Let's build our "history"

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Gabriel
Encarei o teto repleto de luzes brancas da aula de história. Não havia ninguém na sala. Somente eu e meu exemplar de "1984". O vazio do local me acalmava, só que eu não sabia dizer o porquê. Talvez eu só estivesse cansado do carnaval que era minha vida, e momentos como esse eram raros. Paz era o que eu mais desejava. Eu devia mesmo aproveitar os instantes em que ela aparecia. 

  Respirei fundo e escutei o barulho vindo do corredor. 

  Matheus grudara em sua nova ficante então eu não tinha mais meu amigo à minha disposição, a não ser que eu quisesse ter a presença de Amanda junto. E eu realmente não queria a presença dela quando fossemos conversar. Não era confortável para mim ter os olhos claros dela em mim enquanto eu falava sobre a nova tortura que era ver meus pais. A única parte boa de sua presença era ter Alice ao seu lado. Mas, ultimamente, a garota só sabia fugir de mim. Virou mestre nisso. 

  Revirei os olhos, impaciente, e encarei a lombada gasta do livro, de tanto que li. Folheando as páginas, observei minhas marcações de grifa texto amarelo e as margens escritas com tinta preta. Eu precisava mesmo parar de recorrer à esse livro toda vez que ficava nervoso.  

  A porta abriu subitamente e Alice entrou com os braços lotados de papéis e livros. Ela estava distraída e não percebeu minha presença na sala. Tenho certeza que se tivesse me visto, ela teria corrido sem pensar duas vezes.  

  Levantei depressa e retirei os livros de suas mãos. Um pequeno grunhido de surpresa escapa de seus lábios quando ela finalmente percebe que não estava sozinha. A garota me olhou com desconfiança, semicerrando os olhos, mas não me impediu de andar segurando suas coisas. Coloquei tudo na carteira em frente à minha e ela continuou sem reclamar. Só andou em minha direção, depois começou a mexer na pilha bagunçada. 

  Esperei ela terminar de organizar suas coisas. Depois de estabilizada, ela virou e me encarou com seus grandes olhos verdes. Num impulso, encaixei minha mão em sua nuca e puxei-a para um beijo suave. 

Parei o beijo, esperando que ela reclamasse e pedisse por mais, mas Alice só se afasta, o que me deixou muito confuso. Seu rosto ficou vermelho e eu ri devagar. 

  – "1984"? - perguntou ela, se desvencilhando da minha mão para pegar o livro. 

  – Já leu? - Alice concordou com um movimento breve – Muito bom, não acha?

  Ela sorriu levemente, sem querer trocar muitas palavras, e percebi o cansaço em seu rosto.

  – Aconteceu alguma coisa? - ela negou balançando a cabeça e o movimento fez suas mechas cor-de-rosa desbotadas balançarem. Mas suas desculpas não são convincentes o bastante.  – Eu sou um bom ouvinte, tá?

  A menina suspirou pesadamente e logo mudou de assunto: 

  – Porque você está aqui sozinho? 

  – Precisava de paz. 

  – Hum. 

  – E você, por que entrou antes da hora? 

  – "Precisava de paz" -ela me imitou. 

  Alice sorriu mostrando os dentes brancos. 

  Percebi que eu podia olha-la sorrir desse jeito pelo resto da minha vida. Aquela felicidade momentânea aquecia meu peito de uma maneira diferente. E eu gostava. Muito.  

  Num momento súbito, ela encaixou nossos lábios, suas mãos passam a acariciar as mechas mais longas de meu cabelo. Meus dedos encontram sua cintura nua pela elevação da blusa, puxada pelos seus braços enroscados no meu pescoço.

  Beijamo-nos até o sinal tocar.

  Ela se soltou rapidamente e sentou na sua cadeira como se nada tivesse acontecido. A garota nem virou para conversar comigo, só começou a organizar sua mesa com o que precisaria para a aula. Expirando, sentei no meu lugar e fitei sua cabeça rosa. 

  A sala lotou em questão de menos de dois minutos e observei a professora chegar. Ela anotou algo na lousa: o trabalho bimestral. 

  Cheguei perto da garota distraída e sussurrei na sua orelha:

  – Vamos fazer a nossa história?

  – O que? - Alice engasgou e tossiu alto, fazendo com que a classe toda parasse para observá-la. 

  Depois que ela se acalmou, refiz minha frase:

  – O trabalho. Vamos fazer juntos? Era só uma piada. 

  – Ah! Claro. Desculpa. - falou ela envergonhada. 

  – Mas se você quiser nada impede que seja a nossa mesmo. 

  Ela respirou fundo e passou o resto da aula sem virar para trás. 

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N/a: Fala galera tão gostando?? Espero que sim! Vocês já sabem né? Aperta a estrelinha ai e ajude nossa história a ficar famosa!! Obggg.
  Bjbjbjbj Nanda.

PromisesWhere stories live. Discover now