Capítulo 11

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Asa

Eu acordei com barulho de alguma coisa pingando.

Tentei mexer a cabeça mas ela latejava de dor. Me encolhi e percebi que mal conseguia movimentar a perna.

Abri os olhos e vi uma corrente com uma extremidade no chão e a outra na minha perna.

Eu estava numa cela cinzenta com barras de ferro e não conseguia ver nada do lado de fora das barras, além de mais parede cinza.

Meu vestido estava em frangalhos, rasgado em diversos pontos e com um rasgo maior até o meio da minha coxa.

Puxei o tecido e rasguei o vestido até que ficasse de um tamanho adequado para que eu corresse, se necessário.

Eu estava faminta, sedenta e morrendo de dor na têmpora esquerda.

Corri meus dedos pelo meu cabelo e notei algo incrustado em meu cabelo perto da orelha esquerda. Puxei uma mecha que estava vermelha. Sangue seco.

Corri o dedo pela minha têmpora e senti a ferida onde o humano bastardo devia ter me golpeado.

Eu não sabia o que deveria sentir. Não sabia para onde estava indo e o que fariam comigo quando chegássemos lá. Não sabia se Kaiden estava morto ou se alguém já estava procurando por mim.

Eu sequer sabia onde estava no momento.

Ouvi uma porta ranger ao ser aberta e passos pesados no que pareciam ser degraus de uma escada pequena de metal.

Eu tentei não me encolher quando ele me olhou pelas barras.

Ele era maior do que eu me lembrava, provavelmente um e noventa de altura, com cabelos loiros compridos presos firmemente atrás da cabeça. Ele tinha olhos de um azul cristalino intenso. Ele era musculoso e eu podia ver isso mesmo através da armadura de couro. Ele tinha uma expressão séria, quase irritada.

Ficamos em silêncio, apenas nos encarando e medindo um ao outro, até que ele falou.

" Eu não quero saber seu nome, quem você era ou se podem pagar seu resgate. Nada disso me interessa. De agora em diante, é prisioneira do rei de Callahan até o fim de sua vida ou até que ele ordene que eu a liberte. O que acontecer primeiro. " Ele disse, com a voz polida e livre de qualquer emoção. " Não vai saber meu nome até que eu te diga. Não vai falar ou fazer nada sem que eu mande, se não você irá apagar depois de uma pancada feia. "

"Onde está me levando?" Eu perguntei, minha voz rouca pela sede.

Ele parecia irritado por me ouvir falando mas eu não me importei.
" Você está dentro de um barco real, indo para o porto de Callahan. De lá, iremos para o castelo real. " Ele disse, apertando os dedos ao redor das barras.

Dei de ombros e me virei de costas para ele. Ele grunhiu alguma coisa ininteligível e eu o ouvi pegar alguma coisa.

Virei a cabeça por cima do ombro e vi que ele abria a porta para colocar uma bandeja de comida no chão da cela.

" Porque está fazendo isso? Me alimentando? " Perguntei, sem me mexer na direção da comida, embora meu estômago protestasse.

" Até meus prisioneiros precisam comer." Ele disse e foi embora, trancando a porta de metal.

Me aproximei o máximo que conseguia da comida sem que machucasse minha perna acorrentada. Tive que me esticar um pouco para puxar a bandeja.

Nela havia o que parecia ser arroz empapado, carne de porco e cenouras cozidas. Havia um pedaço de pão velho e um copo de água.

Cheirei tudo antes de comer. O gosto era horrível. Até mesmo a água tinha gosto ruim. Mas comi mesmo assim, meu estômago doendo menos a cada colherada. Ele fora esperto ao não me dar talheres pontiagudos.

Quando ele voltou, algum tempo depois, parecia surpreso ao me ver na mesma posição de antes mas com a bandeja vazia.

" Achei que não podia tocar o ferro." Ele disse, mais para si mesmo.

"Mentira. Alguma das mentiras que contaram para você sobre feéricos antes de dormir." Respondi, sem me importar de usar um tom educado.

Ele grunhiu e bateu a porta da cela com tanta força que eu pulei de susto.

Ele saiu batendo suas botas pelo chão e tornou a bater a porta de metal.

Encostei a cabeça em meu joelho e rezei aos deuses para que aquilo fosse só um pesadelo.

Não era só um pesadelo.

Percebi isso assim que senti o navio parar.

O humano voltou para me tirar da cela e não foi nada gentil ao tirar minha corrente da perna e me colocar algemas. Também não foi nada gentil ao me empurrar escada acima.

Quando chegamos no deque, a plataforma que ligava o barco ao cais já estava posicionada.

Um homem negro e bonito estava parado do lado firme da coisa, me olhando como se pedisse desculpas.

O humano loiro me arrastou pelo braço--onde eu sabia que ficaria roxo mais tarde--até onde cavalos esperavam.

" Você vai cavalgar com ela?" O homem negro perguntou ao loiro.

O loiro riu e tirou uma corrente longa de uma bolsa na sela. " Quem disse que ela vai cavalgar? "

Não acreditei quando ele juntou minhas algemas à corrente e a prendeu ao cavalo. Ele realmente me faria ir a pé por sabe-se lá quanto tempo.

As pessoas no cais me encaravam descaradamente, como se eu fosse alguma aberração. Bem, provavelmente era naquele continente.

O humano loiro me arrastou pelo cais, dois homens indo na frente e o negro indo atrás com o loiro. Eu sabia que era uma espécie de troféu para o loiro e eu o odiava por aquilo.

Então eu segui-os, caminhando amargamente atrás dos humanos bastardos e perguntando para mim mesma se os deuses haviam me reservado uma morte tão cruel.

O Reino de AçoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant