Capítulo 40

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Tate

Devlon me levou até a sala do trono e eu o segui em silêncio profundo.

O rei estava sentado em seu trono, com sua coroa de ouro e ônix sobre os cabelos castanho-avermelhados compridos até o queixo. A barba ainda estava ali, assim como o cavanhaque.

O trono do seu lado esquerdo estava vazio e me perguntei se ele deixaria Zara se sentar ali novamente algum dia.

Devlon fechou as portas atrás de mim e permaneceu do lado de dentro. Não havia sinal de Akila ou qualquer outra pessoa.

Os tronos estavam numa plataforma elevada por quatro degraus de mármore branco e eu o reverenciei no primeiro deles.

O rei fez um gesto para que eu me levantasse e eu o fiz.

"Então, comandante, como vai minha feérica?" O rei perguntou.

Meu estômago se revirou mas eu mantive minha voz firme. "Viva, Majestade. Elan a tirou da cela depois de algumas semanas pois ela estava morrendo com infecção. Ela foi útil e limpou diversas salas enquanto era prisioneira. "

O rei inclinou a cabeça, fazendo sua coroa brilhar por causa do mosaico colorido atrás do trono."Então ela não é mais uma prisioneira?"

Droga, droga. Péssima escolha de palavras.

"Sim, Majestade. Perdoe meu erro com as palavras. " Eu abaixei a cabeça em submissão.

O rei cruzou as mãos na barriga e esticou as pernas. "Como ela tem sido útil nesses meses aqui, comandante? Já tem mapas e todo o esquema de defesa marítimo dos feéricos?"

Eu franzi o cenho,confuso. "Não acho que tenha entendido muito bem, Majestade."

Ele esboçou um sorriso frio."Ela deve ser mais útil do que como uma criada. Me diga que você usou-a para descobrir tudo sobre os feéricos. "

Eu me encolhi minimamente, de repente desejando que alguém mais estivesse ali.

" Não, Majestade, eu não usei."

Ele bateu com o punho fechado no braço do trono."O que tem feito com a feérica além de dormir com ela, Tate?"

Eu me encolhi com seu grito. "Eu não dormi com ela, Majestade."

O rei me deu um sorriso sarcástico e carregado de uma malícia que eu não entendi. Ele bateu duas palmas e o som arrepiou todos os pelos do meu corpo.

As portas se abriram e a primeira pessoa que eu vi foi Acel, sua expressão de pedra me assustando. A segunda foi Asa, que era arrastado por ele. Ela ainda vestia as mesmas roupas de antes e estava descalça.

Mais guardas entraram. Kayoh e Lorrinton arrastando Elan, Wellar arrastando Khalia e Zara e Navir puxando Caspiel. Devlon fechou a porta com expressão de ferro.

O rei parecia se deliciar com a cena e eu estava horrorizado em meu lugar.

Acel chutou a parte de trás dos joelhos de Asa, que caiu dolorosamente sobre o degrau de mármore. Elan parecia confuso e lutava para chegar em Khalia, amaldiçoando Wellar a cada passo.

Uma cacofonia estridente me mantinha em meu transe, olhando em choque para todos.

O rei bateu com o salto de sua bota no chão três vezes e o barulho calou a todos.

Zara foi aquela que rompeu o silêncio."O que está fazendo?" Ela soava calma e inabalável.

O rei riu de sua calma. "Por isso eu me casei com você. Pena que é uma traidora como todos eles. " Ele gesticulou para nós. "Eu vou cortar o mal de minha corte pela raiz hoje, mulher, de uma vez por todas. "

Ele baixou o olhar para Asa no chão, que o olhava fixamente, o rosto em branco.

"Tudo começou quando essa aí chegou. Derreteu seus corações humanos. De todos vocês. Até mesmo de Caspiel. Meu próprio filho a tirou da cela, minha nora é amiga dela, meu lorde caiu em suas graças, minha esposa a olha como se fosse pular na frente de uma espada por ela e meu comandante...Meu comandante é meu maior desgosto. Não posso acreditar que se apaixonou por ela, Tate. " Ele fez uma cara de nojo para cada um de nós, especialmente para mim.

Eu tentei achar minha voz para negar, para confirmar, para qualquer coisa...Mas eu não achei. Não sabia onde estava minha voz e nem sabia mais como me mexer. Era como se eu olhasse pelos olhos de outra pessoa.

O rei se levantou e circulou pelo salão. "Há um lugar nesse continente para sua gente, feérica. Há um lugar escuro ao lado de uma floresta sombria."

Eu sabia de onde ele falava. Eu queria gritar com ele, queria fazer qualquer coisa.

Zara soluçou perto de mim e Khalia murmurava algo ininteligível.

"Sua gente não gosta muito da casa que eu construí especialmente para vocês." Ele parou na frente dela e se abaixou.

Ele segurou firmemente o queixo dela, fazendo-a olhar para ele.

"Já ouviu falar de Carage?"

Eu caí de joelhos, o impacto enviando uma corrente de dor profunda por minhas pernas.

Carage.

Carage.

A fortaleza de tortura do rei de Callahan.

O Reino de AçoWhere stories live. Discover now