O Reino de Aço

Capítulo 24

Asa

Alguém bateu à minha porta e eu pulei de susto. Sabia que Tate havia me pedido para ficar no quarto por causa do tal lorde Caspiel, mas alguém estava na porta.

Debati durante alguns segundos, pesando se seria melhore esconder debaixo da cama, achar uma arma ou simplesmente abrir a porta. Quando havia me decidido de que, se fosse o lorde, ele não seria uma ameaça direta, ouvi uma voz feminina na porta.

"Asa, sou eu. Khalia. "

Uma espécie de alívio me atingiu e eu corri para abrir a porta.

Assim que abri, ela sorriu para mim. " Gostaria de passear?"

Franzi as sobrancelhas. " Tate me disse sobre um lorde..."

O sorriso dela se alargou. " Isso foi ideia de Tate. O passeio. Vou te ajudar com as orelhas e, caso Caspiel a veja, direi que é uma prima minha que está visitando o castelo."

Tentei conter um sorriso. " Identidade falsa?"

Ela riu. " Apenas o sobrenome. Não pode usar o nome Elladrin por aqui se não quiser que saibam que você é feérica e da realeza. Agora, enquanto Caspiel estiver aqui, você é Asa Lorelly, filha da irmã mais nova de minha mãe. "

Ela enganchou seu braço no meu e me puxou delicadamente para fora do quarto. Eu ainda estava com a roupa de cedo, quando encontrara Tate.

" Mas mesmo que eu seja sua prima, ele ainda pode me cortejar." Eu disse.

" Ah, sim. Você é comprometida. Pode usar o nome que quiser para seu suposto marido. Está aqui para me contar de seu noivado."

Eu sorri. Gostava do plano.

☆

Embora eu nunca tivesse realmente conversado com Khalia até então, quando nos sentamos na grama, foi como estar com Raksha.

As duas eram muitos parecidas em diversos aspectos. Eram fortes, com personalidades fortes e determinadas, tinham uma tenacidade e intensidade que eram marcantes. E os olhos...os olhos das duas tinham aquele fogo contido.

Havíamos colocado massinha da cor de minha pele para tornar minha orelha arredondada. De perto, estava um pouco irregular mas de longe e com cabelo cobrindo, era perfeito. Khalia era artista e fazia desde quadros até esculturas.

Elan foi me visitar de noite. Ele disse que se sentia mal por eu ter de jantar sozinha então me fez companhia depois do jantar dele.
Perguntei porque eles estavam com tanto medo que Caspiel me visse se o assunto era só o cortejo, que poderia ser educadamente recusado.

Ele balançou a cabeça e segurou minha mão. " Asa, não é tão simples assim. Não é apenas pelo cortejo. Sei que poderia lidar com ele. Mas se ele soubesse que o império de Callahan mantém uma feérica como convidada, ele poderia usar a informação e manipulá-la como quisesse. Duques, condes, lordes e todo tipo de nobreza poderia se virar contra nós por ter amizade com uma inimiga."

Eu pensei por um momento, imaginando a situação. Sabia que se meu povo odiasse os humanos como eles me odiavam, eu também não ficaria nada feliz se Orlon mantivesse um humano em seu palácio.

Eu assenti. " Entendo. Prometo fazer o que estiver ao meu alcance para ajudar vocês. "

Ele agradeceu e apertou a mão que ainda segurava.

Então me lembrei de uma pergunta que vinha querendo fazer a ele.

" Elan, sua mãe...ela está viva?" Tomei cuidado com meu tom.

Ele riu. " Sim. Minha mãe e meu pai tiveram um casamento arranjado, diferente de Khalia e eu. E eles se odeiam. " Ele riu. " Assim que deu um herdeiro para ele, ela mandou construir uma casa de campo bem longe daqui, onde mora. Não sabe como isso irrita meu pai."

O sorriso dele sumiu e ele deu de ombros. " Meu pai pode não ter uma mulher para sentar no trono ao seu lado durante festas e reuniões mas ele tem muitas mulheres para aquecer sua cama à noite. " Ele parecia querer vomitar em algum lugar.

"Ele tem alguma...oficial?" Eu perguntei. Sabia que Isobel tinha seu próprio amante e era de conhecimento geral.

Ele riu amargamente. " A odiada Kaya Dromnam. Era uma vadia qualquer antes de meu pai se apegar à ela. Mudou de nome, personalidade e aparência quando foi quase nomeada a meretriz do rei."

"Onde ela está? " Perguntei, apertando a mão de Elan.

"Meu pai construiu um palacete para ela, não muito longe daqui. Graças aos deuses, eu só a vi poucas vezes e a odiei desde a primeira vez."

"Sinto muito. Por seu pai, sua mãe..."

Ele sorriu tristemente para mim. " Isso, Asa, é a realeza."