Capítulo 06 - Marinette

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"É triste amar em segredo
Sofrer por quem não merece,
Ter que passar por quem ama,
Fingindo que não o conhece."

- Desconhecido.


- Bom dia. – Sussurro ao encher minha xícara com café fresco.

- Querida, acordou tarde... Você bebeu ontem? Está com uma cara horrível... – Disse minha mãe passando a mão no meu rosto. Afastei a mesma.

- Estou. Só não dormi bem essa noite. Aceitei o emprego do Adrien, vou começar amanhã. Segunda, no caso. – Informei bebericando meu café.

- Oh ótima escolha! Já conversou com Nathanaël? – Perguntou.

- Ainda não. No almoço eu falo com ele, aproveito falo com papai também. Onde está Alya?

- Nossa! Esqueci completamente dela. Vou preparar uma mesa caprichada... – Minha mãe começou a correr pelos lados à procura da manteiga e pães recheados.

- Mãe... É só a Alya. Ela é minha amiga de infância, nunca se importou com esse tipo de coisa. Relaxa. Vou acorda-lá. – Digo já subindo as escadas.

- Vai lá! Aproveita e toma um banho gelado, está precisando! – Gritou.

Revirei os olhos com um sorriso no rosto e segui para o quarto no final do corredor, na frente do meu. Solto o ar antes de bater na porta. Ouço Alya conversando com alguém, aparentemente pelo telefone, pois não ouvia ninguém responder. Ou ela falava sozinha. Descarto a possibilidade. Ela não é maluca igual a mim. Não que isso seja ruim. Conheço-a desde criança e nunca a vi fazer isso.

- Alya? – Chamo.

- Oi! Pode entrar. Só um minuto, Nickolas. – Sorrio ao ouvir o nome.

- Licençinha! Minha mãe está louca, está colocando tudo o que vê pela frente na mesa achando que o prefeito dos Estados Unidos está aqui para tomar café! – Digo rindo. – Estava conversando com seu "Noivo"?

- Ela deveria saber que sou só eu! Não me importo desde que coma aqueles bolinhos que ela fazia quando ia para sua casa, nossa que saudade! – Ela faz uma carinha fofa. – E sim, era o Nickolas. Ele está preocupado, só isso. Ele é um fofo. Ligou-me ontem antes de dormir também.

- Que lindo! – Sorrio e sento-me ao seu lado na cama. – Então... Pensei no que você me disse ontem e tomei uma decisão um tanto arriscada devido ao temperamento ciumento do Nathanaël.

- Oww, não diga! O que? – Ela se aproximou.

- Adrien me ofereceu um trabalho na empresa do pai dele que agora é dele. – Sorrio abertamente. – E ontem eu liguei pra ele lá pras... Aproximadamente duas horas da manhã ou mais e aceitei o emprego!

- Ele não reclamou de você ter ligado há essa hora?

- Não! Ele me agradeceu! – Ela arregalou os olhos e se jogou em cima de mim. – Ai Alya! Cuidado!

- Tá brincando? Marinette...

- Para de pensar essas coisas! Agora somos parceiros de trabalho, sem pensamentos de duplo sentido. – Confirmei com a cabeça tentando convencer a mim mesma daquilo. Não estava dando certo. – Alya me ajuda!

- Pensamento positivo! Você vai fazer o que você gosta e principalmente olhar pro que você gosta!

- Isso não ajudou!

- Para com isso, vai dar tudo certo! Agora é sério, vai tomar banho garota. Esse cheiro tá infectando o quarto. – Ela tampa o nariz.

Levanto-me e dou língua pra ela, viro-me e corro para o banheiro. Tiro a roupa e entro de baixo da água rapidamente, lavando-me. Ao sair coloco um vestido largo e sapatilhas, deixo meus cabelos soltos e me direciono para o andar de baixo. Ao chegar à cozinha a mesa já estava posta e todos estavam sentados, menos Nathanaël.

- Onde está Nath, meu amor? – Perguntou mamãe.

- Trabalhando. Hoje é domingo ele recebeu uma ligação urgente então...

- O que ele faz mesmo? – Curiosa como sempre.

- Desenhos, mãe. Capas. Ele tem seu estúdio, se tiverem problemas é a missão dele como chefe e desenhista profissional ajudar sua equipe.

- Ah claro. Meio estranho isso, não? – Pergunta despertando curiosidade de todos na mesa.

- Não acho. Alya pode me passar à manteiga?

- Claro. – Ela pega o pote e coloca na minha frente.

- Pois deveria. – Disse minha mãe sentando à mesa.

- Mãe, acho melhor você cuidar da sua vida...

- Marinette! – Meu pai elevou a voz. – Olha o jeito como você fala com sua mãe!

- Ela está falando do meu namorado como se ele estivesse por aí com qualquer puta! Ele não é assim, tá?! – Grito e me levanto. – Perdi a fome.

- Marinette... – Começou minha mãe.

Corri até meu quarto e me tranquei lá, jogando-me na cama e abraçando meu travesseiro.

São todos egoístas. Depois de dois anos convivendo com Nathanaël suspeitam de traição descaradamente. Todos sabem que ele não é assim. Ele nunca faria uma coisa dessas, ou faria? Não me confunda sua mente inútil.

Não sei o que aconteceu depois, só sei que adormeci pelo cansaço do dia anterior.

---

- Mari? – Acordei com uma voz grossa no meu ouvido.

- Nath... – Vi olhar dele cair sobre mim. – O que você está fazendo aqui?

- Vim... Chamar-te para almoçar. –Ele sussurrou olhando para meus lábios. – Sua mãe está te chamando. Achamos melhor não acordar você.

- Passei a manhã toda dormindo? – Arregalei os olhos e levantei. – Meu deus.

- Calma. Tudo bem. – Ele sorriu e me abraçou.

Inclinei a cabeça para trás para olha-lo nos olhos, o que acabou se intensificando, pois ele pegou minha nuca com uma mão e a outra minha cintura, puxando-me para si.

- Nossa... – Sussurrou roçando os lábios dele no meu. -... Você é linda.

- Obr... – Ele me interrompeu com um beijo.

Entrelacei os braços em seu pescoço, logo suas costas chocaram contra a parede. Seus beijos se intensificaram logo percorrendo meu pescoço o que me fez despertar de meus devaneios e me afastar.

- T-Temos que descer. Não se esqueça. – Coro violentamente e ajeito meu vestido, logo saindo do quarto.

O que aconteceu ali?

- Mari, está atrasada. Onde está Nathanaël? – Perguntou Alya já sentada à mesa. – Seus cabelos estão...

- E-Eu estava dormindo. – Sussurro e arrumo-os rapidamente. – Desculpe. Ele teve de ir ao banheiro e...

- Estou aqui. – Ele desceu as escadas arrumando seus longos cabelos ruivos. – Vamos comer? Estou faminto.

- Claro. – Sorri, sentando-me ao lado dele na mesa.

Logo todos ocuparam seus devidos lugares. A comida estava ótima e eu estava adiando o assunto do meu novo emprego. Sei que Nathanaël não gostaria muito da notícia, é bem o jeito dele. Apesar de ele estar de bom humor devido ao acontecimento no quarto. Se eu não impedisse, aquilo poderia ter ido longe demais.

- Mari? Seu pai disse que tem algo a me contar. – Chamou-me Nathanaël.

Solto o ar dos pulmões e lanço um olhar mortal para meu pai, ele apenas dá de ombros com um sorriso amarelo.

- Arrumei um emprego. – Nathanaël sorri.

- Parabéns! Onde é?

- Na... Empresa do Adrien. Aquele edifício que trabalha com designer de roupas. – Sussurrei com medo de sua reação.

- O que? – Ele elevou a voz. Todos da mesa direcionaram o olhar para ele.


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