25 - CONSEQUÊNCIAS DE NATIEL - Primeira Parte - Natalie

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– Jadir, irmão, você parece meio ... quebrado! – Zombou. Esse era Natiel.

– E você está menos invocado e... vejam só, de touca nova! – Jadir o acompanhara descontraído, mas de fato, Natiel estava usando uma touca cinza.

Natiel suspirou com um incômodo fingido e respondeu:

– Disseram que se tornou um acessório indispensável na minha performance... Afinal, eu sou o "sujeito da touca".

Os dois riram e eu balancei a cabeça com um falso desagrado... Homens!

– Ao menos a touca esconde essa sua cabeleira ridícula – continuou zombando Jadir.

– Curioso você estar falando em cabelo... – Natiel sorrira em triunfo. Ele não diria...

– Natiel, eu acho que – tentei falar, mas, Jadir notou antes. Corei.

– Ah cara, não brinca – assustado, passou a mão pela bandagem e Natiel balançou a cabeça afirmando.

– Foram dezoito pontos – continuou falando e eu o cutuquei, incomodada. Ainda assim, ele continuou: – Tiveram que cortar todo aquele seu cabelo horroroso!

Antes que a zombaria continuasse, Estela apareceu com um médico. Ela estava abatida, mas sua feição estava apaziguada. Logo veio me falar e cumprimentar Natiel.

– Você está melhor?

Assenti e ambas sorrimos.

O médico analisou as pupilas do Jadir, a garganta, o pulso, a pressão, a saturação de oxigênio, alguns reflexos e mais uma meia dúzia de testes rápidos, e Natiel questionou zombeteiro:

– E então doutor? Esse traste vai sobreviver?

– Ele está bem... A radiografia não apresentou fraturas, não há concussões, e seus reflexos e sinais vitais estão normais. Amanhã mesmo deverá receber alta.

Suspirei de alívio, não por mim, mas por ele. Jadir não merecera o que eu fiz.

– Porém...

Estaquei assustada. O médico prosseguiu:

– Ficará, pelo menos, quinze dias afastado do trabalho. Não poderá fazer grandes esforços físicos e mentais.

– Quanto ao mental, não se preocupe doutor.

Cutuquei Natiel mais brusca, retirando por fim minha mão da dele, irritada. Ele me olhou, ainda com a expressão zombeteira e fingindo dor pela cutucada. Cruzei os braços. Eu precisava me manter séria, o caso era sério!

– Amanhã vou dar o receituário. Você precisará tomar algumas injeções e medicamentos; e ainda, levará alguns dias mais para a cicatrização dos pontos. Até lá, terá que limpar a região e protege-la. De modo nenhum poderá deixar a cabeça ao sol, sem proteção...

O doutor ainda falava, enquanto minha mente vagava. Conversando com Adriel e com meu pai, descobri que Jadir iria atacar o Adriel e não o Natiel. Até que ponto o que eu sentia por Natiel estava me afetando o juízo? Não, não... A culpa não era dele! Eu não estava bem desde mais cedo... Eu soube da minha doença, não me abrira totalmente com ninguém a respeito, tivera discussões com Natiel e falara com minha mãe; tudo isso me afetou bastante o psicológico. Agora, porém, eu me sentia normalizada. Também, eu passara por uma consulta psicológica, tomara calmante e outro medicamente mais forte, que chegara a me derrubar por algumas horas. Eu estava me sentindo muito aliviada, mas não era pelos remédios, mas por ver que, aparentemente, tudo estava bem... Ainda assim, será que eu pensava assim porque queria acreditar que tudo realmente estava assim? Tudo estava realmente bem? Amar Natiel não me prejudicava mesmo? Além de mim, começava a prejudicar outros? Não! Isso era o pior!

AMEDRONTADO - LIVRO 2 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos AmâncioWhere stories live. Discover now