Capítulo 29

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Tate

Eu quis bater diversas vezes em Caspiel na semana que se seguiu.

O maldito lorde havia conseguido fisgar Asa para o lado dele e aquilo estava me deixando cada vez mais mal-humorado.

E vê-la junto com ele todos os dias depois daquela maldita noite não ajudava.

Akila nem Elan se meteram.

Sabiam que algo estava errado e sabiam que eu estava prestes a quebrar o lindo rostinho de Caspiel.

Um dia, de tarde, eu estava treinando longe de todos os soldados, perto da margem da floresta, quando Akila se aproximou. 

" Veio derrubar umas árvores,  comandante? " Ele brincou.

Eu o ignorei e continuei socando o tronco da árvore,  mesmo que aquilo deixasse meus punhos em carne viva.

" Vai na festa amanhã? " Ele insistiu. 

" Sabe que eu vou." Eu respondi, direta e firmemente. 

A festa do exército era uma celebração anual para deixar os homens felizes. Uma noite toda num bar fechado para nós e algumas prostitutas à disposição,  tudo bancado pelo rei.

Akila torceu o nariz.  " Vai chamar Asa?"

Eu soquei o tronco uma última vez, ainda mais forte, fazendo a pele entre meu indicador e o dedo médio se abrir. Me virei para ele e me aproximei. 

" Então isso é sobre ela? " Eu grunhi para ele.

" Você que anda possesso de ciúmes por aí. " Ele deu de ombros. 

Minha raiva se intensificou e eu senti o sangue do meu punho pingar no chão. 

"Saia daqui. " Eu rosnei para ele.

" Não."

"Saia! " Eu gritei.

" Porque? Porque está tão bravo, Tate?"

"Akila, saia já da minha frente ou vou quebrar seu maldito nariz. "

"Isso tudo é pela Asa?" Ele perguntou,  com uma sobrancelha erguida.

" Não toque no nome dela. " Eu gritei ainda mais alto.

Não senti ele se aproximando até que seu punho se chocasse contra meu queixo. Meu rosto todo tremeu e a dor irradiou por todo canto, me fazendo perder a visão por um segundo. 

Cambaleei para trás e coloquei minha mão na boca, onde eu sentia gosto de sangue. 

"O que...?" Eu comecei mas Akila me interrompeu.

" Pare de ser um babaca. Faz dias desde que você sequer olha para Asa, ainda mais quando ela está com Caspiel. Tate, conheço você há quase dez anos, portanto sei quando você está apaixonado. "

Eu queria rir com escárnio mas algo em mim dizia que ele estava certo.

"E como sabe que eu estou apaixonado? "

Ele cruzou os braços no peito. " Porque era assim quando você conheceu Hera. "

                           ★

Eu estava atravessando os corredores do castelo, num ritmo bastante rápido para um caminhar,  indo para os estábulos. 

A festa, a alguns quilômetros do castelo, já havia começado mas eu gostava de chegar quando tudo já estivesse em seu ápice. 

Pretendia beber até me esquecer de tudo, até de meu próprio nome, e dormir com a melhor garota do salão. 

E o melhor...tudo por conta do rei.

Eu estava passando pelo primeiro andar quando vi Asa. 

Ela estava completamente linda. Tão bonita que eu parei de andar e perdi o fôlego por um segundo.
Os cabelos dela estavam presos em tranças ao redor de sua cabeça e ela usava um vestido azul claro até os tornozelos. O decote do vestido era cavado e eram de alças que subiam pelo ombro mas deixavam a parte de trás,  das costas, aberta.

Ela sorriu para mim e meu coração se apertou um pouco. 

" Onde está indo?" Foi a primeira coisa que consegui falar.

O sorriso dela sumiu e suas bochechas coraram. " Caspiel disse que pediu um jantar especial para nós."

Raiva. Raiva pura como não sentia há muito tempo percorreu meu sangue e cada fibra do meu corpo. Senti o fogo queimar no meu estômago enquanto tentava me acalmar.

Eu estava tão concentrado em não caçar Caspiel pelo castelo e matá-lo aos socos que sequer conseguia formar uma frase direito.

Sequer percebi que estava andando para longe dela.

" Divirta-se." Foi a única coisa que eu conseguir dizer.

Ao chegar nos estábulos,  meu cavalo já estava selado.

Disparei com ele, já sabendo o caminho de cor até o velho bar.

Ao me aproximar,  ouvia a música alta e os gritos.

O bar, construído especialmente para aquela festa, era um armazém com a parede de trás inteiramente de vidro. Nos fundos, um amplo gramado se abria, emoldurado pela floresta que escondia os atos carnais de meus homens e das jovens pagas.
Eu amarrei meu cavalo a um enorme carvalho e entrei.

As longas mesas já estavam cheias de bêbados e prostitutas e o lugar parecia, a cada ano, mais cheio.

Assim que encostei no bar,  uma caneca gelada de cerveja veio para minha mão enquanto eu andava e bebia pelo espaço. 

Encontrei Akila num canto, conversando com alguns novatos e Devlon estava no canto oposto, sentado numa das mesas de carteado e com uma loira em seu colo.

Eu ri enquanto bebia mais um gole da minha cerveja. 

Me sentei em outra mesa de carteado e rapidamente uma morena veio para meu colo.

O rosto de Asa surgiu na minha cabeça mas eu ignorei. Puxei a morena mais para meu colo e peguei minhas cartas na mesa.

Aquela era, afinal, a festa dos soldados.

O Reino de AçoWhere stories live. Discover now