Capítulo 30

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Tate

Eu já nem me lembrava de nada no auge da festa.

A morena no meu colo fora substituída por uma ruiva e depois por uma loira. Mas todas viram que eu não tinha interesse em ir além daquilo  então rapidamente arrumaram outros colos para se sentar.

Eu ganhara todos os jogos até então e já havia perdido a conta de quantas canecas de cerveja eu tomara.

Resolvi dar meu lugar na mesa para outra pessoa,  já que meus bolsos já estavam pesados o bastante. 

Cambaleei para fora. O bar ficava numa espécie de elevação,  de onde eu conseguia ver a estrada real, os campos virgens ao lado e o castelo.

Imaginei Asa lá,  com Caspiel, e imagens muito indesejadas surgiram em minha mente. Obviamente culpei a bebida por isso.

Eu me sentei na grama verde e fiquei encarando os campos, com a minha caneca quase vazia ao meu lado.

Não sei quanto tempo fiquei alias alguma coisa, uma faísca de sobriedade começou a surgir. 

Então eu vi.

Ao longe, nos campos virgens, luzes vermelhas que se mexiam.

Olhei para a caneca e depois para a frente e então para a caneca novamente.  O que havia naquela maldita cerveja?

Tentei focar minha visão e então entendi.

Eram tochas.

As tochas se moviam rápido,  como se quem quer que estivesse segurando-as estivesse a cavalo.

Eu dei risada. As tochas eram bem engraçadas. 

Os pontos vermelhos faziam parte de uma massa escura que se movimentava e crescia cada vez mais. Eu não devia estar muito longe deles.

Eles também não deviam estar longe do castelo.

O castelo.

Eu arregalei os olhos e entendi. As tochas eram pessoas que estavam indo para o castelo.

Larguei minha caneca no chão e corri para o bar. Bom, na verdade eu cambaleei rapidamente. 

Akila me viu e veio ao meu encontro, parecendo tão sóbrio quanto como ele chegou.

" O que aconteceu? "

"Eu acho que tem alguém indo para o castelo." Eu disse, com a voz um pouco embolada.

Akila sorriu ironicamente para mim. "Unicórnios estão atacando o castelo, Tate?"

Minha sobriedade estava voltando a cada minuto que passava, mesmo que devagar.

Eu arrastei Akila para o lado de fora e apontei. As tochas estavam se aproximando cada vez mais do castelo.

" Rebeldes." Foi a única coisa que ele disse antes de correr para dentro.

A palavra me atingiu segundos depois.

Rebeldes.

Asa. Rebeldes. Elan.

Eu corri como jamais havia corrido antes, empurrei os soldados bêbados e registrei Akila falando com os poucos homens sóbrios que restavam.

Disparei para onde Bastian,  meu cavalo, estava e rapidamente o montei.

Corri como o vento em direção ao castelo, meu cavalo parecendo sentir meu desespero. 

Claro, claro que o castelo seria um alvo naquela única noite no ano onde toda a guarda e exército saíam para beber.

Eu cheguei lá pouco antes dos rebeldes.  Entrei pelo portão lateral, já que o principal estava fechado.

Disparei para dentro, deixando o cavalo solto nos fundos.

Fui direto para o quarto de Elan. Esmurrei a porta até que aquele maldito príncipe abrisse a porta. 
Ele coçou os olhos. Estava de pijamas e obviamente eu o havia acordado.

" Mexa sua bunda real. Tem rebeldes na sua porta da frente." Eu disse.

Ele arregalou os olhos. " Não brinque com algo assim."

"Estou falando sério.  Pegue Khalia e vá para o esconderijo,  vou soar o alarme."

Ele disparou para fora enquanto eu corri pelo corredor. Quebrei a tampa de vidro e ouvi o som do alarme de emergência. 

Voltei a correr, dessa vez para achar Asa.

Meu dever era para com Elan mas eu sabia que se algo acontecesse com ela. ..

Ouvi um estrondo que significava que o portão principal havia sido rompido.

Desembainhei minha espada e disparei para o quarto de Caspiel.

Esmurrei a porta mas não houve resposta.  Arrombei a porta mas não havia ninguém. 

Havia uma pequena mesa, com uma vela acesa e pela metade, com pratos de sobremesa quase cheios. Uma das cadeiras estava caída. 

Eles haviam saído correndo.

Não sabia para onde ela poderia ter ido.

Sai para o corredor e vi dois rebeldes vindo em mimha direção.  Ambos estavam mortos em alguns poucos segundos.

Desde que o rei havia ido para a casa de inverno, o número de criados havia diminuído até menos da metade,  então o castelo estava quase vazio.

Já não sabia mais onde procurar Asa então resolvi descer até o primeiro andar, onde o fluxo de rebeldes era maior.

Vi Akila e alguns outros lutando.  Que os deuses abençoassem os sóbrios. 

Me juntei a eles e lutamos juntos até que todos os rebeldes do primeiro andar estivessem mortos ou tivesse fugido.

Akila e os outros subiram para revistar o andar de cima e eu fui procurar por Asa.

Procurei na sala de música, nos jardins, no pátio fechado de inverno e na cozinha. Nada.

Elan e Khalia apareceram e ambos estavam um pouco abalados mas bem.

Pedi para que voltassem para seus quartos até que a revista acabasse.

Desci para as celas, o último lugar do castelo que faltava. 

Fui direto até a antiga cela dela, cuja porta estava fechada.

Assim que abri, eu a vi sentada no banco de pedra,  com Caspiel encolhido no chão. 

Ela olhou para minha direção e levantou uma pequena adaga, que deveria ter achado em algum lugar.

Assim que me reconheceu, ela soltou a adaga e correu na minha direção.  Embainhei minha espada e ela se chocou contra mim, num abraço que me tirou o fôlego. 

Eu a ergui um pouco do chão,  bambo de alívio por ela estar bem.

Nenhum de nós olhou para Caspiel enquanto subíamos de volta para o castelo acima de nós. 

O Reino de AçoWhere stories live. Discover now