se estávamos sozinhas.

Achei, por um momento, que havia se esquecido da sensação de estar me transformando em uma das minhas versões de mim mesma. Mas na verdade, nunca me esqueci da sensação de liberdade quando você está finalmente se tornando à pessoa que sempre quis ser.


Abri os olhos e percebi que finalmente, depois de tanto tempo, voltei a ser quem eu realmente me identificava como meu verdadeiro eu. Usei meu ioiô para sair daquele lugar e pular de prédio em prédio, evitando ser vista ao máximo. Sabia que geraria fofocas, novas teorias, novos casos de aparecimento e isso daria uma confusão. Eu só queria fugir um pouco do que todos chamavam de vida, e outros, de rotina.

Por um momento, enquanto pulava de prédio em prédio, correndo por entre os telhados e desviando das chaminés, pensei que Chat Noir poderia estar por aí. Em algum lugar, vivo, bem. Eu pensei nele depois de tanto tempo. Na verdade, eu nunca me importei tanto quanto ele se importava comigo. Eu nunca gostei dele de fato, mas ele sempre demonstrou seu amor por mim. Hoje, percebo como fui egoísta com ele. Não era certo tratá-lo daquele modo, mesmo que eu não sentisse o mesmo.

- Ladybug! - Gritou uma voz estranhamente conhecida por mim, o que foi uma surpresa.

- Chat Noir? - Pergunto com os olhos arregalados, virando-me bruscamente para olhar o homem de traje preto com o bastão girando entre os dedos.

- O que está fazendo aqui? - Perguntou igualmente surpreso.

- Eu que pergunto! - Retruco.

- Procurando uma amiga. - Ele respirou fundo, depois desviou o olhar. - Ela se declarou para mim e...

- Espera... O que faz aqui? - Pergunto um pouco chocada. Eu estava confusa, de fato. - Você ganhou seu Miraculous novamente?

- Trabalho. - Respondeu suspirando. - Sim, aparentemente ganhei. Vim resolver o tal problema do vilão. Soube que a geração recente morreu por um breve engano.

- Engano? - Pergunto olhando-o. - Acho que não teve engano algum, apenas falta de cuidado e de experiência.

- E você?

- Trabalho. - Suspirei.

- Bem, eu vou continuar a busca. - Ele virou-se, pronto para ir embora, quando me toquei de algo.

- O que aconteceu com a sua amiga? - Perguntei baixo. Aquela história estava estranhamente familiar.

Ele virou-se para mim e me encarou, do outro lado do prédio. Os cabelos loiros voando com a brisa fresca vinda do norte, enquanto os olhos completamente verdes me encaravam intensamente. Ele não estava confiante como há cinco anos, ele estava com medo. Medo, talvez, de algo que eu não pudesse saber o que era. Ou ele não queria me contar.

- Vai me contar, ou não? - Pergunto olhando-o.

Lembranças giravam, davam voltas, depois voltavam, passavam como um filme e depois faziam todo o processo novamente enquanto o encarava. Acabei lembrando-se de milhares de coisas que pensei que nunca mais precisasse lembrar.

- Uma amiga disse que me amava e... - Ele suspirou novamente, desviando o olhar. - Eu não a amo. Eu... Gosto dela, sim, mas não tanto quanto amei você em toda a minha vida, mas... Como vou dizer isso a ela? Como vou rejeitá-la sem contar quem eu sou?

- A sua história é parecida com a minha. - Murmuro baixo, desviando o olhar.

Ele ergueu a cabeça e, por um momento, vi a imagem de Adrien sobrepondo seu corpo.

- Adrien?

- Marinette?

Para comemorar a lembrança dos nossos heróis e shippers supremos!

Estou de volta, palmas para a garota que superou um fora e ainda por cima está viva e só chorou dois dias seguidos! Parabéns pra mim que precisou de quase um mês para escrever esse capítulo :3

Obrigada pelo carinho e pela paciência,

~Lay.

OBS: Até que enfim eu consegui encaixar a revelação da identidade de cada um na história. Espero que tenham imaginado como eu imaginei, e que tenham gostado como eu gostei! <3

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