Let's go home

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Gabriel
Aquela festa não tinha graça. Especialmente com Rebeca, a ex de Matheus, tentando ficar com ele de novo. Ele era muito burro mesmo, ainda mais agora que estava brigado com Amanda.

Depois de horas numa festa sem graça, que eu só fui porque era de um dos meus melhores amigos, com Rebeca exigindo que eu tirasse uma foto sua no snap, resolvi fazer o que ela pedia pra ver se ela calava a boca. Eu a achava incrivelmente irritante e grudenta, e não suportava mais olhar para seu narizinho empinado de nojenta. 

Eles não combinavam em nada. Sinceramente, não sei como Matheus ficou com ela para começo de conversa. Bom... na verdade... acho que seu corpo cheio de curvas era um bom motivo. Porque isso eu precisava admitir, ela era bonita. A maldita era muito bonita. Se não fosse tão arrogante - mais do que eu, e olha que as vezes eu penso que isso é meio impossível - nem tão insuportável, eu apoiaria seu relacionamento com Matheus. 

Eu tentei suportar ela por um tempo, mas ficava cada vez mais difícil e, depois de quatro meses e meio, gritei com a garota no meio de um churrasco que fiz para meus amigos mais próximos. Rebeca xingou minha irmã de vadia, só porque ela acidentalmente derrubou molho em seu vestido amarelo. Depois disso, falei umas boas verdades na sua cara e a expulsei de minha casa. Matheus terminou com ela uma semana depois. 

Mas eu já estava de saco cheio de seu papinho furado, então sai de perto dos dois e desejei silenciosamente que Matheus soubesse se cuidar sozinho.

Meia hora depois descobri que Matheus era sim extremamente burro, já que vi os dois se beijando como se estivessem apaixonados. Só que eles não estavam. Matheus gostava de Amanda. E eu sabia disso por causa das incontáveis horas que o ouvir falar o quão incrível aquela garota era. Ele foi sim apaixonado por Rebeca um dia, mas não mais. Não depois de tudo o que ela fez.

Decidi ir até a mesa de bebida pra ver se, com um pouco de álcool, aquela cena sumia. Chegando lá, me deparei com Amanda virando shots de todas as bebidas num desespero palpável. Isso não acabaria bem. Ela não me viu parado à alguns metros dali, portanto não disse nada. Ela não me ouviria se a mandasse parar de beber tanto.

Ela saiu cambaleante até a pista de dança e deu um verdadeiro show. Eu não iria interromper sua diversão, mas observaria a garota pra impedir qualquer merda que acontecesse.

Depois de vê-la dançar várias músicas, tive que ir ao banheiro. Mas duvidava que algo aconteceria em tão pouco tempo.

Quando voltei, descobri que o Universo conspirou contra meu pensamento. Amanda ria sozinha e conversava com pessoas estranhas. Ela segurava um pedaço de brownie pela metade. Não acreditava que ela comera um brownie batizado. Só podia ser brincadeira. Nem deve ter passado pela cabeça dela que eles colocaram maconha na receita. Quanta inocência Amanda.

Cuidar de bêbados era uma coisa, cuidar de chapados era outra bem diferente. E eu não gostava de tomar conta de nenhum dos dois. A última pessoa que cuidei nesse estado foi Matheus, quando ele cometeu o mesmo erro que Amanda. Eu imaginava que eles eram o casal perfeito, agora eu tinha certeza. Um mais tapado que o outro.

A situação da garota era deplorável. As pessoas em que ela se apoiava e tentava conversar nem ligavam pra sua existência, enquanto as outras, ao seu redor, riam. Eu sabia que se eu não fosse ajudá-la, ninguém ali iria. Matheus provavelmente a veria nessa condição horrível e tornaria tudo pior. Não podia deixar isso acontecer. Depois da cena que vi entre ele e Rebeca eu tinha certeza que ele era completamente idiota. 

Me aproximei da roda de pessoas e abracei a cintura de Amanda. Falei por cima do som alto:

— Vamos Amanda? Já está na hora de ir pra casa.

Ela demorou um pouco pra reagir a minha afirmação, mas logo me reconheceu.

— Gabriel? Oi. Eu não te vi a festa toda. Não tenho que ir pra casa. Estou me divertindo com meus novos amigos aqui.

— É cara. Você vai mesmo tirar a nossa diversão? - falou um garoto que nunca tinha visto na vida.

Ignorei as reclamações dos "novos amigos de Amanda" quando comecei a andar na direção da porta.

— Para Gabriel. Volta. Eu estava curtindo a festa.

— É sério? Com aqueles babacas lá? Duvido.

Ela reclamou mais, tentando se desvencilhar de meus braços, porém segurei-a mais firme. Não iria deixar a melhor amiga de Alice nessa situação com uns caras desconhecidos.

— Você quer mesmo que o Matheus te veja assim?

— Ah, eu quero mesmo é que o Matheus se exploda. Vá para o inferno com aquelazinha lá. Que ele me deixe em paz. Suma com seu machismo. Aquele traíra.

— Então você viu. - deduzi, franzindo os lábios. Que merda Matheus, agora eu não conseguiria te ajudar mesmo. 

— Vi o que? A troca de saliva nojenta dos dois? Imagina. Só a festa inteira que viu minha cara de otária, de corna. Só isso mesmo. - ela apoiou a cabeça no meu ombro e sorria como uma boba. 

— Duvido que ele sabia o que estava fazendo.

— Ah mas ele sabia. Agora você vai me falar que não dá pra saber quando alguém te beija, é? Ele sabia muito bem o que estava acontecendo, e podia muito bem ter recusado a língua daquela oferecida. Mas não recusou. Eu vi muito bem os dois agarradinhos no seu snap, okay Gabriel? Por que você não vai apoiar seu amiguinho traíra com aquela aguada e deixa eu me divertir um pouco, em?

— Porque eu tenho um amigo burro, que não sabe se livrar de uma ex detestável e que brigou com você, e nem correu atrás do prejuízo.

— Ex? Ela é ex dele? - ela levantou a cabeça num movimento súbito, jogando o peso contra meu corpo. 

— Sim.

Abri o carro e arrumei Amanda no passageiro. Não podia deixa-la em sua casa nesse estado. Na verdade, eu nem sabia onde era sua casa.

– Onde eu posso te deixar? - perguntei, entrando no banco do motorista. 

– Na festa, onde eu estava me divertindo. - Amanda batia no vidro, apontando para a casa lotada e suja. 

– Não Amanda. Chega de festa para você.

Pensa Gabriel. Não pode ser tão difícil achar um lugar para deixar uma garota chapada. Todo mundo tem um melhor amigo, não é? Alice. Óbvio. Era a única amiga de Amanda que eu sabia onde morava. Havia a levado naquele dia da piscina.

– Vou te levar para casa da Alice, pode ser?

– Que desculpa mais esfarrapada para ver a Alice, Gabriel. - ela riu.

Revirei os olhos e comecei a dirigir, torcendo para Alice estar em casa.

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PromisesWhere stories live. Discover now