Lazy

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Gabriel
  Olhei para a luz entrando pela fresta das cortinas brancas. Fiquei assim por um bom tempo, olhando para os raios dourados, sem levantar da cama grande e confortável. 

  Peguei meu celular e abri o aplicativo. Deparei-me com os olhos verdes dela. Olhei um tempo seu perfil. Conforme eu seguia até suas fotos mais antigas, seu cabelo ia mudando do rosa para os fios platinados antes da coloração, até aparecerem fios dourados. Ela é loira. Como eu nunca tinha reparado? Como nunca a tinha visto ela pelos corredores do colégio? 

Levantei, por fim, e desci para a sala imunda. Vislumbrei o relógio. 

  Meio-dia. 

  Coloquei a comida para esquentar. A comida que Alice fez.  

  Ivana apareceu na cozinha com a cara de que o mundo iria acabar. O rosto marcado, os cabelos loiros embaraçados, o pijama curto amassado. Parecia que ela dormira por décadas.   

  – Desde quando temos comida pronta? - ela olhou para a panela no fogão. 

  – Desde que a Alice cozinhou ontem. 

  – Que? - seus olhos saltaram da órbita em surpresa e ela sentou na bancada preta.

  – Ela disse que devolve sua roupa na segunda. - mexi a comida despreocupadamente e ri internamente de sua reação exagerada. 

   – O que? - Ivana perguntou passando as mãos pelo rosto cansado. 

   – Que foi?

   – Eu achei que você não gostasse dela. - a menina deitou a cabeça na bancada. 

   – Nós somos... - parei pra pensar na palavra certa – Amigos. 

   – Hum.

Ela com certeza não acreditava em mim. Mas tudo bem. Eu não devia explicações sobre minha relação com Alice à ela.   

  Forcei Ivana a comer algo. Ela resmungou um pouco mas comeu quase tudo em seu prato. Depois subi para meu quarto, para trocar de roupa. 

Meu celular apitou enquanto eu vestia a camiseta. 

  -Message-

Matheus: Me encontra no lugar de sempre. 

Eu: Agora?

Matheus: É.

-Fecha message-

Desci e peguei a chave do carro, parando de andar só quando cheguei à porta vermelha. 

  – Onde você vai? - perguntou Ivana, jogada no sofá. 

  – Encontrar o Matheus. - disse, abrindo a porta. 

  – E essa bagunça aí?

  – Sua festa, sua bagunça. - sai e tranquei a porta. 

  Os gritos da menina, exigindo que eu a ajudasse, foram abafados pelo motor do carro. 

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