Future

15 6 0
                                    

Gabriel
Comecei a finalmente sentir a leveza do álcool deixando meu corpo.

Depois de uma longa seção de beijos, Alice e eu decidimos assistir alguma série no Netflix. Abracei a garota enquanto "Friends"passava na TV. Ela sentava ao meu lado, acomodada pelos meus vários travesseiros fofos e com a cabeça apoiada no meu braço. Devido à proximidade de nossos corpos, eu sentia seu cheiro mais forte do que antes. Rosas. Era a isso que ela cheirava.

– Por que suas meias são de unicórnios? - perguntei, legitimamente interessado no pedaço de pano colorido que cobria seus pés. Eles a deixavam mais fofa do que eu achava ser possível.

– Tem algum problema? - ela retrucou, franzindo a testa e fuzilando as pontas dos pés decoradas com arco-íris e unicórnios brilhantes.

– Não. Só são... Diferentes.

– Eu sei. Minha irmã tem uma igual. Ela que escolheu.

– Que fofa. - constatei, abraçando os ombros da garota um pouco mais forte, como se não quisesse que ela saísse dali. E, de verdade, eu não queria.

– Sou mesmo.

– Falava da sua irmã. - ela revirou os olhos instantaneamente.

Alice pegou o celular para ver o horário. Depois de encarar a tela reluzente por alguns segundos, ela falou:

– Melhor eu ir andando. Está tarde.

– Ah, claro. Eu te levo.

– Não leva não. - ela se desvencilhou dos meus braços e levantou da cama.

Seguindo seus passos, retruquei:

– Eu não vou deixar você ir à pé.

– Então eu pego o seu carro e amanhã eu trago de volta.

Eu tinha que pensar rápido. Não podia deixá-la ir embora. Estava tudo tão bom, tão... Eu precisava dela aqui, ao meu lado. Pelo menos por hoje.

– Você não quer dormir aqui? - as palavras escaparam da minha boca antes que meu cérebro completasse o pensamento.

Ela me olhou pasma, como se eu tivesse dito algo muito chocante.

– Sei lá Gabriel, melhor não. Imagina o que a sua irmã vai pensar ou seus pais...

– Meus pais viajaram de novo e a Ivana está, provavelmente, chapada e só vai sair do quarto pra comer.

– Sei lá Gabriel...

– Vai, por favor. Nós não vamos fazer nada que você não queira, se é isso que te preocupa. - suas feições começaram a mudar, como se ela estivesse prestes a aceitar. Seus ombros relaxaram e a cabeça pendeu para o lado, como se ela raciocinasse os prós e contras de minha oferta - Pensa bem, poucas garotas tem a grande chance de dormir comigo.

– Estava demorando. - ela se virou para calçar as botas de couro preto.

– Pra que?

– Para sua arrogância aparecer.

– Não é arrogância, é amor próprio. - tomei uma bota de sua mão antes que ela pudesse calça-la, deixando um pé coberto pelo outro par e o outro com a meia colorida exposta.

– Eu tenho amor próprio, você tem egocentrismo. E vê se devolve minha bota.

– Vai ficar ou não? - sorri de leve, incitando ela a ficar. 

– Está tarde, né? - ela suspirou, cedendo aos poucos - Acho... que vou ficar sim. Eu falo para minha avó que vou dormir na Amanda. 

Sorri mais com a ideia de passar a noite com Alice. 

PromisesOnde histórias criam vida. Descubra agora