Capítulo 11 - Marinette

3.9K 419 349
                                    

"O maior erro que você pode cometer, é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum."

- Elbert Hubbard

No caminho de volta para casa foi uma confusão de sentimentos. Olhava para os lados e via casais de mãos dadas andando pela rua e meu coração apertava, fechei meus olhos por um breve momento e me perguntei: Por que não posso ser como os outros? Por que ser Ladybug mudou tanto a minha vida, se agora, não faz mais sentido lutar pelo meu outro eu? Por que continuo enganando a mim mesma?

- Com licença... - Murmurou um senhor, ele segurava nas mãos um cobertor em pedaços e um pedaço de papelão. - Será que a senhorita não teria um pedaço de pão para me dar...? Um copo de água, talvez. Estou com fome, por favor.

Olhei para o homem e suspirei, coloquei um sorriso gentil no rosto e me aproximei, agachando em sua frente tirei meu sanduíche de pasta de amendoim da bolsa que não comi no almoço e estendi em sua direção.

- Pode ficar senhor. - Murmurei, sorrindo. - Tenha uma boa noite.

- Pra senhorita também, moça boa. - Murmurou com um sorriso, pegou o sanduíche e começou a comer.

Virei-me e segui pela rua, olhando para baixo. Eu fui escolhida para ser Ladybug por um motivo, não poderia deixar essa questão de lado. Voltar para a Espanha para saber o que aconteceu com a geração atual é praticamente minha obrigação, mesmo dizendo para Tikki que não iria me envolver novamente nos assuntos dos Miraculous.

Peguei o telefone em minha bolsa, que a essa altura já tinha umas três ligações acumuladas do Nathanaël, e retornei uma de suas ligações. Alguns segundos depois ele atendeu, sua voz estava elevada ao falar pelo aparelho.

- Onde você está? Sabe que horas são? - Praticamente gritou.

- Calma Nathanaël! - Digo, bufando. - Já avisei, quando volto tarde para casa é por que estou resolvendo problemas na empresa.

- Marinette, pare de mentir para mim! - Disse irritado.

- Como assim? - Murmuro, atravessando a rua e apressando-me em pegar um táxi.

- Eu sei que você estava com o Adrien. - Murmurou. - Por quê? Eu te pergunto: Você o ama?

- Do que você está falando, Nathanaël? - Digo, revirando os olhos após dizer meu destino para o taxista. - Somos colegas de trabalho, é claro que eu estaria com ele! Falando nisso, precisamos conversar sobre uma viajem que terá no trabalho.

- Ah claro! Deixa-me adivinhar, você vai com ele? - Murmuro, pude vê-lo na minha cabeça passando a mão nos cabelos ruivos, claramente frustrado.

- É claro que vou com ele, Nathanaël! Ele é meu colega de trabalho, nem amigos somos direito. Você fica me aprisionando, realmente não entendo você! Isso é ciúme? Por favor, me explique! - Digo, irritada.

- Você não acha que é coincidência ele voltar para sua vida depois de cinco anos longe de você? Assim, num piscar de olhos?! - Ele eleva a voz novamente.

- Olha, eu agradeço por tudo que me fez nesses últimos anos, mas não posso deixar de falar com o Adrien só por que você não quer ou esta com esse seu ciúme bobo! Não somos mais adolescentes, temos uma vida, trabalho, responsabilidades! Deixa de ser infantil e olhar para si mesmo Nathanaël! Eu estou com você por que você foi algo importante na minha vida, não enxerga isso?! Desisto de tentar entendê-lo. Estou em casa daqui a alguns minutos. - Digo e encerro a ligação, enfiando-o com certa brutalidade na minha bolsa.

- Problemas no paraíso, moça? - Murmurou o taxista, olhando-me pelo retrovisor.

- Nunca chegou a ser um paraíso, para falar a verdade... - Murmuro, suspirando.

- Entendo. - Murmurou, suspirando. - Chegamos boa sorte moça.

- Obrigada. - Sorrio e entrego o dinheiro para ele antes de sair do carro.

Tiro as chaves de dentro da bolsa e abro a porta, tiro os sapatos e sigo para dentro rapidamente. Penduro minha bolsa e sento no sofá, minutos depois Nathanaël sai da cozinha e senta ao meu lado no sofá.

- Vou dormir cedo, tenho que acordar bem disposto amanhã. Tenha uma apresentação de slides dos meus desenhos. Tem janta na geladeira, só esquentar. - Disse com uma voz submersa.

- Espera... - Murmuro, olhando-o. - Precisamos conversar. Vou... Viajar, para a Espanha a negócios semana que vem, precisamente no sábado agora.

Ele arregalou os olhos, apertou as mãos em punhos e me assustei, por um momento pensei que ele iria levantar a mão para me bater, porém ele suspirou e relaxou o corpo.

- S-Se você for... - Murmurou, apertando os olhos. -... Não garanto que estarei aqui quando você voltar.

- Como? - Murmurei. - Não acredito nisso, Nathanaël.

- Eu estou dizendo. - Ele murmurou, levantou-se e se trancou no quarto de hóspedes.

A baixei a cabeça, olhando para meus pés emersos a substância que fazia cócegas sobre minha pele sensível. Minha única e primeira opção que veio a cabeça foi pegar o telefone e ligar para Alya.

- Amiga? - Disse Alya, bocejando. - Espero que tenha bons motivos para me acordar a essa hora.

Quando percebi, lágrimas escorriam pelo meu rosto e logo o choro silencioso se transformou em soluços compulsivos.

- Me desculpa... - Murmuro, engolindo meu choro.

- Você tá bem? O que aconteceu? - Disse alarmada.

- E-Eu... - Gaguejei.

Contei a história toda para ela, desde o começo. A esse ponto, não conseguia mais conter as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Pensei várias e várias vezes em desistir da viajem para continuar com Nathanaël, será que valia mesmo a pena sair do país e perder a única pessoa que tinha ao meu lado?

- Você vai! - Gritou. - Nem que eu tenha que puxa lá por essas suas marias-chiquinhas! Estou dizendo, depois de tudo que passou com o Nathanaël, ainda insiste na sua cabeça que vocês vão se casar ter dois filhos e viver felizes para sempre?! Isso aqui não é um conto de fadas, Marinette, você vai errar, vai cair e vai ter que se levantar! Não pode fazer as escolhas erradas, ou aparentemente as certas para você.

- Não sei se consigo... Ele é tudo o que eu tenho. - Murmuro.

- Você sabe que não é assim que funciona, Mari. Você tem eu, sua mãe, seu pai, Nino e principalmente Adrien. Ele sempre se importou com você, mesmo não notando muito você em meio à multidão. Não se iluda, garota. Arrisque. Por favor, Mari, não cometa os mesmos erros. - Implorou.

Ela tinha razão.

Voltamos! Bem, devo demorar um pouco pra postar. Estou nervosa diante do resultado da recuperação, me desejem sorte!

~Lay.

SEGREDOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora