Capítulo 32

2.1K 266 11
                                    

Tate

A rainha Zara rapidamente se aliou à Asa para me irritar. Akila era o que mais ria, ou pelo menos segurava o riso ao meu lado.

Caspiel, inteligentemente, não jantou conosco. Ele pediu licença e deslizou para seu quarto assim que tomamos o caminho para a sala de refeições.

Asa tentou fazer o mesmo mas Elan a enlaçou por um lado e Zara pelo outro e ambos a arrastaram para jantar conosco. Eu ri nessa parte.

Asa contou para a rainha de sua chegada e de seus primeiros dias, a pedido da rainha. Zara tinha o rosto em pedra ao final de suas palavras.

"Eu tenho uma longa e confusa árvore genealógica, sabe? Em algum ponto, sangue feérico começa a correr em nossas veias. Mesmo de um parente distante, eu e Elan temos sangue de seu povo. Nada excepcional. Mas há registros, quatro ou cinco gerações atrás, onde algumas pessoas tinham magia. Um fio de água, fogo ou cura aqui e ali, mas nada gritante. É um dos segredos mais bem guardados de minha família."

Eu percebi isso, devido à expressão chocada de Elan. Ele olhou para as próprias mãos, como se dali fossem brotar labaredas ou uma corrente de água.

"Não é assim." Asa disse para ele, segurando o riso. "Você não começa a simplesmente manifestar dons de um segundo para outro em plena transição para a fase adulta. "

Ele a olhou, completamente confuso, e dessa vez ela riu​. "Os dons se manifestam na infância ou no início da adolescência. Num ataque de raiva, tristeza, medo... Ninguém realmente sabe. E tem aqueles que nascem com habilidades latentes, como asas, guelras ou bicos de gavião. "

Ele assentiu, baixando as mãos para seus talheres e comendo mais um pedaço de sua torta de cereja.

A voz suave de Zara percorreu a mesa. "E você? Nasceu com algum dom, querida?"

Tanto eu quanto Asa ficamos tensos. Ela mastigou lentamente antes de responder a rainha.

"Eu nasci com asas, Majestade. Lindas asas cujo couro era mais forte do que qualquer criança que eu já vira. "Sua voz era vazia e distante.

Eu percorri o espaço entre nós e segurei sua mão por debaixo da mesa. Ela olhou pra mim e seus olhos estavam pincelados com prata, devido às lágrimas.

Meu coração se apertou ainda mais.

"Eu sinto muito. " Zara disse, a voz carregada. "Se ainda houvesse alguma coisa de Kallir..."

Meu coração pulou uma batida e eu engasguei. Asa me olhou, confusa. "O que é Kallir?"

Eu estava ocupado demais para responder, já que olhava embasbacado para a rainha.

Foi Akila que se encarregou de responder. "Kallir era o outro reino do continente humano. Conhecido como a terra dos melhores curandeiros do mundo, onde até curandeiros feéricos vinham tomar lições."

Ela franziu o cenho. "Eu nunca ouvi falar dessa terra."

"É porque ela foi dizimada na Guerra. " Elan disse, um pouco pálido.

Asa estremeceu com a menção do único conflito entre os três continentes, humano,  feérico e aquele ao norte que ninguém realmente conhecia.

Por poder e terras, os três continentes entraram em guerra. Não houveram ganhadores, mas metade do continente humano, um terço do feérico e todo o terceiro continente, conhecido apenas como Horcos.

O restante da refeição foi silenciosa.

            
                                ★

Eu acompanhei Asa até o quarto, lutando para não olhar a longa faixa que expunha suas costas.

Um pouco antes de entrarmos no corredor dela, eu a puxei escada acima. Ela não questionou enquanto era puxada por mim, mais e mais profundamente no castelo.

Paramos em frente a um quadro gigantesco de uma paisagem sem graça. Ela franziu o cenho e estava prestes a perguntar quando eu movi o quadro e expus o corredor secreto atrás dele.

Ela arregalou os olhos e me seguiu. Eu tirei do bolso uma lanterna para iluminar nosso caminho.

Andamos por dois minutos até uma bifurcação. O arco da direita exibia um símbolo parecido com uma espada em seu topo e o da esquerda, um pergaminho.

Eu a puxei para a esquerda até chegarmos a uma velha porta de madeira. O frio ali era penetrante.

Eu empurrei a porta e me movimentei para acender as velas pela metade que estavam espalhadas.

Asa permaneceu na porta, esperando, até que todas as velas estivessem iluminando a pequena e perfeitamente circular sala.

"Que diabos é isso?" Ela perguntou, pálida.

"Esta é a câmara que abriga os documentos sobre a Guerra."

O Reino de AçoWhere stories live. Discover now