Capítulo 34

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Tate

Aqueles malditos rebeldes nunca sabiam quando parar de ser inconvenientes.

Eu tentei persuadir Asa a ficar em seu quarto mas ela disse que queria ajudar.

Um cheiro horrível queimou meu nariz e Asa engasgou, enquanto desciamos as escadas.

Então eu percebi o que significava aquele cheiro. Era uma mistura de cinzas, fumaça e gás.

Fogo.

Realmente haviam labaredas crescendo e se espalhando, a partir da entradas principal, totalmente escancarada.

Eu segurei a mão de Asa e a movi para ficar na minha frente. O ar já começava a queimar e sufocar.

Fomos para a sala de jantar mas já não havia ninguém ali.

Asa segurou minha mão e me puxou para a outra porta, que dava num corredor adjacente.

Vi uma ponta de vestido virar à direita e gritei. A cabeça de Zara apareceu ali.

Nós corremos até a rainha, que tossia. Seu rosto estava com fuligem.

"Estávamos perto da entrada quando eles entraram e jogaram cilindros, que explodiram em chamas. Fiz Elan sair o mais rápido possível daqui. " A rainha tossiu enquanto falava.

Eu passei um braço por seus ombros e me virei para Asa. "Você sabe o caminho. Nos tire daqui."

Ela correu na frente, seu vestido ondulando atrás de si. Eu mantive Zara sob minha proteção, sentindo seu suor se misturar ao meu enquanto a temperatura aumentava mais e mais.

Eu quase ofeguei de alívio quando eu vi a saída de criados para o jardim secundário.

Eu soltei Zara e ela correu para fora.

Antes que eu pudesse falar, Asa deu um passo para longe da porta. "Não, eu não vou. Ainda tem pessoas aqui dentro e você não pode salvar todos sozinho."

Eu pesei os ricos mas assenti. "Assim que as coisas começarem a ficar realmente feias, você sai, eu esteja aqui ou não."

Ela hesitou mas assentiu, então corremos de volta.

O fogo, graças aos deuses, se espalhava lentamente, mas queimava e esquentava tudo como o inferno.

Eu mal via Asa conforme nós dois vasculhamos os andares do castelo em busca de criados.

Chegamos no fim do primeiro andar e da ala de criados e eu já estava ofegando, com cinzas e fuligem cobrindo meus braços e provavelmente meu rosto.

Asa, em algum ponto, havia rasgado seu vestido até um pouco acima do joelho, para facilitar sua movimentação.

Seus cabelos estavam presos no alto da cabeça e seu rosto estava cinzento e selvagem.

Ouvi vidro se quebrar e saquei minha espada. Os rebeldes enfim haviam resolvido mostrar as caras.

"Vamos, temos que ir." Eu disse para ela, me movimentando para a porta.

Ela olhou para o jardim, o fogo avançando e subindo cada vez mais, meus pulmões já começando a xingar.

Então ela congelou e me olhou com pavor. "Caspiel ainda está lá em cima. Temos que tirar ele de lá."

Eu olhei para o fogo, que se espalhava rapidamente agora, como se qualquer que fosse o deus mantendo-o lento antes, tivesse soltado a coleira.

Eu me virei para Asa. "Eu vou. Quero que saia e fique em segurança. Vai ser mais fácil me movimentar sozinho e sem chamar atenção."

Ela parecia prestes a reclamar, mas mais vidro se quebrou e ela assentiu, com um tremor.

Eu me aproximei dela, não sabendo ao certo o que estava fazendo, e rocei meus lábios em sua testa, numa despedida.

Sem olhar para trás, eu corri em direção ao fogo, com minha espada na mão.

O caminho estava horrível para chegar até as escadas, o fogo ali já lambia as paredes e queimava a tinta, engolindo o carpete.

Eu disparei para cima, para o quarto de Caspiel.

Então ouvi um som familiar:uma espada sendo desembainhada.

Me virei, a espada em riste, e me deparei com Akila.

Meu corpo tremeu de alívio. "O que está fazendo aqui?"

"Procurando por você e por rebeldes. Os guardas dos portões estão mortos mas eu tinha um bom número aqui. A maioria está de folga ou no quartel, Tate, não conseguiram chegar antes que o fogo bloqueasse a entrada. " Ele disse. "E o que você está fazendo aqui?"

"Eu e Asa tiramos alguns criados daqui mas ela se lembrou de Caspiel. Eu a fiz ficar no jardim com os outros enquanto eu voltava."

"Venha, vamos achar esse nobre desgraçado e tirar nossas bundas daqui antes que viremos torrada."

Nós corremos em direção ao corredor de Caspiel, mas os rebeldes haviam passado por ali.

Fogo, que era impossível vir do andar de baixo, cobria o corredor, tornando quase impossível entrar.

Ouvimos algumas vozes vindo do corredor ao lado e eu olhei para Akila, esperando uma de suas ideias brilhantes.

"Eu fico com eles. Você pega Caspiel e sai daqui. " Ele disse, mais parecido com um comandante do que com um capitão.

"Não faça nada estúpido." Eu disse para ele antes de disparar para achar Caspiel.

Eu corri em meio ao fogo, sentindo a pele nos meus braços chiar com a temperatura.

Arrombei a porta dele com um chute.

O bastardo estava cochilando em sua cama. Com raiva, eu me aproximei e agarrei seu colarinho, puxando-o comigo para fora.

Ele acordou de sobressalto e tropeçou conforme nos moviamos para a porta.

"O que está fazendo, Tate?" Ele perguntou, os olhos ainda piscando com sonolência.

"Tem uma maldito incêndio e malditos rebeldes correndo pelo castelo e você está dormindo. Me agradeça mais tarde por voltar aqui." Eu disse enquanto saíamos.

Mas o fogo havia piorado no corredor, a fumaça tornando o ar denso e impossível de respirar.

Nós engasgamos e eu desabei em meus joelhos, meu pulmão entrando em colapso.

Caspiel tentou me puxar para cima, sem sucesso.

Ele tossia ainda mais que eu.

Não havia saída do ar e nem qualquer fonte de ar novo e puro.

Caspiel fraquejou ao meu lado enquanto eu caía com o rosto no chão.

Ele tossiu mais uma vez antes de dar um passo para longe de mim. "Sinto muito." Ele disse, antes de correr para o fogo, para longe, para o ar puro.

Eu só conseguia ver sua silhueta se afastando enquanto meus olhos fechavam e meu pulmão começava a entrar em colapso.

O Reino de AçoWhere stories live. Discover now